terça-feira, 15 de março de 2016

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




Pedro Bingre deixou um novo comentário na sua mensagem "CARTA ABERTA A FERREIRA DA SILVA, VEREADOR ELEITO ...":


Estimado António Luís Fernandes Quintans, agradeço-lhe o comentário que fez à nossa votação de ontem a favor de mais estacionamento para uma média superfície na margem esquerda, qual entende ser prejudicial para os estabelecimentos comerciais da Baixa de Coimbra.

Tenhamos em atenção os detalhes do pedido que votámos favoravelmente: tratou-se concretamente da autorização de 35 lugares de estacionamento suplementares (em adição aos 42 já permitidos pelo PDM) para um supermercado relativamente pequeno (1000 metros quadrados de área comercial dedicada essencialmente à venda de produtos de mercearia). Este estacionamento privado será aberto num terreno privado a mais de um quilómetro de distância, feito a pé, do Largo da Portagem.

Importa então questionar se esta obra irá pôr em causa a viabilidade do pequeno comércio da Baixa.

Ora, uma tendência recente do comércio de mercearia a retalho é a proliferação de pequenas e médias superfícies ditas "de proximidade", em detrimento das grandes superfícies a que chamamos hipermercados. Os habitantes citadinos começam a preferir fazer pequenas compras quase quotidianamente em pequenas lojas do que comprar grandes cabazes em extenuantes visitas quinzenais a hipermercados. Ao mesmo tempo, preferem comprar no bairro onde residem: a mercearia serve a rua, o supermercado o bairro, o hipermercado as grandes aglomerações suburbanas onde não há comércio local. É nesse contexto que surgiu este pedido de licenciamento.

Sob este ponto de vista, as mercearias tradicionais da Baixa não competem com os supermercados da margem esquerda do Mondego; quando muito sofrem competição de médias superfícies já existentes junto à Estação Nova e à Rua da Sofia — e mesmo assim as preferências dos consumidores afastam-se cada vez mais destas últimas, e aproximam-se das primeiras. A vantagem de uma mercearia é, do ponto de vista do cliente, o ser acessível a pé a partir de sua própria casa; por isso, o futuro das mercearias da Baixa é tornar repovoar este bairro hoje em dia quase desabitado.

O meu amigo António Luís afirma ainda que a abertura deste novo estacionamento privado, somada ao encerramento do estacionamento gratuito do Terreiro da Erva, irá retirar ainda mais clientes ao comércio da Baixa da cidade. Quanto a isto, devemos ter em conta que a reabilitação do dito terreiro visa torná-lo mais atractivo a visitas. Pela mesma ordem de ideias, o Terreiro do Paço deveria ter continuado a servir de parque de estacionamento para fomentar o comércio na Baixa de Lisboa…

Estamos de acordo que o comércio da Baixa e Coimbra precisa de ser estimulado, e para isso necessita de estacionamento barato para os visitantes e gratuito para os residentes. Mas para atingir esse objectivo é contraproducente manter o Terreiro da Erva na condição em que se encontrava, e é inconsequente proibir a criação de estacionamentos privados a mais de um quilómetro de distância. Por isso a luta dos Cidadãos por Coimbra tem passado por, entre outras coisas, propor ao executivo a criação de uma Agência Municipal de Arrendamento que propicie habitação acessível no centro histórico da cidade, reabilitando e reabitando os inúmeros prédios que na Baixa não têm outra utilização senão o comércio a retalho no rés-do-chão, enquanto os restantes apartamentos permanecem desertos.

Qual será, afinal de contas, a maior causa de problemas para o comércio da Baixa? A falta de estacionamento ou a falta de povoamento?

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu também não percebo que prejuízo causa aos comerciantes da Baixa uma mercearia, pequena ou grande, na outra margem. A última vez que vi uma mercearia na Baixa foi na Visconde da Luz já lá vão dezenas de anos, o falecido Colmeia, fora uma ou outra frutaria e loja gourmet, que se mantém na baixinha
Os comerciantes da Baixa apenas se têm de queixar dos consumidores. Façam como o nosso ministro da economia, que apela ao patriotismo dos portugueses, e apelem aos coimbrinhas, os verdadeiros, para não irem gastar o seu dinheiro lá naquela terra na outra margem do rio.