Henrique Monteiro
“Há notícias que só leio passados dias, ou que
me escapam de todo. Ontem, porém, ao ler a edição semanal do Expresso, dei com
um comentário a uma notícia do 'Correio da Manhã". Quando a fui ler no
'Correio da Manhã', reparei que ela já tinha sido comentada por uma jornalista
daquele jornal. Este é, portanto, o terceiro comentário sobre o mesmo assunto,
depois dos que foram feitos pelos meus colegas Fernanda Cachão, do CM, e João
Garcia, diretor-adjunto do Expresso.
Porém, considero que não é demais
repetir. E espero que alguns leitores partilhem o assunto. Algum modo há-de
existir para que certas coisas não continuem. E, se não houver modo, pelo menos
os responsáveis hão-de ler por todo lado comentários críticos que retratam a
vergonha que deviam ter.
A questão é a seguinte: Jorge
Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, departamento que não tem
dinheiro para - como se costuma dizer - mandar cantar um cego e vai cortar 15
milhões de euros em despesas com pessoal, recrutou um 'boy' do PSD para o seu gabinete
a quem vai pagar como adjunto. Ou seja, mais de três mil euros,
mais do que ganha diretor de serviços, ou, como escreve no Expresso João
Garcia, "mais que juiz, que coronel, o dobro de professor'. Fernanda
Cachão ironiza que "afinal há dinheiro" desde que seja "money
for the boys".
Mas o melhor, o melhor mesmo, é o
currículo do adjunto. Tem 24 anos, três workshops no centro de formação de
Jornalistas Cenjor, fez o estágio na Rádio Renascença, onde trabalhou oito
meses e foi durante cinco meses consultor de comunicação do...PSD!
Uau!! Que rica experiência...
Acresce que Barreto Xavier, antes
desta contratação já tinha três adjuntos, sete técnicos especialistas, duas
secretárias pessoais, chefe de gabinete, dez técnicos administrativos, três
técnicos auxiliares e três motoristas.
Falta dinheiro (salvo para os boys)
mas há excesso de descaramento.
Digamos que se há algo que não
falta, é a falta de vergonha.”
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