(Foto do Diário as Beiras)
Minha cara amiga Cristina, espero que se
encontre bem, sobretudo de saúde que eu, nesta terra complicada, por cá vou
vivendo conforme o beneplácito divino e os outros me deixam.
Tenho a certeza de que me
reconhece mas, não vá o manto do esquecimento abater-se sobre a sua memória e
neste acaso, a acontecer, sou aquele tipo desconhecido que, quando
vossemecê denunciou as falcatruas de alguns militantes na secção da Sé Nova,
escreveu um texto a enaltecer a sua coragem –só não lhe chamei “Padeira de Aljubarrota” porque tendo em
conta as assimetrias das épocas e o lado intelectual de cada uma seria absurdo.
Sou aquele que, quando há dias
foi noticiada a sua nomeação para a Comissão Nacional do Partido Socialista,
por julgar justa e um legítimo prémio, congratulado, deixei-lhe uma mensagem
elogiosa.
Antes de ir ao assunto que me levou a escrever
esta carta, refiro estes apartes porquê? Passando a imodéstia, porque sou um
simplório, um humilde (às vezes) cidadão. E, por me julgar assim, quando
homenageio alguém publicamente, sinto-me na obrigação de lhe mostrar o
contrário, se necessário. Ora, infelizmente, é precisamente por este princípio
que lhe venho dizer umas coisas, sem medo de perder a sua amizade –por que os
verdadeiros amigos são aqueles que nos dizem o que sentem e pensam e não o que
queremos ouvir.
Vamos aos factos: a amiga, hoje, escreveu um
texto no Facebook onde chama a um agente policial “imbecil”, “miserável”, “incompetente”, “tal autoridade”. A dado momento da sua crónica de desabafo, diz que lhe chamou palerma, que ele se
medisse bem e que ele tinha de crescer muitoooooooooo para ser, para si,
autoridade. Junta ainda, “Tentei explicar-lhe que a minha autoridade ERA
EU, mas ele não percebia e teimava que queria ser ele...”. E complementa, “Depois
disse-me, que me ia multar por desrespeito, aí para o ajudar até o mandei à
merda... mas a multa também não me foi entregue...”
Vamos lá
por partes e a colocar as coisas como elas são: a amiga Cristina Martins, filiada
no Partido Socialista e eleita recentemente para a Comissão Nacional, não é uma
cidadã qualquer. Profissionalmente, é uma digna professora, no âmbito da
cidadania, pelo que demonstrou na secção da Sé Nova, é uma exemplar portuguesa
em que muitos portugueses –a começar pelos seus alunos- se devem rever. Por
conseguinte, a uma pessoa que atinge este estatuto são-lhe conferidos direitos
mas, mas, muito mais obrigações. Uma cidadã assim, não pode, de forma alguma
mandar à merda um agente policial e, depois –e isto é que faz tocar os sinos da
banalidade- vir para as redes sociais vangloriar-se, gabar-se do facto.
Um caso
parecido como este só me ocorre quando Mário Soares, então primeiro-ministro,
dentro de um carro do Estado, veio à janela e, perante as câmaras de televisão,
vociferou: “ó senhor polícia, desapareça!”
Como
ressalva, lembro que não sou polícia e, se fosse causídico, muito menos
advogado desta causa. Sou apenas um pacato cidadão que escreve o que pensa.
A amiga –não
sei se nesta altura deste meu texto ainda o será- tem demasiadas
responsabilidades sociais para agir com tal vulgaridade. A senhora, quanto a
mim, pela sua elevada craveira intelectual poderá, no futuro elencar e fazer
parte de um governo socialista. Ora, o que fez não deveria ter feito. Salvo
melhor opinião, e retirando a superioridade moral, foi uma aselhice. Fica-lhe
mal. Ponto e parágrafo e sem qualquer atenuante. Vossa Mercê, ao agir assim,
parece arrogar-se de direitos acima do comum dos cidadãos. Lembro-lhe que a PSP
–como qualquer outro corpo policial-, na pessoa de qualquer agente, deve ser
respeitada. Ao tornar públicas as suas afirmações está a achincalhar a
corporação. Se eu fosse comandante de uma unidade, intendente, desta polícia o
caso não ficaria assim –e tanto me fazia que você fosse para a Administração
Interna, externa, ou ultramundo.
Sem lhe querer dar conselhos –porque os
bons são bem pagos-, antes que a coisa dê para o torto, se fosse à senhora
começava por retirar o “post” do Facebook e as explicações internas virão a
seguir.
Lamento
muito ter escrito esta carta. Esperava muito mais de si. Fique bem.
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