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Meu caro país desenvolvido espero que te
encontres bem e cada vez mais satisfeito com os teus concidadãos. Pelas tuas
últimas notícias, sei que sentes um orgulho desmedido nos teus compatriotas e
eles em ti. Adivinho a felicidade nos seus rostos. O bem-estar. O sentir-se em
paz com o mundo é o caminho certo para o sucesso individual e colectivo. Tens
muita sorte! Felizes das Nações que têm bons filhos!
Escrevo-te para desabafar contigo, meu amigo. Sinto-me
triste, angustiado, se calhar deprimido. Não consigo fazer nada destes gajos! Isto
por aqui está cada vez pior. São uns rústicos, uns labregos, tudo do pior. Não
sei se é por estar no cu da Europa ou não, o que sei é que parece que me calhou
na rifa a sorte pequena e a desgraça. Bem dizia o tal general romano que esta
gente nem se governa nem se deixa governar. Cá para nós, que ninguém nos lê, também
é certo que com estes governos nascidos e criados depois da revolução de Abril
também não vamos lá nem com vaselina a olear a coisa. Anda tudo murcho! Tudo desanimado
com o futuro que se aproxima a passos largos. Por falar em passos, basta
olhares para o chefe do actual executivo, do Passos Coelho, e o que vai sair a
seguir, o do António Costa, e vês logo o tipo de cambada que albergo cá no
rectângulo. E dou eu o meu nome de Portugal a este pessoal! Não valem uma
caracoleta. É tudo um esfarelar do mesmo farelo.
Tu não vês, por exemplo esta agora do Marinho
e Pinto? Porra! Eu que tinha posto tantas esperanças neste abrantino, neste
gajo de pelo na benta? Está-me a sair
melhor do que a encomenda! Não sei se já chegaram aí as notícias, mas deu um “coice” ao MPT, Movimento Partido da
Terra, partido que lhe deu a mão para se candidatar ao Parlamento Europeu. Não
sei se estás a ver a coisa, pá, isto é o mesmo que dar um pontapé no traseiro
de alguém que nos segurou a escada e nos permitiu chegar à janela do
primeiro-andar da nossa casa, porque perdemos a chave. Não há esperança, pá!
Não se aproveita nada! Isto é como andar a tentar recuperar alguma coisa na
lixeira. É desgastante, meu amigo! Como é que uma Nação como eu, com cerca de
nove séculos, se aguenta nas canetas
com estes salvadores da Pátria? Deves imaginar como se sinto. Debilitado e
tristonho. Ainda no ano passado, não sei se destes conta, sabes o que fizeram?
Não sabes? Eu conto-te tudo, meu vizinho querido! Mas prometes não te rir? Ou
chorar, sei lá! Prometes? Vê lá bem que em 2013, na Assembleia da República, criaram
legislação, a Lei nº 64/2013, de 27 de Agosto, com os votos favoráveis do PSD,
CDS/PP e PS, para se manterem secretos os privilégios de toda a classe
política. “Por exemplo, as chamadas
pensões de luxo atribuídas aos ex-políticos (ex-deputados, ex-Presidentes da
República, ex-ministros e ex-primeiros-ministros, ex-governadores de Macau,
ex-ministros da República das Regiões Autónomas e ex-membros do Conselho de
Estado) e os ex-juízes do tribunal constitucional, passaram a ser escondidas do
povo português. A partir de agora e
na vigência desta lei, os portugueses e contribuintes ficam a desconhecer quem
são e quanto recebem financeiramente do erário público e do orçamento geral de
estado os ex-políticos e governantes. O que é o mesmo que dizer que os
políticos e governantes passam a poder decidir secretamente entre eles a
atribuição a si mesmos dos benefícios, regalias, subsídios ou outras mordomias,
sem que os portugueses, o povo português portanto, ou até mesmo os tribunais,
tenham direito a saber o que os políticos fazem com o dinheiro que é de todos
nós”.
Já percebeste a minha aflição? Não se
aproveita nada! Este povo está muito bem para a classe política que lhe calhou
em sorte. Não sei se estarei a ser claro. Com este povo morcanho só pode mesmo ter uma classe representativa do mesmo
calibre. Aliás, não sei se esta populaça não será ainda pior do que estes
assaltantes de bolsos alheios, públicos para gamar e privados para pagar. A turba quer é festa, pá! Dêem-lhe futebol, umas
minis e umas gajas boas para contemplar na rua e pronto! –que lá em casa
continuam a arrear na patroa! Isto é a tradição, pá! Começou no Afonso, não sei
se estás lembrado, aquele que batia na mãe –o que me fundou, pá!
Para consubstanciar o que estou a
escrever, a talhe de foice, até te vou contar o que aconteceu antes de ontem
numa terra muito próxima daqui de Coimbra e que é atravessada por comboios. Por
volta das 21h30, lá na rua do “se te
apanho fornico-te”, ouviram-se gritos aflitivos de uma mulher. Claro que a
vizinhança já calculava do que se tratava. Afinal há cerca de um ano que, como ensaio
de peça de teatro, esta história é repetida até à exaustão. Mais uma vez a
rapariga de vinte e poucos anos estava a ser maltratada pelo companheiro
embriagado. Mas desta vez foi pior, o marmanjo, talvez frustrado por não
conseguir molhar a sopa, atirou-se de
cabeça contra uma porta de vidro e ficou com os vidros espetados na cornadura. A
companheira, perante o sangue que lhe escorria da cabeçorra, a correr, foi logo abraçar-se a ele e a dizer que o amava
muito. Ele, em resposta, foi buscar uma arma e apontou-a a todos os que
presenciavam a cena do faroeste. No meio da frase tão característica do machão de trazer por casa, “se não és minha não serás de mais ninguém”, afirmou, visando a rapariga, que a matava e a seguir suicidava-se.
Veio a GNR, chegou o 112 e foi
transportado para os HUC, Hospitais da Universidade de Coimbra, e foi suturado
com uma série de pontos –estes casos deviam ser cosidos a frio com ponto-cruz
para melhor serem identificados. Voltou a casa mas a vítima dos seus
maus-tratos não lhe abriu a porta. Então ele foi colocar-se no meio da linha do
comboio –mais que certo com todos os olhos abertos não viesse mesmo o trem e a
coisa pudesse correr mal. Ligou à companheira a fazer de conta que estava a
despedir-se da vida de mau-porte. Ela foi a correr salvar o seu algoz e levou-o
para casa.
Diz-me, País amigo e desenvolvido, o que posso
fazer deste povo pacóvio, atrasado e que gosta de levar nos cornos?
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