Com início
em 4 de Julho, numa iniciativa da Câmara Municipal de Coimbra e em parceria com
várias entidades, desde IPSS’s e Ensino Superior e até uma marca de lãs e uma
retrosaria da cidade, as ruas da Baixa foram adornadas e engalanadas com muitos
trabalhos em crochet. Dando seguimento a anos anteriores, o mote foi o “III Festival de Crochet Social de Coimbra”.
Quase três meses depois, num desrespeito
inconcebível pelo trabalho alheio, as obras, algumas delas de verdadeira arte,
desenvolvidas por altruísmo em muitas dezenas de mãos, já muito queimadas pelo
Sol de verão, jazem num aparente abandono pelas ruas e largos desta parte
histórica da cidade. No segundo dia deste mês foram recolhidas as peças grandes
e em exposição em vários pontos da Baixa. Tudo indicava que começava aí a
retirada de toda a exposição. Porém, sabe-se lá porquê, a intenção ficou por
aí.
À medida que o Setembro avança e o Outono melancólico
e pachorrento marca presença, olhar estas peças artesanais penduradas e
exangues, é fazer analogia com as folhas amarelecidas que se desprendem das árvores
e, pela lei da gravidade, terem por certo o chão, destino e cemitério de todas
as coisas. À distância de um braço, estão à mão de semear para irem enfeitar
uma qualquer casa citadina. Era bom que, pelo respeito por quem produziu estas
toalhas e naperons feitos à mão, com urgência, estes pendões fossem recolhidos.
Se assim não acontecer depressa, destas obras que é preciso preservar para
utilização futura, o que vai restar são esboços, desbotados e destruídos, como
se fossem velhos precoces saídos de novos que quase não chegaram a ser.
1 comentário:
Concordo perfeitamente com o senhor Luís. Acho que os pendentes já
deveriam ter sido retirados no início de Setembro. São peças bonitas e
estão degradar-se. Muitas delas deveriam estar num museu apropriado de
corte e costura ou de crochet -nem sei porque não existe nenhum pois é
uma arte resultado de uma cultura que se vai perdendo. Deveria ser
preservada e mostrada mas em local próprio. A minha pergunta é em tom
de ironia: estamos a chegar ao Natal não tarda. Já todos pensamos no
Natal. Se for igual aos outros anos, estupidamente, a Baixinha de
Coimbra não será iluminada -espero estar enganado! Pergunto, será que
estas relíquias de crochet serão as novas iluminações natalícias da
baixinha? É triste ver a nossa cultura não ser respeitada, desprezada
e humilhada.
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