quinta-feira, 9 de junho de 2016

CARTA ABERTA A CRISTINA MARTINS

CRISTINA MARTINS
(Foto do Diário as Beiras)



Minha cara amiga Cristina, espero que se encontre bem, sobretudo de saúde que eu, nesta terra complicada, por cá vou vivendo conforme o beneplácito divino e os outros me deixam.
Tenho a certeza de que me reconhece mas, não vá o manto do esquecimento abater-se sobre a sua memória e neste acaso, a acontecer, sou aquele tipo desconhecido que, quando vossemecê denunciou as falcatruas de alguns militantes na secção da Sé Nova, escreveu um texto a enaltecer a sua coragem –só não lhe chamei “Padeira de Aljubarrota” porque tendo em conta as assimetrias das épocas e o lado intelectual de cada uma seria absurdo.
Sou aquele que, quando há dias foi noticiada a sua nomeação para a Comissão Nacional do Partido Socialista, por julgar justa e um legítimo prémio, congratulado, deixei-lhe uma mensagem elogiosa.
Antes de ir ao assunto que me levou a escrever esta carta, refiro estes apartes porquê? Passando a imodéstia, porque sou um simplório, um humilde (às vezes) cidadão. E, por me julgar assim, quando homenageio alguém publicamente, sinto-me na obrigação de lhe mostrar o contrário, se necessário. Ora, infelizmente, é precisamente por este princípio que lhe venho dizer umas coisas, sem medo de perder a sua amizade –por que os verdadeiros amigos são aqueles que nos dizem o que sentem e pensam e não o que queremos ouvir.
Vamos aos factos: a amiga, hoje, escreveu um texto no Facebook onde chama a um agente policial “imbecil”, “miserável”, “incompetente”, “tal autoridade”. A dado momento da sua crónica de desabafo, diz que lhe chamou palerma, que ele se medisse bem e que ele tinha de crescer muitoooooooooo para ser, para si, autoridade. Junta ainda, Tentei explicar-lhe que a minha autoridade ERA EU, mas ele não percebia e teimava que queria ser ele...”. E complementa, Depois disse-me, que me ia multar por desrespeito, aí para o ajudar até o mandei à merda... mas a multa também não me foi entregue...
Vamos lá por partes e a colocar as coisas como elas são: a amiga Cristina Martins, filiada no Partido Socialista e eleita recentemente para a Comissão Nacional, não é uma cidadã qualquer. Profissionalmente, é uma digna professora, no âmbito da cidadania, pelo que demonstrou na secção da Sé Nova, é uma exemplar portuguesa em que muitos portugueses –a começar pelos seus alunos- se devem rever. Por conseguinte, a uma pessoa que atinge este estatuto são-lhe conferidos direitos mas, mas, muito mais obrigações. Uma cidadã assim, não pode, de forma alguma mandar à merda um agente policial e, depois –e isto é que faz tocar os sinos da banalidade- vir para as redes sociais vangloriar-se, gabar-se do facto.
Um caso parecido como este só me ocorre quando Mário Soares, então primeiro-ministro, dentro de um carro do Estado, veio à janela e, perante as câmaras de televisão, vociferou: “ó senhor polícia, desapareça!”
Como ressalva, lembro que não sou polícia e, se fosse causídico, muito menos advogado desta causa. Sou apenas um pacato cidadão que escreve o que pensa.
A amiga –não sei se nesta altura deste meu texto ainda o será- tem demasiadas responsabilidades sociais para agir com tal vulgaridade. A senhora, quanto a mim, pela sua elevada craveira intelectual poderá, no futuro elencar e fazer parte de um governo socialista. Ora, o que fez não deveria ter feito. Salvo melhor opinião, e retirando a superioridade moral, foi uma aselhice. Fica-lhe mal. Ponto e parágrafo e sem qualquer atenuante. Vossa Mercê, ao agir assim, parece arrogar-se de direitos acima do comum dos cidadãos. Lembro-lhe que a PSP –como qualquer outro corpo policial-, na pessoa de qualquer agente, deve ser respeitada. Ao tornar públicas as suas afirmações está a achincalhar a corporação. Se eu fosse comandante de uma unidade, intendente, desta polícia o caso não ficaria assim –e tanto me fazia que você fosse para a Administração Interna, externa, ou ultramundo.
Sem lhe querer dar conselhos –porque os bons são bem pagos-, antes que a coisa dê para o torto, se fosse à senhora começava por retirar o “post” do Facebook e as explicações internas virão a seguir.
Lamento muito ter escrito esta carta. Esperava muito mais de si. Fique bem.

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