quarta-feira, 23 de outubro de 2013

EDITORIAL: QUO VADIS MACHADO?




Esta semana, numa entrevista ao Jornal Público, Manuel Machado, o regressado presidente eleito e empossado na Câmara Municipal, afirmava -pressentindo-se com vincado orgulho- ter sido o responsável pela pedonalização das Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz nas décadas de 1990. Já o escrevi várias vezes, se para a solução criada nessa altura nada há a apontar –já que a densidade populacional de transeuntes era elevada-, hoje, constatando-se uma sentida desertificação de pessoas nestas artérias, a continuar a tomar esse alegado remédio com vinte anos, pelo prazo de validade expirado, se não houver reflexão, pode contribuir para a  morte de quem cá está e tenta resistir. Pelas declarações ufanas dá a parecer que o novo presidente não está aberto a alterações ao passado e a novas soluções emergentes.
Com este regresso, uma vez que Machado conhece bem a casa e as maleitas da Baixa, os comerciantes, muitos deles agonizantes, geraram expectativas –esperando não serem goradas. Anseiam por uma nova postura democrática para a discussão dos problemas que os afligem. Uma das maiores barreiras sentidas nos últimos 25 anos foi o autismo, a falta de diálogo, o esquecimento a que foram sistematicamente votados. Foi sempre o “quero, posso e mando”. Sem escutar quem cá trabalha, reside e sofre. Se até aqui, em pró-forma, se fazia de conta que se ouvia a associação representativa de classe, agora, esta desapareceu, morreu, e os comerciantes estão entregues ao devir. Por isso mesmo, apela-se ao bom senso deste novo executivo. Se assim não for adivinha-se o resultado: os lojistas vão continuar a ser carne para canhão na frente de combate à crise.

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