Segundo
informação no local, tudo aconteceu por volta das 14h20 quando um
transeunte chamou a atenção de um agente da PSP para uma mala,
amarelada e de viagem, abandonada junto ao paredão de pedra ao lado do
restaurante Jardim da Manga. Já não dizemos que deveria ter a seu
lado uma supernanny, que isso ainda dava uma barraca maior, mas
ao menos que tivesse alguém a velar pela sua segurança. Até poderia ser o Pirilau.
Agora, a meio da tarde, uma mala sozinha a esta hora do dia? Sofreria
a dama de violência doméstica e, colocando-se mesmo ao lado
da 2.ª Esquadra da PSP, procurava denunciação? Será que teria sido
assediada por um malão de porão enorme que, aventamos, se
armasse amiúde em engatatão? Por onde andaria a Comissão
de Malas Jovens em Risco para fazer ouvidos moucos e olhos
remelados para não ver? Uma mala é sempre uma mala! Tem a sua
dignidade, e não anda sozinha na rua, mesmo numa cidade pacata como
Coimbra. É ou não é? Uma coisa destas, um abandono destes, em
qualquer país do mundo, é sempre uma escandaleira das
grandes. E, pelo magote de gente que parou para ver, foi mesmo o que
aconteceu hoje na Baixa da cidade. Até vieram as televisões, e
tudo! Anda por aí tanto defensor desta área velha a apregoar aos sete ventos
de andarilho que a zona histórica está desertificada, sem pessoas,
e que não se passa nada! Quê? Assim, com estes defensores das partes baixas da urbe, não vamos longe. É o que é! Então não está à vista de
todos que para trazer gente basta abandonar uma virgem e inocente
malinha em qualquer beco ou esquina?
Mas,
vamos tratar deste caso com a seriedade necessária, que não se
brinca com coisas sérias. Porque estamos cá para isso, vamos contar
tudo como foi. É assim mesmo! Vamos lá!
Encontrámos
a primeira pessoa que, vendo a malinha, nobre e pura, desprotegidada,
coitadinha, se indignou e denunciou o caso às autoridades. Segundo
as palavras do meu interlocutor que preferiu não se identificar,
“era uma vulgar mala média de cor amarelada, com rodas e pega-de-mão
levantada e pronta a zarpar. Achei estranho estar ali sozinha, sem
acompanhamento, e chamei a atenção de um agente da PSP. Pareceu-me
que não me ligou muito. Foi apenas o que pareceu, mas não foi
assim, passado um bocado veio logo um grupo deles e vedaram toda a
zona em redor. Como vê são agora 17h00 -enfatizou, olhando o
relógio- e veja o aparato que está aqui!”
Apesar
de já termos informação suficiente para escrever uma crónica
sobre a mala abandonada, mesmo assim, não nos deixámos descansar em
cima dos louros. Aproveitando as várias centenas de mirones que só
arrancavam pé dali depois da malinha rebentar, fomos entrevistar
alguns conhecidos e outros que nem tanto.
Comecei e finalizei com o “Chico Pintelho”, um comentador fixo com assento permanente
no resguardo de pedra do lago da Praça 8 de Maio. Depois dos cumprimentos e abraços que
acompanham sempre estes encontros calorosos, atirei a primeira
pergunta: Diz-me, Pintelho, não achas tudo isto muito
estranho? O que te parece que seja?
-Ó
pá, cá para mim, isto é marosca de algum comerciante que, vendo
que Manuel Machado, o edil camarário, não acorda para os problemas
da Baixa, tratou de abandonar a mala nas traseiras da Câmara
Municipal e, com o rebentamento pela brigada anti-minas e armadilhas da PSP, criar
alarido. Uma coisa é certa, interromperam a sua sesta e fizeram
evacuar todo o edifício! Pelo menos hoje, somos notícia no país
inteiro. Nem me admira que, mais logo, Marcelo, o nosso
presidente-comentador, apelando à calma e à união social, vá
debitar umas frases muito efusivas em torno disto!
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