sábado, 19 de março de 2016

HOJE É O DIA DO PAI

(Imagem da Web)


O Facebook, o quadro negro dos tempos hodiernos, hoje está carregado de fotos e mensagens amorosas para o pai de cada um, filho, que plasma a mensagem. E para aqueles pais cujos filhos não se lembraram deles? Haverá lá algum recado carregado de sofrimento e dor? Provavelmente haverá, eu é que não vi nenhuma na rede social. Num exercício ao contrário, imaginemos um pai esquecido pelos filhos a escrever aos seus herdeiros:

Meus filhos queridos, adorados, dirijo-me a vocês para agradecer o não me terem enviado hoje, 19 de Março e Dia do Pai, um simples sms. Estou eternamente grato pela desatenção. Afinal, embora não sintam, vocês fazem de mim um ser singular e especial –sim, por que a normalidade assenta exactamente no contrário. É precisamente pelo silogismo, pelo raciocínio baseado na ideia de dedução, composto por duas premissas que geram a conclusão. Então sigam o meu pensamento: se a maioria envia um sinal público aos amigos para mostrar que ama; se vocês, a minoria, não seguem o mesmo exemplo, nem através do público nem do privado, mas amam sem o manifestar, logo, amam muito mais! Estarei certo ou errado?
Estou em crer que estou certo. Isto porque, é minha dedução, nenhum filho, mesmo tendo como pai o maior bandido do planeta, poderá excluí-lo da sua mente e para sempre do seu amor. Um dia, pode ser tarde para a declaração mas virá com certeza, inevitavelmente vai acontecer a retratação. A necessidade de ficar em paz com o pai é muito mais do que uma mera participação de afecto. É uma denúncia imperativa pessoal saída da alma. É uma epifania manifestada pela origem, na forma terrena e pelo ser divino.
Por isso, meus filhos, como sei que não se esquecem de mim jamais, espero apenas o momento da revelação. É apenas uma questão de tempo. E tempo é espaço virtual que nos falta somente quando não o temos.

Sem comentários: