quinta-feira, 27 de junho de 2013

QUIM BARREIROS NA BAIXA -PELA ROSETE SEMPRE-EM-CIMA (1)

(Quim Barreiros com o director do blogue)


 Estava eu ontem sentada na esplanada do Café Santa Cruz –de perna traçada, com um palmo de pano a fazer de saia, e com um decote até ao umbigo daqueles que fazem (faziam) ressuscitar mortos- a morder o ambiente. Fosca-se! Quem viu esta Baixa e quem a vê! Antigamente bastava eu apenas cruzar as pernas para ter um exército de homens a apontar os olhos sobre mim, como soldados de arma em riste a controlar o inimigo. Agora, que até subi a minha saia para o máximo, com um palmo da cintura abaixo, deixei de usar cuecas e soutien, desci o meu decote completamente até ao umbigo, e ninguém olha para mim. Isto está um caos. Os homens passam à minha frente, cabisbaixos, a arrastar os pés, e nem um olharzinho cá para o meu corpo –e que corpo, meu Deus! Sou uma raparigola de vinte e poucos anos, quase nos trinta, mas com tudo no sítio, com as medidas estandardizadas, como manda a lei. Sou uma barbie, uma boneca de carne e osso. Uma carinha de anjo seráfico imberbe, emoldurada com longos cabelos louros e dois olhos verdes que parecem prometer a eternidade. Tenho uma boa prateira, onde qualquer homem adoraria pendurar as mãos, um corpo de garrafa de Coca-cola, com uma cintura bem definida, como se fosse moldada por um barrista de renome, e umas pernas melhores do que as da Sharon Stone, no filme Instinto Fatal.
Fogo! Sentir na alma o que está acontecer aos homens é simplesmente dramático. Isto para uma mulher é uma tragédia! É certo que andamos constantemente a renegar o assédio dos homens mas não passamos sem ele -agora até é criminalizado. Ser assediada, é assim uma espécie de choque eléctrico na auto-estima, uma recarga anímica na bateria. Raios partam isto, mais a minha sorte! É que nem um olha para mim! Vejam bem ao tempo que estou a escrever aqui na mesa do café, e nem uma pestanada sai daquele velho que está ali no canto –não devem estar a ver, mas enfim! Olhem ali ao lado, aqueles dois bonitos rapazes… Pois, já percebi, são gays! Porra, isto está mesmo preocupante! Eu a escrever isto e estou a sentir um olhar fulminante daquela morena –está no meu lado esquerdo, não confundo com a esquerda ideológica. Foi por puro acaso. Estas coisas das inclinações não escolhem ideologias. Que há uma certa moda lá isso é verdade. Ou seja, as pessoas estão mais desinibidas no campo sexual e sentem um maior à vontade na sua manifestação. Cá para mim, ainda bem. A cada um a sua quota de felicidade a que, legitimamente, tem direito. Que tenho eu a ver com os gostos e o que se passa debaixo de lençóis do meu vizinho? Aliás, tenho a certeza, se cada um fizesse o que gostava no terreno sexual o mundo seria muito mais pacífico. Se repararem bem, a vida começa na cama e acaba na cama. De uma forma geral, todos nascemos na horizontal e acabamos morrendo na mesma posição. Mas não, em vez de criarmos mais posições, gastamos o desgraçado tempo da nossa existência a criticar os outros. É assim, é assado, é cozido! E mais, passados quase quarenta anos da queda do Estado Novo, continuamos a encarar o sexo quase do mesmo modo dessa altura. Pouco evoluiu o conhecimento técnico sobre o conteúdo. Todos falam religiosamente da forma, mas poucos se ajoelham para rezar. O acto sexual não é um fim em si mesmo, mas um meio para a felicidade conjugal; a cereja em cima do bolo de quem primeiro o come e em último, como prémio, a apanha para deglutir e saborear, o entrosamento entre corpo e alma de quem se ama verdadeiramente; um meio para a estabilização psicológica e física –o Governo de Passos Coelho não percebe nada do que se passa com os portugueses. Em vez de tentar poupar nos cortes do comatoso Serviço Nacional de Saúde, nos medicamentos e gastos hospitalares, deveria mandar foder todos os portugueses adultos. Nem que para isso, tivesse que mandar vir umas tailandesas boas para os velhotes que estão internados em lares de terceira-idade. Estes gajos, o senhor dos Passos e o Ministro da Saúde, não entendem nada de saúde pública, carago! Por decreto deveriam ser proibidas as rapidinhas e as escapadelas à hora do almoço, à noite e sempre que a vontade imponha. A bem da saúde pública mental, cada berlaitada deveria ter um tempo mínimo de duas horas. Fogo, mas isto não é evidente? Até os cegos, coitadinhos, sem ofensa, não precisam de ver para sentir o agravo, gravíssimo, à transa. É ou não é? Eu, que por acaso não sou cega de olho nenhum, vejo bem o que se passa à minha volta com os casais héteros. Coitadas das mulheres! Andam cheiinhas de fome, com anúncios meio disfarçados na Internet. É certo que, na maioria, os maridos não foram ensinados para partilhar o gozo com a sua comparte, mas a sensibilidade dos homens também é, pura e simplesmente, animalesca. Querem é o seu próprio gozo e nós, mulheres, que nos tramemos. Sem ofensa para a convicção de ninguém, é apenas uma opinião, mas logo que qualquer português fizesse o crisma, juntamente com a bíblia, deveria receber o livro do Kama Sutra.
Eu sei do que escrevo, fui amante, durante muitos anos, do director do blogue, onde ainda faço trabalho de freelancer, e sei do que falo. O gajo tem muita léria, lá isso tem, mas depois, nas obras, os projectos saem pior que as casinhas do Sócrates na Covilhã. Mal-amanhadas e muito à porteguesinha. Por isso mesmo não quero nada de sério, dou as minhas voltas com quem me apetece e nada mais! Eu vejo bem o que se passa por aqui, em meu redor. Se as pessoas são mal-amadas na cama como podem alguma vez serem felizes? Como se pode exigir rentabilidade a alguém que não pina como deve ser? Sim, não façam essa cara, a actividade sexual, enquanto multiplicador da espécie e tónico de equilíbrio humanos, é um acto económico.
Olha, olha, lá vem o meu amigo Veiga em passo apressado. Até aposto que me vai dar uma informação em primeira mão. Bom, vou ter de falar com ele. Para já fico-me por aqui. Mas volto, tenham a certeza de que voltarei. Até breve.

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