sexta-feira, 7 de junho de 2013

O IPO E A CRISE DE IDENTIDADE


 Na segunda-feira, dia 3, dei-me conta da tenda do IPO na Praça do Comércio. Ao ser interpelado, pela voluntária, para contribuir prometi passar mais tarde e fazer um artigo para o blogue. Num daqueles olhares imediatos para o logótipo presente no pequeno pavilhão, mentalmente, nem sequer questionei se, perseguindo exactamente o mesmo objecto social, haveria várias instituições com o mesmo logos no país. Para mim, Instituto Português de Oncologia, tal como o nome indica, seria unicamente um só. Se alguém me dissesse o contrário não teria acreditado.
Hoje fui surpreendido pelos títulos de primeira página dos dois matutinos da cidade, o Diário de Coimbra e o Diário as Beiras, curiosamente iguais, “IPO DE COIMBRA DEMARCA-SE DE CAMPANHA DE DONATIVOS”. Já no tratamento da notícia, no interior e na interpretação do texto provindo da Lusa, os dois jornais seguem caminhos opostos no subtítulo. No Diário as Beiras aparece assim: “IPO/Coimbra denuncia campanha de donativos”. No Diário de Coimbra saiu assim: “IPO de Coimbra diz nada ter a ver com recolha de donativos –Esclarecimento Unidade hospitalar diz ser alheia a campanha que usa logótipo da instituição”.
 O que é aconteceu? Pergunto a mim mesmo. Várias questões se levantam, mas, antes de prosseguir com especulações e que as deixo ao leitor, talvez fosse bom ir ouvir quem está no meio do olho do vulcão. Ou seja, Fátima Assis, a responsável na cidade pelas campanhas de angariação de fundos para o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil E.P.E. (Entidade Pública Empresarial). Interrogo, que confusão é esta, Fátima?

“Sinceramente nem sei o que lhe diga. Fomos hoje apanhados de surpresa pelas notícias. Esta é uma iniciativa que, amiúde, o IPO de Lisboa realiza do Norte ao Sul do País para angariar fundos. Somos todos voluntários, cerca de meia-dúzia de pessoas, e, para além das ajudas de custo, alojamento, alimentação e transporte, não ganhamos nada. O IPO de Lisboa, tal como pode ler neste folheto, articula-se, de igual forma, com os Institutos de Oncologia de Coimbra e do Porto, através da Comissão Coordenadora, nos termos da legislação em vigor. É meu entendimento que nas declarações prestadas pelo IPO de Coimbra há desonestidade intelectual; uma clara falta de camaradagem. Foram todos muito injustos, incluindo a Lusa, enquanto central de Notícias e os próprios jornais. Ninguém se deu ao trabalho de nos ouvir. Nós estamos licenciados pela Câmara Municipal de Coimbra –e aponta a licença de ocupação de espaço público. Ainda hoje esteve aqui a Polícia Municipal a verificar e estava tudo bem. É óbvio que nos sentimos maltratados, ofendidos e injustiçados. Parece que nos estão a chamar vigaristas! Mas não é por isso que não vamos continuar aqui com este serviço altruísta até ao próximo dia 16. Se são parciais nas apreciações é um problema deles, não nosso. Nós estamos a fazer o que entendemos por bem. Todas as verbas obtidas são canalizadas para o IPO de Lisboa. Não aceitamos donativos. Aceitamos sim uma contribuição a troco de um objecto –repare que é tudo controlado. A cada artigo terá de corresponder o valor atribuído pela instituição. Claro que hoje, depois das publicações nos periódicos, sentimos algum incómodo, mas explicamos às pessoas e, parece-nos, entendem bem a situação.
Foi muito mau. Não queremos nada, e a todos perdoamos. No entanto, pelo princípio da transparência a que todos os meios de informação estão obrigados, para a próxima, antes de escreverem, venham falar connosco.”

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