sexta-feira, 27 de junho de 2014

UM PINGO DE DIGNIDADE PARA UM LADRÃO



VIOLINO ROUBADO!!

“Ontem, 26-6-2104, cerca das 23h30, roubaram o VIOLINO do Fernandito, ao Fernandito, aqui à porta de casa. Nós chegamos de jantar com uns amigos e estacionámos o carro e quando nos dirigíamos à porta de casa eu, o pai, voltei à viatura buscar o telemóvel –que estava estacionado a cinco metros- e o meu filho ficou à espera com o violino poisado no chão. Foi nesse instante que alguém fez esse trabalho. Pedimos a todos os amigos que divulguem, pois o Fernandito precisa muito deste violino pois estava a preparar a sua participação em 2 concursos nos dias 4 e 5 de Julho.
O Violino é de tamanho1/8.
Por favor divulguem!”

Portanto, agora sou eu a escrever, pede-se ao ladrão, filho da puta, que envergonha a classe –porque um bom profissional não assalta crianças-, ao cabrão que furtou o violino ao Fernandito que, sem favor, devolva o instrumento para que o miúdo possa continuar a desenvolver o seu extraordinário talento. A questão pode até ser onde o vai entregar. Pode ser num qualquer café da Praça da República ou na sede da Associação Académica de Coimbra, na Rua Padre António Vieira. Basta dizer que é para entregar ao Fernando Meireles. Se por acaso for um gatuno de classe, com ética, daqueles de antigamente, pode ligar para o número de telemóvel  917494983. E mais nada! Ninguém o vai questionar sobre o bonito gesto de arrependimento. Não haverá multa -como faz o Ministério Público-, não haverá sermão, não haverá prestação de um número de orações para lavar a alma. Pode ter a certeza que a sua folha de serviços de ladroagem não vai ficar manchada por esta agressão vil a uma criança.

6 comentários:

Anónimo disse...

Só lhe falta dizer que é a favor dos furtos noutras situações.

LUIS FERNANDES disse...


RESPOSTA DO EDITOR

Porque em questões formuladas aqui ninguém deve ficar sem resposta –pelo menos é o que prega aos peixes o nosso provedor -que por acaso sou eu, mas não importa nada porque sou independente entre o eu que escrevo e o outro eu que analisa o procedimento- vou então, sem maçada nenhuma, como deve calcular, responder à formulação.
Começo então por lhe afirmar, preto no branco, que sou a favor de furtos, sim senhor, em casos por mim considerados especiais. Furtos virtuais –nada de confusão, nem violência, caso assim seria roubo- sem tocar no material. Assim uma espécie de furto platónico. Quer uma amostra, não é? Pois sim senhor! Tenha calma que vou dar uma. Como já sou velhote, já me habituei a dar uma…. de cada vez, e assim no jeito de espera cavalo!. Já lá vai o tempo, meu caro, em que dava uma, duas, três. Mas o tempo, este tempo que nos cilindra e faz de nós pudim flan, não perdoa. Agora dou uma… amostra, com calma, muita calma, a pedir aos deuses que me prolonguem a sensação e me façam parecer o outro, aquele que já lá vai. Mas vamos ao que interessa que isto é paleio que não enche barriga. Vamos então ao exemplo que você precisa para eu fundamentar se sou, ou não, a favor do furto simples –ou complicado.
Tome então atenção a este caso que nos acontece todos os dias, pelo menos quando estamos acordados. Olhe o caso da gaja boa, boa, boa, que, passando por nós na rua, parece levitar sobre uma nuvem. Diga-me, não apetece furtar-lhe um carinho? E os seus olhos libidinosos, de azul esverdeado que provoca vertigens magnéticas e cujo brilho envolvente parece conduzir ao Céu? E que, para nosso pesar, de homem comum, parecem só inclinar para certos mostrengos eleitos não se sabe com base em que critério de avaliação! Então não apetece furtar aquele olhar? E aqueles cabelos negros, azeviche, caídos em cascata sobre uns ombros modelados por barrista famoso, diga-me, não sentimos uma vontade louca de os acariciar e furtar um para emoldurar e pendurar na parede do nosso quarto por cima da cama e no mesmo sítio onde outrora esteve um cruxifixo?
E os seus lábios carnudos, vermelhos de tanto fulgor de desejo, diga-me, o furto de um beijo não deveria ser admissível? E aqueles seios erectos, a fazerem lembrar duas maçãs golden esverdeadas e luzidias e penduradas na macieira, não deveria ser possível furtá-los? E aquela amostra de saia curta que a diva, no seu caminhar sensual e colecionador de olhares masculinos, teima em puxar, puxar para baixo, como se a coitada da amostra de pano tivesse culpa de ter sido concebida assim e sofrer tantos puxanços e apalpões da dona. Não apetece furtar o panito e poder ver o que se ocultará por debaixo daquele baixo-ventre? E aquela perna bem torneada, em que uma qualquer Sharon Stone, no filme Instinto Selvagem, é simplesmente amostra gratuita, não me diga que nunca sentiu um irreprimível desejo de as levar consigo? Não? Ó diabo, não me diga que gosta de outra fruta…!

Anónimo disse...

O testamento tem toda a pinta de ser para o intragável. Posto isto, decidi passar logo para a parte final que por sinal tinha a Sharon Stone mencionada. E não foi uma má visualização, não senhor.

Quanto à outra fruta por si referida, a forma como trata mais outro assunto só continua a mostrar de que é que é feito.

LUIS FERNANDES disse...

NOTA DO EDITOR

Olhe lá, criatura –este tratamento, assim, não pretende alcançar qualquer sentido depreciativo, porque não sei se é homem ou mulher, embora me incline a 99 por cento de que é mesmo mulher-, que culpa tenho de você se sentir frustrada e com uma enorme carência de humor? Diga-me lá, quer o primeiro texto que escrevi quer o segundo, por acaso, não é perceptível que foi escrito com uma implícita ironia? É óbvio que, sobretudo o segundo, na resposta, não pretende ofender. É simplesmente uma brincadeira –que para si, como se vê, é de mau-gosto. Admito que o seja mas foi a resposta possível para um silogismo, uma extrapolação idiota como a que sugeriu. A senhora não tem por costume seguir o que escrevo –mas fica convidada a partir de agora e pode continuar a dar-me nas orelhas que eu não me importo. Se me seguisse, mais que certo, saberia que sou liberal –no sentido de que não tenho nada a ver com as opções políticas, religiosas, clubísticas, sexuais ou outras. Quero apenas que cada um seja feliz. Que cada um atribua a cada um o respeito que a sua intimidade merece.
Para terminar, gostaria de lhe dizer que quando escreve “continua a mostrar de que é que é feito”, afirmo que, orgulhosamente, sou feito de uma massa amassada pelos punhos da experiência empírica retratada em trabalho. E com isto não quero dizer que sou mais ou menos do que você, melhor ou pior. Sou apenas o resultado de uma vida passada e nada mais.
Volte sempre. Se permite, volte mais leve, sem esse azedume e a parecer que todos lhe devem dinheiro e não lhe pagam –a começar por mim. Encare as coisas com alguma subtileza. Deixe os seus livros e a secretária e venha para a rua. Veja como está um dia lindo. Apesar de termos de viver um dia de cada vez, vale a pena estar vivo. Faça o favor, a si, a quem a rodeia, e a mim, de tentar ser mais feliz!

P.S. –Bem sei que isto não lhe interessa nada –o que lhe importa mesmo é descarregar a sua frustração cá no rapaz-, mas fica a saber que o violino do puto foi recuperado.

Anónimo disse...

Comecei (e acabei no P.S.) isto porque não sou reformado e não posso vir para aqui extravasar a alma.

A felicidade do miúdo é importante (já tinha lido algures que o violino foi recuperado!) mas preocupa-me é o senhor.

Precisa relaxar e acima de tudo não ser tão extremo em relação a determinados assuntos.

LUIS FERNANDES disse...


RESPOSTA DO EDITOR

Pela primeira vez, meu caro (ou cara?), dou-lhe razão em parte –só em parte, escreva aí, porque se lha desse toda, no todo, você levantava voo. Não me venha com liçõeszinhas do Tonecas a parecer mais assertivo(a) que um doente em coma. Como lhe disse no anterior texto, não pretendo ser melhor do que o senhor(a), ou alguém, mas, pelas suas sucessivas atirar mexas para a fogueira, este “debate” atiça-lhe a alma, dá-lhe vida –nessa que leva, se calhar um pouco comezinha, chata, pregada à secretária e sempre a ler papéis, ainda por cima de direito, o que é uma grande seca. Bom, mas vou deixar-me de rodeios e ir ao âmago da questão –ou melhor, meia questão.
Então é assim: tem muita razão quando diz que preciso de relaxar. É verdade! Precisava de um mezito de férias… Mas, sabe como é?!? As coisas estão um bocado difíceis, para mim, e não posso. Estou um bocado depauperado de finanças… -de repente lembrei-me, a senhora nas férias próximas de Agosto, por acaso, não precisará de um motorista? Era uma boa obra que fazia. Já que vai viajar sozinha juntava-se o útil ao agradável –mas atenção, só se for mesmo mulher. Se continua a teimar em apresentar-se como homem, desculpe mas vou continuar e prefiro este meu estado de tensão permanente como corda de viola. Já sei que me vai acusar de não respeitar as diferenças de género e sei lá que mais –às tantas ainda me acusa de homofobia. Sei lá!?! De si já espero tudo!
No entanto, e já que parece estar tão preocupada comigo, para que possa dormir na paz dos anjos, vá a uma agência de viagens e escolha um cruzeiro ao seu bel-prazer. Só uma coisa: não exagere na dose porque, como não estou habituado, posso adoecer em consequência dessa vida difícil.
Quanto à outra parte, que a parte toda e me tenta atribuir em comparte, devo dizer-lhe que não me tenho na conta de radical. Admito que o possa parecer –admito somente. Acredite que não sou inflexível em relação ao que penso. Tudo é rebatível –como sabe, aprende-se isto no curso que hoje lhe serve de profissão, e com muita competência, aposto. Desde que seja fundamentado tudo pode ser argumentado. Seja lá o que for. Verdades, verdades, há muitas e tantas quantos humanos –bem sei que não concorda que a verdade é uma simples convicção. Mas deixo a discussão pendente.