segunda-feira, 6 de junho de 2016

SANTA CLARA QUER MUDAR DE CONCELHO?





Segundo declarações do Conde Simão, postadas em edital no jornal mundial de todas as gazetas, as ralações políticas entre este grande senhor de montes e vales da margem esquerda do Mondego e o alcaide Manuel Machado, governador da cidade fortificada, estão a dar água pela barba ao Rei Dom Dinis e à sua venerada Rainha Santa Isabel, que este ano, em sinal de paz e concórdia para o reino, mostra a mão aos portugueses -já que, em face de tão grande número de abusadores nacionais, mostrar mais está fora de hipótese.
As mensagens são claras e concretas, e tudo indica que a tal pacificação podre entre os dois vassalos, que permaneceu em banho-maria nos últimos três anos, deu num fedor imundo e, ao que parece, a guerra civil vai estalar a todo o momento. O primeiro recado, escrito nas nuvens do céu azul de Santa Clara, apareceu hoje de manhã, logo ao raiar da aurora, e que assim  que o Sol brilhou desapareceu do éter. Citando de cabeça, dizia mais ou menos isto: “no Sábado, para a realização da 2.ª subida mítica da Ladeira da Rainha Santa em bicicleta, pedimos licença à Câmara Municipal de Coimbra. Por volta das 11h00 recebemos a comunicação do Gabinete de Atendimento de que não foi autorizado pelo presidente, Manuel Machado. Telefonei ao vereador do desporto, Carlos Cidade, e este autorizou.”
O segundo edital, agora posto em placa permanente, a pedir a convocação e a mobilização geral para a guerra de todos os civis que compõem o povo do reino santaclarense, surgiu assim: “Assalto à Freguesia de Santa Clara. Com a conivência da Câmara, S. Martinho do Bispo está a atacar as fronteiras administrativas de Santa Clara criadas em 25 de Novembro de 1854. Peço a todos os santaclarenses que defendam as nossas fronteiras. Passaremos a todas as pessoas dos Alqueves atestados de residência gratuitos e documentos comprovativos das fronteiras de Santa Clara. Querem roubar-nos o IMI. Querem roubar-nos parte da freguesia. Esta Câmara está a atacar Santa Clara. Temos de defender o nosso património.”
O terceiro édito, também publicado nas redes portucalense e além-fronteiras, daria à estampa quase ao mesmo tempo, ou não fosse o Conde Simão exímio na arte da escrita, assim: “Mais um ataque a Santa Clara. A Câmara de Machado diz que temos de fazer todas as obras protocoladas até ao mês de Novembro, mas a Câmara é que faz os projectos e a maioria são entregues em Dezembro. Como é que se entrega uma obra pronta em Novembro, quando a câmara entrega os projectos em Dezembro. Li há dias num jornal da cidade que não assinaram os protocolos com Santa Clara por falta de entrega de documentos, mais uma mentira nojenta do município. Santa Clara não tem culpa de esconderem a documentação enviada por esta freguesia via email e via CTT. Fazem tudo para que pareça que as freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas negligenciam os trabalhos.”
Segundo uma fonte anónima pouco credenciada para questões de Estado, perante o iminente rebentar da guerra entre o condado de Santa Clara e vizinhos, Simão, mesmo colocando o seu aforismo de lado “para o norte, carago”, está a estudar a possibilidade de mudar de concelho para sul. Embora de cor política contrária, já estão a ser negociados acordos entre Santa Clara e Condeixa.
Segundo um aio de Dom Dinis, o Rei está muito preocupado com o eclodir do conflito bélico e provável separação da freguesia. Ao mais alto nível da magistratura de influência local estão já ser encetados contactos com o movimento Cidadãos por Coimbra para mais um possível referendo.
Perante tão inusitadas declarações do Conde Simão, justificava-se ouvir a parte contrária referenciada. No entanto, não foi possível ouvir o alcaide Machado, mas, em boa verdade nem é preciso. Facilmente se adivinha o que diria o governador-geral do condado conimbricense. Se assim não fosse, muito próximo andaria: “porra, porra! Não há gaita que o contente! Tenho feito tudo para lhe agradar. Mandei arranjar a zona envolvente do convento velho, concluí as obras do Centro de Congressos São Francisco e, em sua honra –ou não me chamem “Manel das rotundas”-, mandei edificar uma grande rotunda na avenida da Guarda Inglesa e que, por acaso, até estou a pensar em lhe dar o baptismo de Conde Simão. Tal como já vinha habituado do outro milénio, continuo a não ser entendido. Porra! É muita injustiça para um homem só!”

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