sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

TVI: ANA (I)LE(G)AL E O CARRILHO SEM GRÃO

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Ontem, incorporado no Jornal das 8, sob assinatura de Ana Leal, a TVI passou duas reportagens que, de grosso modo, podiam representar o bem e o mal em matéria de independência e responsabilidade televisiva perante os telespectadores.
Num maniqueísmo político saliente, com a bondade a poder ser representada no espírito da peça sobre a Câmara Municipal de Loures, de presidência comunista, e onde se mostrou, com provas, que o genro de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do Partido Comunista Português, fez ajustes directos com aquela autarquia. Com a possibilidade do contraditório poder ser exercido por parte dos intervenientes, nenhum deles fez do seu exercício um direito. Por isto mesmo, nada a apontar ao canal de Queluz de Baixo.
Já no que toca ao lado material representado pelo perverso e mau, pode-se trazer à colação a segunda reportagem sobre a sinistra personagem Manuel Maria Carrilho, ex-ministro do magistério de António Guterres, em finais dos anos de 1990.
Na minha modesta opinião, ontem pela segunda vez, assistiu-se ao pior que um canal de difusão pública pode emitir em horário nobre. Seja um desmiolado bandido e crápula sentenciado e condenado ou o mais nobel cidadão sem qualquer processo judicial a decorrer contra si, em tempo algum, qualquer órgão de comunicação social, escrito ou falado, tem o direito de exibir imagens como as que foram mostradas acerca de Carrilho.
Os fins, que era mostrar que os juízes, ao não considerarem os herdeiros do ex-político como vítimas de violência doméstica, não julgaram bem, não podem justificar os meios. Até porque, se a intenção do programa era que a desproteção das crianças continua a ser óbvia, com as imagens repetidas até à exaustão, os filhos do casal Manuel Carrilho-Bárbara Guimarães, depois de ontem ficaram ainda mais fragilizadas.
Por outro lado, sabendo-se que Carrilho fora já condenado a quatro anos de pena suspensa e já transitara em julgado, a TVI ao mostrar imagens desse processo judicial, e apresentar o ex-ministro da cultura como vilão, arvorando-se em tribunal popular, está a incriminá-lo segunda vez pela mesma matéria de facto. Tendo em conta que ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pelo mesmo crime, com este absurdo, estamos perante um incidente lesivo de humanidade a que, pela ética e moral, estamos todos obrigados.
Por outro lado ainda, foi dito na peça que um dos julgamentos - mais um - foi anulado e vai ser repetido. Logo, levando em conta a proximidade do pleito, com este mau trabalho jornalístico, a TVI está a influenciar todos, o público em geral, o Ministério Público e os juízes que irão avaliar os factos na barra.
Por outro lado ainda mais, sabendo-se que vai ter consequências e originar mais um processo, não fez qualquer sentido – a não ser enterrar ainda mais o verdugo – mostrar uma participação feita na PSP pelo filho mais velho contra o pai.
Se estes argumentos que apresento não convencem, no mínimo, era bom que o canal privado entendesse que não se bate em quem está no chão.
O que é que se passa consigo, competente e séria Ana Leal? Perdeu a cabeça? Em nome de um populismo justiceiro, bacoco e anacrónico, onde a manipulação espreita a cada imagem, quer destruir a toda a força a relação de confiança, equilibrada e harmoniosa, existente entre o público e a reportagem de investigação das televisões?
Se permite, sem lhe querer dar lições de ética e profissionalismo, pense bem! Em nome de todos nós!




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