(Imagem do Jornal de Notícias)
“Foram vistos por frequentadores do bar, que
fica a pouco mais de 100 metros da casa onde um deles acabou por ser morto a
tiro. José Sousa, de 74 anos, está indiciado pelos crimes de homicídio
privilegiado e detenção de arma proibida. Terça-feira à tarde, foi ouvido pelo
juiz de instrução criminal do Tribunal de Setúbal, que o libertou, decretando
como medida de coação a apresentação semanal no posto da GNR de Palmela.”-retirado do Jornal de Notícias.
Nos últimos anos, os acontecimentos em que se
coloca a justiça no banco dos réus têm sido recorrentes. Lembremos o caso do
agente da GNR, Hugo Hernano, que, por ter matado uma criança levada pelo pai
num assalto, foi condenado em primeira instância a 9 anos de prisão. A administração da justiça, enquanto pilar fundamental e institucional do Estado, está cada vez mais descredibilizada e, enquanto nobreza de virtude, vazia de missão no sanar de conflitos.
Como ressalva, sou totalmente a favor do
constitucional primado da vida humana –ou seja, a defesa intrínseca na sua
prossecução até ao limite, até à exaustão do último suspiro. A preservação da espécie
humana é o alicerce e o suporte desta mesma humanidade. A Natureza sem o humano
não deixará de prosseguir o seu caminho, contudo, sem ele, não seria a mesma
coisa. Porém, numa rota rumo ao desconhecido contrário à multiplicação, o que
vemos nos últimos tempos?
Valorizar e dar mais importância aos
irracionais do que propriamente os humanos –não longe virá o tempo em que será
proibido matar animais para alimento: carne e peixe. Com a continuada sacralização do animal, um dia, seguindo a Índia
com a idolatria às vacas, veremos cães e gatos, em hordas, a passear livremente
pelas cidades ocidentais e sem que ninguém lhes possa tocar. Num cenário futurista
e dantesco, através de mais inteligência induzida nos seus cérebros, é possível
antever o animal a tomar conta do homem.
Vemos defender a eutanásia como se alguém em
estado de grande sofrimento fosse capaz de expressar uma vontade livre e
independente de decisão –com esta medida, a ser aprovada, está-se a abrir uma
porta para provocar a morte precoce de velhos e padecentes de doenças graves e
desonerando o Estado da responsabilidade de assistência.
Em nome da independência da mulher, vemos os
governos (sobretudo de esquerda) defenderem o aborto sistemático –excluindo o
aconselhamento psicológico antes da decisão e transformando o acto em mera
acção contraceptiva.
Para poupança dos cofres estatais, vemos o continuado implementar
de medidas políticas contra o nascimento de crianças –que está nos antípodas da
eutanásia. Como exemplo, diminuição de abonos de família, aumento de escalões
no IRS que retiram receitas às famílias e diminuição do rendimento através dos
cada vez mais baixos salários. Aumento de desemprego pelas políticas contrárias
ao desenvolvimento do emprego, isto é, em vez dos governos fazerem tudo para
manter pequenas e micro-empresas a funcionar, conservando os postos de
trabalho, abandonam-nas à sua sorte e depois quando já só resta a devastação social
e económica, com custos incomensuráveis, vêm então a apoiar ora com subsídios
de inserção –que já pelo nome constituem um estigma e atentado à dignidade- ora
com a distribuição de verbas para instituições de solidariedade.
Prosseguindo na linha da notícia que está na
origem desta crónica, sem levar em conta que, por questões
económicas-financeiras, o Estado se desonerou completamente da defesa da
propriedade, os tribunais, como que seguindo a mesma doutrina executiva,
parecem querer castigar ferozmente quem se opõe ao assalto violento. Em
silogismo, com condenações absurdas, de agentes da lei e de cidadãos privados
apanhados, parecem dizer: ninguém tem o
direito de se opor ao furto e roubo violento. Devem deixar levar sem manifestar
qualquer reacção. É a forma encontrada para redistribuir e descentralizar a
concentração de riqueza.
Então, num inexplicável entendimento das leis
e desvalorização da legítima defesa –em acção directa por omissão do Estado-,
vemos os tribunais valorarem mais a vida perdida às mãos de quem tenta defender
a propriedade do que aquelas mortes que resultam de homicídio perpetrado por delinquentes.
Talvez valha a pena pensar nisto.
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