(Quim Barreiros com o director do blogue)
Estava eu ontem sentada na
esplanada do Café Santa Cruz –de perna traçada, com um palmo de pano a fazer de
saia, e com um decote até ao umbigo daqueles que fazem (faziam) ressuscitar
mortos- a morder o ambiente. Fosca-se! Quem viu esta Baixa e quem a vê! Antigamente
bastava eu apenas cruzar as pernas para ter um exército de homens a apontar os
olhos sobre mim, como soldados de arma em riste a controlar o inimigo. Agora,
que até subi a minha saia para o máximo, com um palmo da cintura abaixo, deixei
de usar cuecas e soutien, desci o meu decote completamente até ao umbigo, e ninguém
olha para mim. Isto está um caos. Os homens passam à minha frente, cabisbaixos,
a arrastar os pés, e nem um olharzinho cá para o meu corpo –e que corpo, meu
Deus! Sou uma raparigola de vinte e poucos anos, quase nos trinta, mas com tudo
no sítio, com as medidas estandardizadas, como manda a lei. Sou uma barbie, uma
boneca de carne e osso. Uma carinha de anjo seráfico imberbe, emoldurada com longos
cabelos louros e dois olhos verdes que parecem prometer a eternidade. Tenho uma
boa prateira, onde qualquer homem adoraria pendurar as mãos, um corpo de garrafa de Coca-cola, com uma cintura
bem definida, como se fosse moldada por um barrista de renome, e umas pernas
melhores do que as da Sharon Stone,
no filme Instinto Fatal.
Fogo! Sentir na alma o que está
acontecer aos homens é simplesmente dramático. Isto para uma mulher é uma
tragédia! É certo que andamos constantemente a renegar o assédio dos homens mas
não passamos sem ele -agora até é criminalizado. Ser assediada, é assim uma
espécie de choque eléctrico na auto-estima, uma recarga anímica na bateria. Raios
partam isto, mais a minha sorte! É que nem um olha para mim! Vejam bem ao tempo
que estou a escrever aqui na mesa do café, e nem uma pestanada sai daquele velho que está ali no canto –não devem estar
a ver, mas enfim! Olhem ali ao lado, aqueles dois bonitos rapazes… Pois, já
percebi, são gays! Porra, isto está mesmo preocupante! Eu a escrever isto e
estou a sentir um olhar fulminante daquela morena –está no meu lado esquerdo,
não confundo com a esquerda ideológica. Foi por puro acaso. Estas coisas das
inclinações não escolhem ideologias. Que há uma certa moda lá isso é verdade.
Ou seja, as pessoas estão mais desinibidas no campo sexual e sentem um maior à
vontade na sua manifestação. Cá para mim, ainda bem. A cada um a sua quota de
felicidade a que, legitimamente, tem direito. Que tenho eu a ver com os gostos
e o que se passa debaixo de lençóis do meu vizinho? Aliás, tenho a certeza, se
cada um fizesse o que gostava no terreno sexual o mundo seria muito mais
pacífico. Se repararem bem, a vida começa na cama e acaba na cama. De uma forma
geral, todos nascemos na horizontal e acabamos morrendo na mesma posição. Mas
não, em vez de criarmos mais posições, gastamos o desgraçado tempo da nossa existência a criticar os outros. É
assim, é assado, é cozido! E mais, passados quase quarenta anos da queda do Estado Novo, continuamos a encarar o
sexo quase do mesmo modo dessa altura. Pouco evoluiu o conhecimento técnico
sobre o conteúdo. Todos falam religiosamente da forma, mas poucos se ajoelham para rezar. O
acto sexual não é um fim em si mesmo, mas um meio para a felicidade conjugal; a
cereja em cima do bolo de quem primeiro o come e em último, como prémio, a apanha
para deglutir e saborear, o entrosamento entre corpo e alma de quem se ama
verdadeiramente; um meio para a estabilização psicológica e física –o Governo de Passos Coelho não percebe nada do que se passa com os portugueses. Em vez de
tentar poupar nos cortes do comatoso Serviço
Nacional de Saúde, nos medicamentos e gastos hospitalares, deveria mandar foder todos os portugueses adultos. Nem
que para isso, tivesse que mandar vir umas tailandesas boas para os velhotes
que estão internados em lares de terceira-idade. Estes gajos, o senhor dos Passos
e o Ministro da Saúde, não entendem nada de saúde pública, carago! Por decreto
deveriam ser proibidas as rapidinhas e as escapadelas à hora do almoço, à noite
e sempre que a vontade imponha. A bem da saúde pública mental, cada berlaitada deveria ter um tempo mínimo
de duas horas. Fogo, mas isto não é evidente? Até os cegos, coitadinhos, sem ofensa, não precisam de
ver para sentir o agravo, gravíssimo, à transa.
É ou não é? Eu, que por acaso não sou cega de olho nenhum, vejo bem o que se
passa à minha volta com os casais héteros. Coitadas das mulheres! Andam
cheiinhas de fome, com anúncios meio disfarçados na Internet. É certo que, na
maioria, os maridos não foram ensinados para partilhar o gozo com a sua
comparte, mas a sensibilidade dos homens também é, pura e simplesmente,
animalesca. Querem é o seu próprio gozo e nós, mulheres, que nos tramemos. Sem
ofensa para a convicção de ninguém, é apenas uma opinião, mas logo que qualquer
português fizesse o crisma, juntamente com a bíblia, deveria receber o livro do
Kama Sutra.
Eu sei do que escrevo, fui amante,
durante muitos anos, do director do blogue, onde ainda faço trabalho de freelancer, e sei do que falo. O gajo
tem muita léria, lá isso tem, mas depois, nas obras, os projectos saem pior que
as casinhas do Sócrates na Covilhã. Mal-amanhadas e muito à porteguesinha. Por isso mesmo não
quero nada de sério, dou as minhas voltas
com quem me apetece e nada mais! Eu
vejo bem o que se passa por aqui, em meu redor. Se as pessoas são mal-amadas na
cama como podem alguma vez serem felizes? Como se pode exigir rentabilidade a
alguém que não pina como deve ser?
Sim, não façam essa cara, a actividade sexual, enquanto multiplicador da
espécie e tónico de equilíbrio humanos, é um acto económico.
Olha, olha, lá vem o meu amigo
Veiga em passo apressado. Até aposto que me vai dar uma informação em primeira
mão. Bom, vou ter de falar com ele. Para já fico-me por aqui. Mas volto, tenham a certeza
de que voltarei. Até breve.
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