Como
ressalva, confesso, não sou um ambientalista aí por além. Realizo o que posso
e, como tal, para sossegar a minha consciência, logo, mesmo sendo o mínimo,
faço o que devo. Mas, lá nisso, já fui muito pior. Ó se fui! Enquanto criança, lembro-me
do tempo em que abandonava as minhas emissões de excrementos em qualquer lado,
onde calhava. Se estava na rua, no campo, como vulgarmente se apregoava em bom
português vernáculo e de bigodaça, arreava
o calhau num qualquer canto desde que fora de vistas. Como a matéria excrementa
é biodegradável nunca me preocupei com a conspurcação envolvente. Se estava dentro
de portas, e a necessidade apertava, tinha sempre duas opções: ou escolhia o
bacio familiar –porque havia um único lá em casa e servia toda a prole- ou
descalço ia para o quintal em busca do barraco das aflições, a vinte metros de
distância, chovesse ou fizesse Sol. Nessa altura, falo do princípio dos anos de
1960, ainda não havia o Protocolo de Kyoto e o meu pai, mais preocupado com a escassez
do que com o aquecimento global, em peidos bem puxados, nem se importava muito
com os gases que mandava para atmosfera e o seu efeito de estufa. Aliás, até
fazia do acto uma espécie de largada de foguetes a estalejar na festa do santo
padroeiro. Às vezes as ejecções flatulares eram acompanhadas assim de um
metralhar, parecido com o rasgar de tecido, que eu até pensava que o meu
protector abrira uma guerra às pulgas, minimalistas que ocupavam todo o espaço
caseiro, e, sei lá se pela revolta, davam em picar-me até ao pescoço. O que sei
é que, por vezes, o ar se tornava de tal modo irrespirável junto da lareira que
até o “pantufas”, o nosso bichano, se
encolhia todo medricas.
O lixo que
se fazia era todo reciclado, ou melhor, era tudo reaproveitado. Como dizia o
outro, nada se perdia, tudo se transformava. Não havia funcionários camarários
para recolha de excedentes. Cada um era responsável pelos seus detritos. Havia apenas
cantoneiros para limpar as bermas das estradas. As matas eram limpas, e os
matos eram para fazer a cama aos animais. Mesmo o facto de haver fábricas com as
suas chaminés fumarentas dia e noite e a poluir o céu azul o ar era
perfeitamente respirável. Os pesticidas na vida rural eram usados com cuidado e
os agricultores não precisavam de tirar nenhum curso para aferir da sua
perigosidade e os manusear.
Fui crescendo,
tornei-me um pequeno homem e, vindo para a cidade, conheci aquela que me viria
a transformar completamente: a casa de banho. De repente a minha vida mudou.
Deixei de limpar o canal de esgoto a uma folha de couve, a um casulo de milho
e, às vezes, a um velho jornal –que era um luxo num lar onde só eu sabia ler- e o meu
traseiro, nas limpezas, passou a ser consolado -nada de confusões- com um papel
higiénico fofinho e ternurento.
Actualmente,
contrariando o meu pai, emissões de gases para atmosfera só mesmo quando
sozinho ou no cubículo da cogitação onde, sentados de cócoras, o pobre e o
rico, estranhamente evacuam de forma igual.
Passando
para o meu popó, depois de já ter sido rico e antes da crise económica que, como epidemia, se abateu sobre nós –já comprei um carrão novo de
marca-, agora, regressando às origens e voltando a ser pobre, faço-me transportar num mini de 1983. Já percebi a ilusão de óptica da modernidade.
E QUE TEM O CU A VER
COM AS CALÇAS?
Lembrei-me
dos tempos idos em que ninguém quer recordar para me servir de introdução ao chamado
escândalo da Volkswagem nos States of Usa. O que estará por trás desta bofetada
sem mão dos Estados Unidos à Europa? Até para um labrego como eu, analista de
trazer por casa, esta merda cheira mal!
Recuemos, o maior país agregado
em vários estados, que juntamente com a China é responsável por 45 por cento
das emissões planetárias de CO2, um dos gases apontados como culpado pela mudança
climática, nunca ratificou o Protocolo de Kyoto, com a alegação de prejudicar a
sua economia. Em 12 de Novembro de 2014, em Pequim, Barack Obama e Xi Jiping
assinaram um acordo para diminuir as causas do efeito de estufa na atmosfera.
Por outro lado, o velho
continente europeu, que, segunda reza a estatística, é responsável por 11 por
cento, continuou sempre a pressionar as duas potências mundiais.
Agora, como se sabe, estalou a
indignação em torno da descoberta –por uma ONG, organização Não Governamental-
de um sistema implantado nos automóveis de fabrico alemão. Estranho tudo isto,
não? E ter sido tudo destapado por uma ONG até dá um certo ar de credibilidade.
Mas há qualquer coisa que não bate certo. Ou, dizendo de outra forma, está tudo
muito certinho. Demasiado certinho. E se for uma forma de rebentar com a
indústria automóvel europeia tradicional para lançar os carros a hidrogénio, de fabrico japonês, pela Toyota, e já à venda nos Estados Unidos?
E se a preocupação
com o aquecimento global por parte do Tio Sam for igual ao meu velho pai? Pode
até nem ser assim, mas que parece que algo não bate certo, lá isso parece!
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