Desde sensivelmente há uma semana que diariamente
nas televisões pública e privadas são publicadas sondagens acerca da intenção de voto dos portugueses nos cinco maiores partidos.
A interrogação principal que emerge é: para
que serve este serviço? Num dia a PAF, a coligação Portugal à Frente, com os
partidos PSD/CDS-PP, apresenta-se a liderar e ganhadora, noutro seguinte, está
o PS, Partido Socialista. Como curiosidade, assiste-se também a isto: no
mesmo dia, na TVI, a PAF aparece com cinco pontos à frente do PS e na SIC
vê-se o PS a ganhar aos pontos ao opositor. Ou seja, uma perscrutação anula a
outra.
Em pergunta secundária, será que esta
informação visa manter o eleitor sempre em “cima”? Em cima de quê? Pergunta-se.
De sondagens repetitivas e estereotipadas e azucrinadoras de mentes em
conflito? A ser bombardeados com estes dados, em analogia, é assim como ter
acesso à Bolsa e saber se devemos comprar ou vender. Em reflexão, somos
levados a imaginar o voto como um produto transaccionável e não um instrumento
de decisão importante para o futuro do país.
Em especulação, será que este metralhar
contínuo não terá por objecto três intenções? Confundir o eleitor, porque mostrando o resultado do dia pode alterar
o sentido de voto da véspera de um votante indeciso e que ainda não sabe em que
partido vai depositar o seu sufrágio.
Manipular o eleitor, porque mostrando a dicotomia, no sentido de indicar
o voto útil, “convence psicologicamente” a votar num destes dois partidos.
Segregar os restantes partidos, porque, embora as sondagens mostrem
a percentagem de interessados em sufragar as restantes forças políticas, o que
sobressai é o parecer que votar nos mais pequenos é um desperdício, uma perda
de tempo e não vale a pena. Logo, em silogismo, a mensagem implícita é
imperativa: votem nos dois maiores!
Por outro lado, se concorrem a
estas eleições legislativas 12 partidos políticos e só se fala de cinco,
directamente estão a ser segregados, esquecidos, sonegados, discriminados, 7
que, apesar de serem pequenos, têm direito a levar a todos os portugueses a sua
mensagem.
No mínimo, neste procedimento absurdo que é indicativo de haver uma deliberada intenção de destruir o processo eleitoral tal como
o conhecemos, deveria fazer pensar e agir em conformidade o Presidente da
República. (Leia também este texto)
Já agora deixo as listas concorrentes e respectivos líderes:
(por ordem alfabética da designação oficial do
partido/coligação)
Bloco de Esquerda (B.E.) - Catarina Martins (porta-voz)
Juntos pelo Povo (JPP) - Filipe de Sousa
Nós, Cidadãos! (NC) - Mendo Castro Henriques
Partido Cidadania e Democracia
Cristã (PPV/CDC) - Tânia Avilês (porta-voz)
Partido Comunista dos
Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) - Garcia Pereira
Partido da Terra (MPT) - José Inácio Faria
Partido Democrático
Republicano (PDR) - Marinho e Pinto
Partido Nacional Renovador (PNR) - José Pinto Coelho
Partido Popular Monárquico (PPM) - Gonçalo da Câmara Pereira
Partido Socialista (PS) - António Costa
Partido Unido dos
Reformados e Pensionistas (PURP) - Fernando Loureiro
PESSOAS-ANIMAIS-NATUREZA (PAN) - André Silva
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