São cerca de 9h30 de hoje. Joaquim dos Santos,
relojoeiro e proprietário da ourivesaria Safira, na Rua das Padeiras, arrasta
uma das pernas ao longo da calçada. Como o conheço bem e sei que não é a sua
postura normal, em jeito de provocação, atirei: diga-me, houve pancada ali para
baixo? Respondeu o “Quim”: “sabe lá o que
me aconteceu? Na última terça-feira, dia 15, estava a chover, quando passava em
frente à “Toca do Gato”, junto às Escadas com o mesmo nome, escorreguei na
pedra e estatelei-me ao comprido e já não me consegui levantar. Fui levado de
ambulância para o hospital e, depois do diagnóstico, pelos vistos, fiz uma
rotura de ligamentos. Durante o dia, na minha loja, tenho de sentar-me para
descansar a perna. Olhe que não aguento com dores. Aquilo é uma vergonha! Então
num plano inclinado, como é a Rua dos Gatos, colocam pedra lisa? Estou a
ponderar seriamente apresentar uma queixa na PSP por negligência dos serviços
camarários. Até porque não fui o único a cair ali. Segundo declarações de João
Braga, dono da popular tasca, nos últimos tempos, sempre que chove, as quedas
são em série naquele local. Disse-me o Braga que está farto de ligar para a
Câmara e até hoje nenhum funcionário lá foi verificar a armadilha. Se calhar, só quando lá morrer alguém!”
De facto, em 8 de Fevereiro, através de
comunicação à edilidade, dei conta de uma queda aparatosa de Joaquim Félix, relojoeiro,
de 78 anos, que foi transportado pelo INEM. Ver aqui a notícia que escrevi na altura.
Pelos vistos, com maior aparato, só lá caem
profissionais ligados à relojoaria e ourivesaria. Como são poucos na cidade,
deve ser por isso que os serviços da autarquia continuam de orelhas moucas. O
problema é se, por acaso, tem de ser pagas indemnizações. É certo que cai sempre
no saco largo do erário público, mas pode ocorrer alguém, individualmente, ser
responsabilizado civilmente por negligência. Quando isso acontecer, é de ver
que a celeridade vai chegar à Praça 8 de Maio.
(TEXTO ENVIADO, PARA
CONHECIMENTO, À CÂMARA MUNICIPAL)
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