sábado, 19 de janeiro de 2019

BAIXA: INCÊNDIO AO AMANHECER





Esta madrugada, a hora indeterminada, deflagrou um grande incêndio no prédio do antigo Armazém Amizade, frente para o Largo das Olarias (junto à Loja do Cidadão) e lateral para a Rua da Moeda. Felizmente, o acidente ou incidente, já que ainda não se apuraram as causas, não provocou feridos. Com o interior completamente destruído, a construção ficou apenas reduzidas às paredes estruturais.
Durante mais de trinta anos e até final de 1990, o edifício, composto por rés-do-chão, primeiro-andar e sótão, esteve consignado à venda de artigos plásticos, brinquedos, bijutarias, louças e outros produtos para o lar. Por esta altura de 2000 a empresa entrou em insolvência e o edifício, ficando abandonado, sem electricidade, veio a ser ocupado como arrecadação pelos vendedores de etnia cigana. Era ali que eram guardadas as roupas e artigos de sapataria vendidos diariamente no terreiro em frente ao imóvel abandonado. No último 04 de Julho, Dia da Cidade, num baralhar e dar de novo para tudo ficar igual, para não variar, com a justificação do decurso das obras da futura Avenida Central, a Câmara Municipal, mais uma vez, e condenando a esperança perdida destas pessoas, “chutou” os vendedores ambulantes para o Largo da Maracha, a meia centena de metros. A edificação do antigo Armazém Amizade continuou a servir de espaço de apoio.


FOGO POSTO”, DISSE ELA


Cerca das 11h00, já em fase de rescaldo e com o tempo de chuva amiudada a ajudar a normalizar as coisas, com alguns carros de contra-incêndios e muitos bombeiros à volta, uma das comerciantes ciganas, sozinha, a sofrer em silêncio e com as lágrimas a escorrer pelo rosto bem tratado, olhava as colunas de fumo que se elevavam para o céu e mostravam cruamente o desastre que se abateu na sua prole. Com uma frase, os meus sinceros lamentos, vizinha, pela tragédia que caiu sobre o vosso negócio, procurei contemporizar e estabelecer uma pequena conversa. Como se precisasse de desabafar, retorquiu: “Foi fogo posto! Embora tenhamos aí algumas pessoas que ajudam a arrumar a tenda todos os dias, só nós, os vendedores, é que tínhamos a chave de ingresso ao armazém. Tanto é assim que os bombeiros encontraram o cadeado fechado. Porque fizeram isto? Andam sempre a criar conflito connosco como se fôssemos invasores. Nós ocupávamos o depósito com permissão da senhora, a proprietária, e, porque já estava estabelecido, até íamos sair daqui proximamente. Para além disso, para vendermos na rua pagamos. Ainda agora recebi uma comunicação da autarquia para pagar 55 euros. Houve colegas que perderam tudo! Por que nos fizeram isto, senhor? Deus é grande e vai castigar quem reduziu a pó o nosso ganha-pão diário.


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