“Caro
Quintans, li atentamente o que escreveu. Respeito o que diz e
concordo com a maior parte. Há , no entanto, alguns pontos, sobre o
meu pensamento, que queria esclarecer consigo. Nunca foi minha
intenção dizer-lhe , ou pressioná-lo, para alterar a linha
editorial desta página (Página da Câmara Municipal de Coimbra (Não Oficial). Nem sequer alimentar uma polémica. Tal como o Quintans
também acredito na liberdade individual daí longe de mim querer
alterar fosse o que fosse quer no seu pensamento quer na sua acção.
O moderador é o Quintans. Eu sou membro do grupo. O meu papel é bem
mais fácil do que o seu. Se o Quintans tem de se preocupar e meditar
sobre problemas como o conflito entre a liberdade de expressão de
quem difunde ideias homofóbicas e xenófobas e o seu papel pessoal-e
desta página- como suporte na difusão dessas ideias da minha parte
o meu papel-e problema- é bem mais fácil de resolver. Reconheço a
liberdade de reunião a todos no entanto nem todos se podem reunir no
meu quintal. Reconheço a liberdade de expressão a todos no entanto
não quero publicidade neo-fascista no meu ecrã de computador (como
não quereria publicidade estalinista, nazi, norte coreana, do
presidente Trump, de Nicolas Maduro, do Bolsonaro etc, etc, etc....).
Como melhor perceberá agora o que eu pretendia da vossa página era
apenas um esclarecimento sobre a vossa posição para eu poder
definir a minha. Desta forma retirar-me-ei de membro. Apenas isso. Da
próxima vez em que o encontrar na baixa, ou em que apareça na sua
loja, serei para consigo o mesmo de sempre.”
Obrigado
pela contra-resposta Ricardo Kalash. Antes de ir às saudações
democráticas, deixe-me mostrar uma ressalva: não tenho mais
simpatia pela força política de que falamos do que outra qualquer
do léxico partidário. Isto, no entanto, não quer dizer que,
igualmente como outras da esquerda à direita, não concorde com
algumas das suas posições políticas.
Por
outro lado, gostava de esclarecer um pormenor que marca toda a
diferença: o que está em causa é um post, colocado por um membro,
a fazer publicidade a uma conferência com o título “Ideologia
de Género – uma desconstrução social”, promovida pelo PNR,
Partido Nacional Renovador. Acontece que o caro amigo Kalash tomou
esta iniciativa local a realizar num pequeno café como se estivesse
em causa toda a política do PNR, e se fossem fazer lavagens
cerebrais a quem comparecer. Ou seja, em metáfora, tomou o grão de
areia pela praia. Em linguagem mais pragmática, num apriorismo
latente, respondeu ao estímulo exactamente como não se deve agir,
que é tomar a amostra pelo todo.
Peço-lhe
encarecidamente que não entenda a minha dissertação como
professoral, ou sobre bitola de superioridade existencial, mas já
sou velho, cheio de cabelos brancos e a alma cheia de cortes
angustiantes dados pela vida. Então, seguindo esta “deixa”,
vou dizer-lhe que, durante cerca de uma dúzia de anos, fui dono de
um pequeno café de bairro. Tenho para mim que o exercício da
hotelaria é a maior escola da vida no que toca à prática das
relações humanas. Foi ali que aprendi a generalizar olhando todas
as pessoas como boas até prova concreta em contrário (tese de
Rosseau). Isto é, partir do bom para o mau.
Ora,
se permite, o Ricardo, faz exactamente ao contrário. Num silogismo
digno de nota, sem debate e aceitando de ânimo leve ideias
correntes, leva a sério que se um membro de uma determinada
congregação é mau e difunde ideias perniciosas, logo toda a sua
irmandade é repelente. Como adivinha, a esta forma de proceder
chama-se preconceito.
Por
outro lado, é minha opinião que, sobretudo em Portugal, o fantasma
da extrema-direita está a levar a um irracionalismo exacerbado de
muitos livres-pensadores – como o Kalash. Ao escusar-se uma
discussão pública, fechando o assunto numa caixa hermética sem
análise, está a gerar-se uma falsa ideia de movimento forte e
concertado. Quem segue a política portuguesa com atenção sabe que
nada disto é verdade.
Quanto
ao seu pedido de demissão desta página, respeitando a sua opinião,
acho que faz mal. Pense bem! Ao abandonar, está a demitir-se de uma
responsabilidade social, que é a crítica legítima de quem olha
para além do horizonte, e a aceitar passivamente o que outros
parecem querer impor.
(Não
fui muito longo, pois não?)
Sempre
com amizade, ao seu dispor.
António
Luís Fernandes Quintans
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