O relógio do Banco de Portugal, no Largo da
Portagem, marcava 16h00. O tempo estava claro e refulgente depois de uma manhã
cheia de manchas negras e bátegas de água a salpicar tudo o que mexia. No início
do Parque Manuel Braga, junto à entrada para o barco “Basófias”, os poucos espantalhos que restam de uma exposição falhada,
promovida pelo pelouro da Cultura da Câmara Municipal e com o esforço de vários
ranchos típicos da região, estão a ser recolhidos para outras paragens. Os
espanta-pardais, encostados à grade de ferro de resguardo na margem do Rio
Mondego, estão hirtos e parecem olhar o chão de areia e terra-batida com angústia. Sem falar,
sugerem perguntar: o que daria na moleirinha
das cabecinhas pensadoras da Casa da Cultura para este ano transferirem esta mostra
da Praça do Comércio para este local tão desprotegido pelas condições
climatéricas? Será que quem vem de trás, por irreversível destino, tem sempre
que fazer pior do que o antecedente? Ó almas de Deus, tenham dó!”
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