Esta semana, para gáudio de quantos lutam e esperam
um futuro melhor para a Baixa, abriu um grande empreendimento hoteleiro, o BE
51, na Praça do Comércio. Como é natural e razoável foi-lhe concedido pela
Câmara Municipal um espaço de ocupação de via pública –já que à edilidade, que
pouco faz para ajudar os empresários, no mínimo, cabe-lhe não colocar o pau na roda. Ou seja, sem perder de
vista as regras legais, e sociais de concorrência, deve fazer tudo para que
quem aposta na zona histórica se sinta apoiado e protegido. Já há muito que,
para ajudar a revitalizar esta parte da cidade –Alta e Baixa-, a autarquia
deveria isentar os empresários de vários licenciamentos como, por exemplo, de
via pública –que este ano fez o contrário e aumentou os valores
desmesuradamente-, quer para comerciantes, quer para hoteleiros. Assim como o
licenciamento e anualidade de toldos, reclames dos estabelecimentos –basta dar
um passeio na Baixa à noite para se verificar a escuridão permanente. Pode até
argumentar-se que, tal como outras, para continuar a fazer investimentos no
concelho, esta Câmara Municipal terá de se reinventar para continuar a cobrar
taxas, já que a construção civil, o seu maior financiador, claudicou. Mas
quando, em Coimbra, vemos que, alegadamente, a edilidade paga mais de 30 mil
euros a um cantor, Benjamin Cementine, para actuar no Convento de São
Francisco, em recinto fechado, destinando-se o espectáculo a uma elite ou quem
for mais rápido a obter o bilhete, alguma coisa vai mal nos reinos do essencial
e do acessório. Isto é, confunde-se tudo, público com privado, investimento –benefício
recuperável- com aplicação financeira sem retorno. O PREC, Processo de Ruína em Curso, continua.
MAS, E A PRAÇA VELHA?
Voltando à Praça do Comércio, que foi o que me
levou a escrever, nos últimos tempos assistimos a este espaço histórico estar a
ser transformado numa manta de retalhos e sem saber o que se quer fazer dele.
Está destinado a ser um espaço orientado para a hotelaria, com esplanadas, e
ser um palco natural para algumas iniciativas cénicas e de arte? Se assim é, e
até me parece bem, então comece-se por proibir de vez o estacionamento
desbragado de automóveis –era bom lembrar que quando o PS estava na oposição,
no tempo dos anteriores presidentes camarários, Carlos Encarnação e Barbosa de
Melo, a expulsão das viaturas desta praceta era uma bandeira permanentemente
içada. Agora que está no poder, o PS, num escandaloso deixa-correr, não quer
saber e, através dos seus eleitos, faz-se de cego, surdo e mudo. Porra para
estes políticos descartáveis, só defensores da ética e responsabilidade urbana
quando estão na oposição.
Ainda a semana passada, sabe-se
lá com que critério, "plantou-se" ao fundo, junto à Igreja de São Bartolomeu, uma
inestética tenda, em jeito de barraco, para servir o IEFP, Instituto de Emprego
e Formação Profissional. Quanto custou implantar aquele aborto num local que
deveria ser sagrado e só pisado por quem o respeitar? Por notícias comparativas
plasmadas em jornais, mais de 15 mil euros. A talhe de foice, seguindo o
exemplo de Milão, já alguém pensou em cobrir com vidro toda aquela área?
E A FEIRA DE VELHARIAS?
Com este encurtar de calçada –já que as
esplanadas avançam e o espaço vago diminui-, não é preciso ser presciente para
adivinhar que, se nada for feito, a Feira de Velharias está a prazo no sítio
onde nasceu e se foi desenvolvendo. Já há muito que se fala em transferir este
certame para o Parque Manuel Braga. É preciso gritar que este evento com mais de vinte anos de existência é fundamental e deve manter-se na Baixa? Se é o caso, aguarde-se então o ruído ensurdecedor.
Como a vereadora da cultura
actual, Carina Gomes, embora jovem, é surda e cega aos apelos que lhe vão
chegando para descentralizar as alegorias pelas ruas estreitas, é de prever o
pior para a feira de antiguidades e velharias. A vereadora só não é muda, isso
constata-se, porque há cerca de uma semana, interrogada pela jornalista do
Diário de Coimbra para a possibilidade de espalhar as feiras pela Baixa toda,
soube alegar que não poderia ser porque as ruelas e pracetas eram muito
estreitas. Uma pergunta: a senhora vereadora tem a certeza que conhece mesmo a
Baixa? Fica a dúvida.
Como já estamos habituados a, mesmo na
indigência de ideias, o PSD ser melhor, mais inovador e acessível para pelo
menos ouvir, não há problema, a gente espera que os laranjas voltem a liderar a
Câmara Municipal. É certo que muitos de nós já não estarão cá, mas isso também
não é problema.
1 comentário:
A próxima Feira do Artesanato Urbano terá lugar nos diversos largos e praças da Baixinha, em vez de se realizar nas ruas largas: http://i.imgur.com/eDYfxFK.jpg
Vamos lá ver se a moda pega.
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