(Imagem da Web)
O Facebook, o quadro negro dos tempos
hodiernos, hoje está carregado de fotos e mensagens amorosas para o pai de cada
um, filho, que plasma a mensagem. E para aqueles pais cujos filhos não se
lembraram deles? Haverá lá algum recado carregado de sofrimento e dor?
Provavelmente haverá, eu é que não vi nenhuma na rede social. Num exercício ao
contrário, imaginemos um pai esquecido pelos filhos a escrever aos seus herdeiros:
Meus filhos queridos, adorados, dirijo-me a vocês para agradecer o não
me terem enviado hoje, 19 de Março e Dia do Pai, um simples sms. Estou
eternamente grato pela desatenção. Afinal, embora não sintam, vocês fazem de
mim um ser singular e especial –sim, por que a normalidade assenta exactamente
no contrário. É precisamente pelo silogismo, pelo raciocínio baseado na ideia
de dedução, composto por duas premissas que geram a conclusão. Então sigam o
meu pensamento: se a maioria envia um sinal público aos amigos para mostrar que
ama; se vocês, a minoria, não seguem o mesmo exemplo, nem através do público
nem do privado, mas amam sem o manifestar, logo, amam muito mais! Estarei certo
ou errado?
Estou em crer que estou certo. Isto porque, é minha dedução, nenhum
filho, mesmo tendo como pai o maior bandido do planeta, poderá excluí-lo da sua
mente e para sempre do seu amor. Um dia, pode ser tarde para a declaração mas
virá com certeza, inevitavelmente vai acontecer a retratação. A necessidade de
ficar em paz com o pai é muito mais do que uma mera participação de afecto. É
uma denúncia imperativa pessoal saída da alma. É uma epifania manifestada pela
origem, na forma terrena e pelo ser divino.
Por isso, meus filhos, como sei que não se esquecem de mim jamais,
espero apenas o momento da revelação. É apenas uma questão de tempo. E tempo é
espaço virtual que nos falta somente quando não o temos.
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