A Baixa, hoje de manhã, acordou em choque, ao
ser confrontada com a violentíssima notícia do “desaparecido”. Entre as ruas estreitas, da Louça, do Corvo, Eduardo
Coelho, Padeiras, Adelino Veiga, pracetas e praças, como a do Comércio, cerca
de vinte folhas a anunciar que um gatinho “não esterilizado e muito meigo”
tinha desaparecido foram coladas em montras, portas de madeira, à entrada de
vários estabelecimentos e até num painel de azulejos, da Fábrica Aleluia, no
Largo da Freiria.
Sempre solidários com as grandes
causas locais, os comerciantes colocaram longas fitas negras nas vitrinas a
manifestarem luto e solidão à Associação Gatos Urbanos. Tudo indica que, na
próxima semana, já vão varrer os dejectos e alimentos abandonados às suas
portas com mais vontade do que até aqui.
As primeiras horas do dia comercial foram
preenchidas com vozes arrastadas em semblante de tristeza, lamúrias e torrentes
de pranto. Chegou a temer-se inundações e até a pensar-se em solicitar-se a
intervenção da Proteção Civil.
Devido à gravidade do assunto, segundo
informação pouco credível, tudo indica que, hoje, na reunião do Executivo
Municipal um dos temas agendado vai ser substituído pela questão do “desaparecido”. Quem vai levar a matéria
expositiva ao plenário será o vereador do pelouro Francisco Queirós, em representação do Canil/Gatil –que
é referido no texto espalhado pela Baixa-, e por ser correlegionário e muito
amigo do presidente da associação Gatos Urbanos.
COIMBRA A OUVIR-SE EM
LISBOA
Segundo um deputado meu amigo, dado o carácter
de urgência do conteúdo do “desaparecido”,
os deputados eleitos por Coimbra à Assembleia da República, respectivamente,
Pedro Coimbra, José Manuel Pureza e Helena Freitas -agora a exercer funções no grupo de missão governamental para o desenvolvimento do interior- que, por promessa
anteriormente feita, iam, esta semana, em conjunto, apresentar o escândalo da
falta de subsídio de desemprego aos empresários caídos em desgraça, por
falência, dada a urgência de encontrar os donos do gatinho meigo, adiaram a
moção no plenário da assembleia e substituíram-na por esta causa tão elevada e
de grande empenhamento nacional. Alinhados com o deputado do PAN, Partido dos
Animais, mais que certo, tudo indica que vão convocar António Costa para
responder a estas e outras questões de filiação humana e animal.
E DE MARCELO, NÃO VEM
NADA?
Segundo informações do faxineiro do Palácio de
Belém, também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma
reunião imediata dos assessores. Ao que parece, Marcelo, exceptuando os
coelhos, também adora animais e, alegadamente, até terá uma gatinha no palácio,
a “Felismina”. É natural que nas
próximas horas o Chefe de Estado se pronuncie sobre tamanha tragédia que se
abateu sobre Coimbra.
E VAI AO PARLAMENTO
EUROPEU
Segundo um amigo comum, com mais peso do que
eu, o deputado europeu Marinho e Pinto vai levar o assunto ao Parlamento
Europeu. Segundo a minha fonte, “o senhor
doutor, anda um pouco desanimado com os humanos. Só lhe saem duques e cenas
tristes na sua senda política! Ao menos, na defesa dos animais sabe que nunca
será traído.”
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