Neste Dia dos Centros Históricos, em vez de
focar vários problemas que nos tocam todos os dias, passando pelo turismo que
nos salva, se Deus Nosso Senhor quiser, e o futuro que se avizinha, vou começar
por fazer um balanço entre encerramentos e aberturas de estabelecimentos nestes
três primeiros meses.
ÓBITOS
Do que tomei conhecimento, nos três primeiros
meses deste ano encerraram quatro estabelecimentos: A Casa Guimarães, na Praça
do Comércio, uma loja com várias décadas e que se dedicava ao ramo de atoalhados;
a Tabacaria do Jorge, na Rua da Louça, que, como o nome indica, se dedicava à
venda de tabacos, jornais e revistas e já vinha da década de 1960; a Baby &
Me, na entrada do Centro comercial Visconde, na rua com o mesmo nome, e onde
funcionou durante escassos meses a Pepperosso. Era uma loja de artigos de
criança e durou sensivelmente seis meses. Conforme indicação na montra,
transferiu instalações para o Átrio Solum; e uma loja de artigos chineses, na
Rua das Padeiras, onde outrora funcionou o Café Puri.
ESTADO VEGETATIVO
A vender o que resta de Stock, com cinquenta
por cento de desconto, está a Românica, na Rua Adelino Veiga, e que já vem dos
anos de 1950 e que foi um ícone nos brinquedos. Não se sabe o que vai acontecer
às várias lojas que compõem o conglomerado e que se dedicam a vários ramos de
negócio.
NASCIMENTOS
A mostrar que a Baixa está a mudar, sobretudo
pela vinda destas grandes marcas, nos primeiros dias de Janeiro abriu o
Continente, nas agora partilhadas instalações da Auto Industrial, na Avenida Fernão
de Magalhães. E agora, nestes últimos dias, nasceu o Burger King, na Avenida
Navarro e junto ao Largo da Portagem.
Se a instalação do primeiro, do
Continente, pode provocar opiniões diferenciadas pela concorrência com o
comércio tradicional, já o segundo, o Burger King, gerará total unanimidade.
O QUE DIZER DESTAS
ABERTURAS?
Tal como já escrevi várias crónicas, muito
comércio que se repete, igual a tantos outros e que pouco terá de original,
inevitavelmente, vai desaparecendo. É a lei da vida, onde morrem uns para dar
lugar a outros, poderá dizer-se. Mas estou em crer, por trás desta reviravolta
está um motor de desenvolvimento que está a contribuir para a procura intensa
de edificado na Baixa e vinda de grandes marcas: o turismo em crescendo.
Segundo dados da Universidade de Coimbra, o número de visitantes duplicou no
ano passado.
Está de ver que o sector alimentar, bares e
restaurantes, vai tomar conta desta parte baixa da cidade e, com a sua entrada
na noite, vai retirar o marasmo que se apercebe a olho nu, sobretudo, depois
das 19h00.
Uma coisa dá para entender: o processo de
desenvolvimento em larga escala está e vai acontecer, como sempre, por força
dos privados. Se assim não fosse, se esta zona não tivesse o futuro escrito nas
pedras da calçada, como entender o facto do Burger King ter criado 30 postos de
trabalho? Estas grandes marcas não brincam em serviço. Só enterram o prego onde
há perspectivas de extrair petróleo.
E MAIS?
Com as obras anunciadas do Terreiro da Erva e
a (re)abertura da chamada Via Central estes dois projectos de iniciativa
pública podem também ser a varinha de
condão da tão esperada e anunciada revitalização da Baixa de Coimbra.
E A NOVA AVENIDA NÃO
PODE SER ALGO DIFERENTE?
Tenho para mim que com a abertura deste canal e
nas condições em que vai ser feita poder-se-ia desenvolver a ambição e realizar
aqui o que se pensou no início dos anos 2000 para as ruas da calçada. Ou seja,
seguindo as galerias de Milão, poder-se-ia cobrir esta nova avenida desde a
Loja do Cidadão até à Rua da Sofia e fazer dela uma via comercial por
excelência.
Pela ideia não é preciso pagar nada. Aproveite-se,
concretize-se e requalifique-se toda esta área desclassificada e ficaremos
todos a ganhar.
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