(Imagem da Web)
POR ALEX
RAMOS
Metro Mondego... creio que ainda não era
nascido e já havia um ante-projecto deste meio de transporte para a
cidade.
Não
sei se a ideia inicial era parecida com a actual. Muito provavelmente não
seria, até porque em trinta anos Coimbra mudou muito.
Tanto
quanto julgo saber, por volta dos anos de 1960 começaram as demolições no Largo
das Olarias, junto à Avenida Fernão de Magalhães, e, por isso mesmo, baptizado
de “Bota-Abaixo”, nome muito
sugestivo –o povo já adivinhava.
Era
o início da malfadada avenida central. Por interrupção das obras, anos
mais tarde, passou a parque de estacionamento durante décadas. Na segunda
metade dos anos de 1990, por concurso público, o terreno foi adjudicado à firma
Bragaparques e no virar do milénio
surgiram dois enormes prédios em bloco, em cubo, que nada têm a ver com a traça
antiga envolvente, e, no subterrâneo, estacionamento. Gostos à parte, requalificou-se
uma zona que estava degradada. Em 2005, em período pré-eleitoral para as
autarquias, Carlos Encarnação deu ordem para o camartelo recomeçar a destruir o
edificado que restou à primeira fase. Mandaram-se a baixo prédios, oficinas e
algumas lojas emblemáticas que faziam parte da história da Baixa, como, por
exemplo, “A Joaninha”, a loja de
brinquedos do senhor Monteiro, junto à Câmara Municipal. Vá-se lá entender,
quando estava quase tudo concluído e a avenida quase a chegar à Rua da Sofia,
faltando meia dúzia de prédios, parou tudo. Escorado, a segurar o inevitável e à
espera de uma decisão, ficou o edifício da padaria Palmeira, pelos seus
pilaretes em pedra tão característico da cidade. Ficou uma zona esventrada, a
sangrar, e passou a ser invadida por marginais que fazem ali seu
dia-a-dia. Pode ser que as obras de requalificação do Terreiro da Erva ajudem. Espera-se!
Se assim não for, pode virar uma espécie de Casal Ventoso onde a droga será o
pão nosso de cada dia.
Retiraram
os carris fora de Coimbra e até Serpins, foi restaurada a ponte junto à Portela,
delapidaram-se milhões e acabou o dinheiro. Mas para o Metro de Lisboa, para os
estádios do Euro 2004, em que alguns foram construídos de raiz e agora às
moscas e a simbolizarem elefantes brancos, a devorarem milhares de euros ao
erário público diariamente, para estes projectos megalómanos houve dinheiro.
Para o BPN, BPP e agora para o BES, em que pela corrupção foram desviados
milhões e mais milhões, o Governo está sempre disposto a abrir os cordões à
bolsa e a endereçar a conta aos contribuintes. Este executivo central teve
quatro anos para resolver a situação do metro ligeiro de superfície, e nada
fez. Agora, que estamos à porta de eleições, Milagre! Já um plano! Não há
coincidências. Se durante a magistratura governamental não foram arranjadas
soluções, agora, como coelho tirado da cartola, já há?
A
meu ver, deveria haver eleições todos os meses. Não era bom? Porquê? Por que assim
os problemas do país eram resolvidos. Outra questão que acho deplorável
é a chantagem da solução final: ou
aceitam o que propomos ou nada! Se a intenção era substituir a ferrovia por
autocarros eléctricos… desculpem nas estão a gozar com os conimbricenses! Não
arrancaram os carris? Então substituam o que destruíram!
Este
projecto do metro foi sempre curto de ambição. Por que não pensaram em alargar
a zona de passagem por Condeixa e a passar junto ao aeródromo? O Centro não
merecia ter um aeroporto de dimensão média? E se o metro fosse até à Figueira
da Foz?
Valha-nos o mais, os velhinhos
eléctricos, que desapareceram da cidade em 1990, estão guardados num museu a
sete chaves, fechado ao público –pelo menos sempre que passo lá está encerrado-,
ao fundo da Rua da Alegria e junto as Águas de Coimbra.
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