quinta-feira, 3 de setembro de 2015

DIVAGAÇÕES: O METRO DA MINHA CONSUMIÇÃO

(Imagem da Web)




POR ALEX RAMOS


Metro Mondego... creio que ainda não era nascido e já havia um ante-projecto  deste meio de transporte para a cidade.
Não sei se a ideia inicial era  parecida com a actual. Muito provavelmente não seria, até porque em trinta anos Coimbra mudou muito.
Tanto quanto julgo saber, por volta dos anos de 1960 começaram as demolições no Largo das Olarias, junto à Avenida Fernão de Magalhães, e, por isso mesmo, baptizado de “Bota-Abaixo”, nome muito sugestivo –o povo já adivinhava.
 Era o início da malfadada avenida central. Por interrupção das obras, anos mais tarde, passou a parque de estacionamento durante décadas. Na segunda metade dos anos de 1990, por concurso público, o terreno foi adjudicado à firma Bragaparques e no virar do milénio surgiram dois enormes prédios em bloco, em cubo, que nada têm a ver com a traça antiga envolvente, e, no subterrâneo, estacionamento. Gostos à parte, requalificou-se uma zona que estava degradada. Em 2005, em período pré-eleitoral para as autarquias, Carlos Encarnação deu ordem para o camartelo recomeçar a destruir o edificado que restou à primeira fase. Mandaram-se a baixo prédios, oficinas e algumas lojas emblemáticas que faziam parte da história da Baixa, como, por exemplo, “A Joaninha”, a loja de brinquedos do senhor Monteiro, junto à Câmara Municipal. Vá-se lá entender, quando estava quase tudo concluído e a avenida quase a chegar à Rua da Sofia, faltando meia dúzia de prédios, parou tudo. Escorado, a segurar o inevitável e à espera de uma decisão, ficou o edifício da padaria Palmeira, pelos seus pilaretes em pedra tão característico da cidade. Ficou uma zona esventrada, a sangrar,  e passou a ser invadida por  marginais que fazem ali seu dia-a-dia. Pode ser que as obras de requalificação do Terreiro da Erva ajudem. Espera-se! Se assim não for, pode virar uma espécie de Casal Ventoso onde a droga será o pão  nosso de cada dia. 
Retiraram os carris fora de Coimbra e até Serpins, foi restaurada a ponte junto à Portela, delapidaram-se milhões e acabou o dinheiro. Mas para o Metro de Lisboa, para os estádios do Euro 2004, em que alguns foram construídos de raiz e agora às moscas e a simbolizarem elefantes brancos, a devorarem milhares de euros ao erário público diariamente, para estes projectos megalómanos houve dinheiro. Para o BPN, BPP e agora para o BES, em que pela corrupção foram desviados milhões e mais milhões, o Governo está sempre disposto a abrir os cordões à bolsa e a endereçar a conta aos contribuintes. Este executivo central teve quatro anos para resolver a situação do metro ligeiro de superfície, e nada fez. Agora, que estamos à porta de eleições, Milagre! Já um plano! Não há coincidências. Se durante a magistratura governamental não foram arranjadas soluções, agora, como coelho tirado da cartola, já há?
A meu ver, deveria haver eleições todos os meses. Não era bom? Porquê? Por que assim os problemas  do país eram resolvidos. Outra questão que acho deplorável  é a chantagem da solução final: ou aceitam o que propomos ou nada! Se a intenção era substituir a ferrovia por autocarros eléctricos… desculpem nas estão a gozar com os conimbricenses! Não arrancaram os carris? Então substituam o que destruíram!
Este projecto do metro foi sempre curto de ambição. Por que não pensaram em alargar a zona de passagem por Condeixa e a passar junto ao aeródromo? O Centro não merecia ter um aeroporto de dimensão média? E se o metro fosse até à Figueira da Foz?
Valha-nos o mais,  os velhinhos  eléctricos, que desapareceram da cidade em 1990, estão guardados num museu a sete chaves, fechado ao público –pelo menos sempre que passo lá está encerrado-, ao fundo da Rua da Alegria e junto as Águas de Coimbra.




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