O BARCO FORA DO MAR
Ó barco ancorado no jardim,
a ti que a estrada
separa do mar,
diz-me, por favor, conta para mim,
sendo mareante, porque foste aí parar?
Aportaste aí renegado pelo oceano?
O Homem fez de ti um mostrengo?
Foste discriminado como um cigano,
calculo, que não sabe bailar flamengo;
Tens em frente o sinal obrigatório,
a indicar-te a direcção do asfalto,
como se alguém num directório
decidisse o teu destino sem sobressalto;
Qualquer um sentencia o nosso futuro,
sem olhar que causa tanto sofrimento,
é como o manto à tua frente, escuro,
que te faz morrer de desalento;
Não te importes meu barquinho,
tens para mim todo o valor,
olho para ti com todo o carinho,
junto, com os olhos do meu amor;
Sei que estás muito sozinho
como um velho abandonado
que daria tudo por um carinho,
num beijo e um abraço agrilhoado.
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