(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
1
– Há
dias, um meu conhecido atirou-me com esta: “ó pá, estou
indignado! Veja bem que fulano tal, que comprou há dias o prédio na
rua (…) por 600 mil euros e está a negociar outro ali na (…) por
400 mil euros, vai comer à Cozinha Económica. Você não acha isto
uma indecência?”
Franzindo
a fronte, sem responder por palavras à questão formulada, fiquei a
matutar no que, provavelmente, será um caso isolado. Porventura, será mesmo?
A
dar cobertura a uma indigência fingida de muitos e de apoios
públicos a rodos, que tudo indica serem de mais, está acontecer
qualquer coisa que não bate certo e, pelos vistos, quem devia
fiscalizar, perdendo o norte no mar imenso da solidariedade, está a
perder o controlo do porta-aviões.
2
-
Hoje,
na edição em papel, o semanário Campeão das Províncias noticia:
“Cidadãos sem-abrigo: CMC abre caminho para resposta mais
abrangente”.
Continuando
a citar o jornal, “A Câmara Municipal de Coimbra deliberou,
anteontem, abrir caminho para melhoria da resposta aos cidadãos
sem-abrigo ao viabilizar a constituição do Núcleo de
Planeamento e Intervenção (NPISA).
O
organismo, a coordenar pela autarquia, aspira à promoção de uma
“abordagem integral da problemática das pessoas em situação de
sem-abrigo, da saúde mental à física, passando pela habitação,
ocupação, trabalho, formação e ensino e integração cultural e
social”, indica a Assessoria de Imprensa da CMC.
(…)
A criação do NPISA de Coimbra, a formalizar mediante protocolo a
outorgar pela CMC e por outras entidades, visa a articulação e
intervenção em rede de todas as instituições que têm vindo a
trabalhar nesta área.
(…)
O protocolo a outorgar pela CMC irá abranger a Segurança
Social, Administração Regional de Saúde do
Centro, Associação das Cozinhas Económicas da
Rainha Santa Isabel, Associação Integrar,
Associação Nacional de Apoio a Jovens, Cáritas
Diocesana de Coimbra, Fundação Assistência
Médica Internacional, Venerável
Ordem Terceira de São Francisco, Casa Abrigo do
Padre Américo, Centro de Acolhimento de João
Paulo II, Associação “Casa”,
Associação Todos pelos Outros, Associação
O Ninho da Mariazinha, Instituto de Emprego e
Formação Profissional, Cruz Vermelha
Portuguesa e Fundação ADFP.”
Ou
seja: em síntese, estão implicadas 3 (três) entidades de apoio
generalista, ou transversal, a Segurança Social, a Administração
Regional de Saúde do Centro e o Instituto de Emprego. Em apoio
directo no terreno, ou específico, estão representadas 13 (treze)
instituições.
3
–
Para
além das associações citadas, a CMC, no início de 2015,
implementou o Fundo de Emergência Social.
O
Fundo de Emergência Social (FES) é uma medida de apoio social,
implementada pela Câmara Municipal de Coimbra, em articulação com
as Comissões Sociais de Freguesia (CSF), através de protocolo, que
visa a proteção de indivíduos e /ou agregados familiares em
situação de grave ou emergente carência social e económica
”.
Em
2017, este programa teve uma cabimentação de 100 mil euros.
Desconheço se continua em execução e qual a inscrição para o ano
em curso.
Em
Abril de 2017, nessa
altura ainda candidato à presidência da CMC, Jaime Ramos,
presidente da ADFP, de Miranda do Corvo, inaugurou ao fundo do parque
da cidade de Coimbra o projecto “Sem-abrigo
Zero Casa
da Dignidade”,
uma nova valência de apoio aos “descamizados”.
Era
seu opositor, Manuel Machado, que viria a ganhar a cadeira da
autarquia. Com
imputações
variadas
e ao sabor de cada interveniente,
estalou
a guerra entre os dois, com
Ramos a acusar a edilidade de a sua nova criação ter sido “saneada do PISAC”,
projecto que funciona nas instalações da edilidade e tem por âmbito
assegurar respostas aos sem-abrigo.
Ainda
em Dezembro de 2018, Na mesma publicação institucional da Câmara,
foi concedido um apoio financeiro de 10,245.92 € ao Centro de Acolhimento João Paulo II.
Embora
não contem para este campeonato, para além do que se mostra, há
vários movimentos particulares de grupos e indivíduos a solicitar
apoios aos sem-abrigo de Coimbra.
4
–
Em
2009
havia em Coimbra 6 (seis) entidades que se ocupavam de um universo de
30 (trinta) sem-tecto.
7
– Segundo
a SIC, em 2014, em reportagem realizada na cidade, foi afirmado que
havia em Coimbra 739 (setecentos e trinta e nove) sem-abrigo e 10
(dez) instituições no ano anterior, em 2013.
8
–
Em
Fevereiro de 2018, Manuel Machado, presidente da CMC, afirmou que estavam sinalizados na cidade 37 (trinta e sete) sem-abrigo.
9
–
Conforme
escrevi
em cima, sobre a
notícia de hoje plasmada no Campeão das Províncias, existem
na cidade 13 (treze) entidades que interagem directamente com os mais
necessitados.
Dando
como certas as declarações de Manuel Machado de que havia (em 2018)
na cidade 37 (trinta e sete) sem-sorte, quantos cabem a cada uma das
13 (treze) associações?… Deixe ver… deixe ver… é só fazer
as contas!
10
–
Termino
com a pergunta: os sem-abrigo são um bom negócio para alguns, não
são? Será preciso um novo olhar a bem de todos? Já agora, sem abusar da sua paciência, leitor, quanto cabe a
cada contribuinte?
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