Cerca de dois anos depois, abriu em Outubro de 2013, presumivelmente,
encerrou esta semana a “Nata Lisboa”,
um estabelecimento em regime de franchising
da marca “Nata Mundo”, esta, com sede em Lisboa e vários estabelecimentos no país. “A Nata Lisboa” tinha o estabelecimento
em frente ao Arco da Barbacã, na Rua Ferreira Borges.
Se é certo que o boato deste claudicar já
percorria estas ruas e ruelas há cerca de dois meses, é também verdade que o
fecho de uma casa comercial nesta área é sempre algo triste. Os
estabelecimentos são coisas, mas são também extensões das pessoas que estão
dentro deles. Se fecha a loja, os seus representantes ficam como que amputados, em sofrimento, como se perdessem um órgão do seu próprio corpo.
O que lamento, mais uma vez, é que esta morte –presumida
por mim-, como tantas outras, passem despercebidas e, por parte dos seus
proprietários, tudo seja feito para passar no silêncio dos pingos da chuva. O
hábito, em maioria, é fecharem pela calada e, como se estivessem a fugir com
vergonha, deixarem na montra um dístico com a frase “Em remodelação”. Se assim
não fosse, e mais uma vez, como entender a mensagem colada no vidro da porta: “Estamos
a construir um espaço novo para si. Prometemos ser breves. Pedimos desculpa
pelo incómodo. Obrigado!”. Estarei enganado? É provável! Oxalá que sim!
Penso que estaremos cá para ver!
Porque a
questão essencial, em especulação, é: deveremos ou não discutir os
encerramentos comerciais? Se sim, e a mim parece-me importante, vamos todos
colocar os dados em cima da mesa, no mínimo, para tentar remediar alguma coisa
para o futuro, para os que vêm de novo, porque dos que partem não reza a
história –isto, passando a imodéstia, se eu não falasse disso nem se dava
conta. Estamos a assistir passivamente, onde a anormalidade se tornou costumeira,
a um genocídio comercial. Vem-me à memória Adriano Correia de Oliveira, “Cantar de Emigração”: “este parte, aquele parte, e todos, todos se
vão (…)”.
Porque, não falando deste problema,
remedeia-se alguma coisa? É bom para a Baixa não se trazer o assunto à colação?
Que responda a estas perguntas os que não gostam que eu escreva a dar estas más
notícias. E são muitos! E não são somente alguns (maus) políticos da Praça 8 de Maio. Há
muitos comerciantes que me olham de soslaio por mostrar a nu o que se está a passar.
No melhor, chamam-me “anjo da desgraça”. E porque reagem assim? A razão do seu
procedimento assenta no seu lado egoísta de pensarem que dando à estampa estas
informações tristes as pessoas virão cada vez menos à Baixa. Até pode ser. Admito! Mas
e os que partem? Como fica a sua vida familiar e financeira? E os que permanecem? Não estarão na fila? É calando que se
remedeia? Embarcando no silêncio de conluio não será fazer o jogo do poder,
daquele poder que se está a marimbar para a (pouca) sorte de quem arrisca?
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2 comentários:
Quando leio o dístico na porta leva-me a pensar que estarão a procura de umas novas instalações quiçá mais baratas em termos de custos, nomeadamente renda. mas concordo consigo é sempre triste ver uma loja fechar, dá ilusão que se perde parte da identidade da baixa. Abraço
Felizmente, o que está escrito no papel colado na porta é verdade. A loja está apenas em remodelação e vai reabrir brevemente, segundo informações no facebook Nata Lisboa.
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