(Foto, a preto e branco, de João José Cardoso)
O terminal de camionagem de Coimbra, antiga
Rodoviária Nacional e agora propriedade da Transdev,
uma operadora de transportes públicos francesa e líder na transportação de
passageiros em autocarro e metro/eléctrico, colocou um sistema de barramento e cobra
cinquenta cêntimos para os seus clientes usarem a casa-de-banho.
Especulando, a partir do nome que se tornou
marca, “Transdev”, que nos arrebata para
um estádio de transcendência, para um “devir”,
conceito filosófico que significa as modificações pelas quais tudo passa, já que
neste mundo nada é permanente, imutável, excepto a mudança e a transformação, poderemos
ser levados a entender que a multinacional gálica, ao aplicar uma taxa
obrigatória para uma necessidade natural e legítima dos seus constituintes, procura
contrariar o progresso. Como se sabe o progresso assenta na ideia de que o
mundo pode tornar-se gradualmente melhor com a ajuda da ciência, tecnologia,
modernização, liberdade e qualidade de vida. Quero dizer, portanto, que a “Transdev”, com esta medida, reporta-nos
para o eterno retorno, para as nossas
origens, quando para satisfazer uma necessidade fisiológica se recorria a
qualquer canto e onde calhava. Raciocinando, implicitamente, parece dizer: “Portugueses, vocês são um povo rústico e
atrasado. Como fizeram até há poucas décadas, cagar e mijar é em qualquer canto.
Como imperativo categórico por falta de escolha, entre o pagar e não pagar, façam-no
em qualquer recanto da estação rodoviária!”
Depois destas incursões filosóficas, no fundo
a tentar justificar o injustificável, como é que se pode compreender uma medida
destas?
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