Abriu esta semana, na Praça do Comércio, ao
lado da secular Igreja de São Tiago e nas antigas instalações do “Traje”, o BE 51, um empreendimento hoteleiro com
várias valências direccionadas para a movida,
agitação nocturna desta parte histórica da cidade.
Em analogia, tal como o P-51 Mustang, o avião-caça mais famoso dos EUA, foi determinante na
2.ª Guerra Mundial para a vitória dos aliados, espera-se que este investimento
possa servir de motor para contribuir para reanimar a anémica noite na Baixa.
Com uma esplanada no terreiro e em frente ao
templo dos caminheiros de São Tiago, esta nova iniciativa veio preencher uma
lacuna e dar vida a um recanto da Praça do Comércio que se encontrava em
decrépito estado de abandono.
Transpondo a porta de entrada, num cenário fantástico
nova-irorquino, os nossos olhos caem imediatamente num elevador saliente, a
parecer suspenso nas alturas e que constitui a identidade interior do edifício, que faz
a ligação entre os cinco pisos. Na cave uma acolhedora pista de dança convida a
uns passos rítmicos entrelaçados. No primeiro andar, em plano de evidência, um enorme painel
emite sons, mais que certo destinado aos grandes desafios de futebol europeus e
mundiais. Os andares subsequentes estão destinados a jantares de grupos –com marcação
prévia de dois dias já que, por enquanto, a empresa recorre a serviço de catering-, a lançamentos de livros,
recitação de poesia, teatro e outros eventos culturais.
Inserido no espírito englobado do Be Coimbra, um programa empresarial
privado que pretende abarcar serviços de alojamento dirigidos aos estudantes
Erasmus em curso na Universidade, este projecto do BE 51 é da responsabilidade pessoal
de Miguel Matias, um dos sócios do empreendimento.
O horário praticado vai ser de Segunda a Sábado
e entre as 12h00 e as 4h00. Por enquanto, encerra ao Domingo. Fazendo votos
para que no futuro sejam muitos mais, foram criados três novos postos de
trabalho
UM TERRAÇO VIRADO PARA A
CIDADE
A planta do edifício, cortado por dentro na
vertical, foi concebido e mandada realizar por José dos Santos Coimbra, um dos
maiores comerciantes que deu vida e passou pela cidade. Falecido em 2000, quando
a Baixa entrou em coma comercial, este negociante que conheci bem, projectou
toda a sua criação visionária neste prédio onde, até à década de 1970,
funcionou o “Carlos Camiseiro”.
Nas águas furtadas, com o telhado cortado, acompanhado
de um drink servido no bonito
balcão de bar em madeira, pode visualizar-se uma perspectiva da cidade em 180
graus. Desde a Lapa dos Esteios, passando pela colina de Santa Clara, até à Universidade
pode apreciar-se umas vistas maravilhosas. Aconselho vivamente uma visita a
este novo empreendimento.
Cá do meu cantinho, pelo arrojo, envio um
abraço de boa-sorte ao promotor da ideia, Miguel Matias.
Para quem me ler, não chega defender
e pugnar por uma Baixa diferente, com novos estabelecimentos, se depois se
continuar a frequentar os mesmos locais de sempre e nada se dar para os manter
abertos. A responsabilidade da revitalização, da mudança do Centro Histórico,
está na decisão de cada um de nós. É preciso dar a mão a quem arrisca num
momento tão difícil da nossa economia.
Sem comentários:
Enviar um comentário