terça-feira, 20 de outubro de 2015

POEMA PARA TI, FILHO



POEMA PARA TI, FILHO

Quando me lembro de ti tão pequenino,
a arremessar o teu primeiro grito,
comparei-te com sonoro tocar do sino
em tarde cortada por povoado aflito;
Dos braços da tua mãe te acolhi,
com tantos beijos te assinalei,
nas minhas mãos ao céu te ergui,
pela tua vinda, como criança chorei;
Contigo pela mão, levava-te à Joaninha,
à loja de brinquedos do João Monteiro,
era em frente à Câmara, na Baixinha,
onde o prometido Metro foi coveiro;
Cresceste, de infante a adolescente,
senti-te um melro a voares da minha mão,
um papagaio de papel em busca do ausente,
tão precoce, como a bala disparada de canhão;
Hoje, homem em busca da espiritualidade,
como estrela sem brilho perdida no Universo,
errante, procuras um caminho para a felicidade,
mas o contentamento é uma Atlântida submersa;
Gostava de te dizer, meu filho, o quanto te amamos,
mas não podemos retirar os espinhos dos teus caminhos,
és tu que tens de desbravar, é tudo o que desejamos,
 pega a vida pelos cornos e desampara-te dos paizinhos.

Sem comentários: