O Victor Manuel Cardoso, mais conhecido entre
nós por Pintassilgo, não voltará a percorrer
estas ruas e ruelas do Centro Histórico. Embora só hoje desse conta do anúncio
do seu falecimento no mural da Igreja de São Tiago, o seu funeral já ocorreu no
passado dia 29 do mês passado. Ao que parece, e segundo o depoimento de um seu
vizinho, o Victor sofria da Diabetes e não se cuidava minimamente. Para além de
não vigiar o aumento da glicose no sangue –uma vez que o seu pâncreas não
gerava insulina suficiente para suprir as necessidades do seu organismo- o Cardoso
não tomava os medicamentos como estaria obrigado pelo médico. Para piorar, e
nisso sou testemunha, o Victor bebia demais. Por que o conhecia há mais de três
décadas enquanto funcionário da Universidade e agora aposentado, sei que o Pintassilgo era um homem triste e há
muito deixou de assobiar como o fazia em criança e que teria vindo a originar
este seu apelido. A vida, como para a maioria de nós, deu-lhe voltas e revoltas
que o tornaram num homem solitário e triste. Talvez por isso, quem sabe para
afogar as mágoas, deu em refugiar-se onde não devia. Outra vez como tantos de
nós, perante a solidão quem não arranja uma bengala? Somos todos assim e quem
não for que atire a primeira pedra.
Nesta singela crónica de elogio fúnebre, e
para que a memória não se desvaneça, gostaria de deixar registada a passagem
terrena do Victor, Pintassilgo, enquanto companheiro diário desta zona antiga.
Para a família, irmãos, filha e netos –e até a ex-mulher, porque acredito que
na hora da partida se esquecerão todas as coisas menos boas e se elevarão os
momentos de gratidão-, em nome da Baixa, se posso escrever assim, as nossas
sentidas condolências. Para o Cardoso, que já lá vai, uma grande salva de
palmas por ter sido um nosso camarada e amigo.
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