segunda-feira, 27 de junho de 2016

BAIXA: CRITÉRIOS QUE PEDEM EXPLICAÇÃO



Caso primeiro, neste último Sábado realizou-se mais uma Feira de Velharias na Praça do Comércio. Para quem se apercebeu, repetindo o mesmo do ano passado, no meio do recinto um automóvel de matrícula estrangeira, creio que espanhol, marcou presença no meio dos vendedores de coisas usadas e antigas. Desconheço se teria sido o caso mas, mesmo que o proprietário o quisesse retirar do local, rodeado de tendas e bancas, teria sido impossível a pretensão.
Caso segundo, durante toda esta última semana, diariamente, a Polícia Municipal –às vezes com dois carros e quatro agentes- assentou arraiais no “Bota Abaixo”, em frente à Loja do Cidadão. Excepto carga e descarga no estacionamento para o efeito e paragem de pessoas deficientes, a nenhum outro automobilista era permitida a paragem. Segundo testemunhas oculares, vários carros foram rebocados.

ANÁLISE

Com alguma ironia, começo por interrogar se os agentes não teriam confundido os locais de intervenção. Ou seja, estiveram onde não deveriam ter estado. Por outras palavras, um sítio carregado de memória, como é a Praça do Comércio, com duas igrejas, a de São Tiago do século XII e a de São Bartolomeu já reedificada, salvo erro, em meados do XIX, um pelourinho medieval, o primeiro hospital da cidade e toda uma ambiência histórica que deveria ser respeitada, embora, por vezes, lá passassem agentes, esteve entregue a si mesma e quase sempre com carros sobre a calçada destinada a peões.
Já no tocante ao Bota Abaixo, para quem não conhece, é uma espécie de porto de arribação onde tudo e todos vêm confluir. Isto é, por neste momento não haver estacionamento gratuito dentro do miolo urbano, qualquer pessoa que precise de vir tratar de qualquer assunto, compras no comércio ou até qualquer informação na Loja do Cidadão, estaciona no terreiro em frente –ou melhor, estacionava se não tivesse acontecido o que estou a relatar.

PERGUNTA A QUEM SE DIGNAR RESPONDER

Sendo directo e objectivo, por que não vale a pena perder tempo com rodeios, interrogo: isto foi uma descarada caça à multa não foi? Por amor da santa, quem estiver habilitado, numa espécie de última vontade para os condenados –para os tantos que levaram a pastilha-, no mínimo, assuma com coragem e diga que, de facto, foi mesmo. Ou então, a não ser, justifique o acto administrativo como algo de proveitoso para a comunidade.
Se por acaso não tiver argumentos à mão, pela minha conhecida generosidade, até posso ajudar. Sei lá, diga, por exemplo, que, como uma parte das coimas reverte para os cofres municipais, é preciso dinheiro para construir mais uma ponte de ciclovia; abrir a futura Via Central; requalificar a Rua da Sofia e restaurar uma dezena de prédios camarários na Baixa. E mais, digo eu: repor os milhares de euros orçamentados para as Festas da Cidade. Saliento que não estou a escrever por não estar de acordo com algumas destas obras. Nada disso! Pelo contrário, concordo com a maioria.
Acho é que deve imperar o bom-senso. E, a meu ver, isso não está acontecer.
Bom, vamos, todos, aguardar sentados –por causa da coluna- que alguém se digne responder à questão formulada.

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