POR ALEX RAMOS
coimbra
é uma cidade de encantos mil. Em cada rua, ruela e esquina há magia,
romantismo, encanto.
Como munícipe, custa muito ver os turistas que visitam esta cidade
milenar resumirem sua visita à Universidade, Arco da Almedina e largo da
Portagem. Coimbra não é só isto. Não pode ser só isto! As zonas escondidas dos
olhares são mais que muitas. Bem perto há uma artéria que raramente é visitada
por turistas e é Património Mundial classificado pela UNESCO. Falo, claro, da Rua
da Sofia. Esta histórica via tem várias igrejas, vários monumentos, cantos,
recantos e segredos para descobrir que merecem ser visitados, olhados com atenção
e apreciados. Aqui ponho a primeira questão: por que razão a maioria dos
monumentos, na Baixa, está vedada ao publico? A olho nu, só a Igreja de Santa Cruz e São Bartolomeu estão abertas. A de Santa Justa, tal como outras na Rua da Sofia, jaz abandonada, esquecida a sua sorte e somente destinada
aos santos, parece-me. Acho que estes espaços históricos, de enorme monumentalidade,
deveriam ser preservados, sem dúvida, mas abertos aos turistas para que o povo e
visitantes estrangeiros possam conhecer a nossa história e arquitectura. Lembro
também que está a virar moda entrarmos numa igreja e estar alguém a
cobrar como que uma entrada para visitar a igreja. Por sorte, ou
talvez não, nem todas as igrejas tomaram este procedimento, nesta
ditadura de ou pagas ou não visitas, felizmente ainda há igrejas que se podem
visitar sem pagar. Por um lado, se esse dinheiro cobrado é para a
manutenção e restauro do templo acho bem. Por outro, quem controla essas
verbas? Deveremos preservar a nossa memória, mas não deveria ser o Estado a
fazer essa manutenção? Porque pagamos nossos impostos?
Mas, sem
mais delongas, vou directo ao assunto que me faz escrever este texto.
Os turistas desembarcam sempre no Largo da Portagem, uma das antigas entradas
de Coimbra, depois seguem o tradicional itinerário pela Rua
Ferreira Borges, Arco de Almedina e sobem para a Alta, seguindo os
guias como alunos a seguir a professora numa visita de estudo. A restante Baixa
fica esquecida -às vezes ainda vão até a Igreja de Santa Cruz, agora mais
frequentemente. Mas pergunto, por que não inverter o percurso? E se os
autocarros parassem ao fundo Rua da Sofia, junto ao Palácio
da Justiça ou até junto ao Pingo Doce? E dai, contrariamente ao que se faz, os
turistas percorrerem toda a zona envolvente, em direcção da Praça 8 de Maio, ao
Panteão Nacional, e ruas estreitas, com tanto património, e em leque, optando
pelo Mercado Municipal D. Pedro V ou Arco de Almedina, seguiriam para a
Universidade.
Fica a
sugestão, pois acho que os turistas devem visitar todo o património
classificado e não apenas uma parte de uma cidade que é única na Península
Ibérica.
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