quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

UMA MALA ESQUECIDA PARA ACORDAR MACHADO?







Segundo informação no local, tudo aconteceu por volta das 14h20 quando um transeunte chamou a atenção de um agente da PSP para uma mala, amarelada e de viagem, abandonada junto ao paredão de pedra ao lado do restaurante Jardim da Manga. Já não dizemos que deveria ter a seu lado uma supernanny, que isso ainda dava uma barraca maior, mas ao menos que tivesse alguém a velar pela sua segurança. Até poderia ser o Pirilau. Agora, a meio da tarde, uma mala sozinha a esta hora do dia? Sofreria a dama de violência doméstica e, colocando-se mesmo ao lado da 2.ª Esquadra da PSP, procurava denunciação? Será que teria sido assediada por um malão de porão enorme que, aventamos, se armasse amiúde em engatatão? Por onde andaria a Comissão de Malas Jovens em Risco para fazer ouvidos moucos e olhos remelados para não ver? Uma mala é sempre uma mala! Tem a sua dignidade, e não anda sozinha na rua, mesmo numa cidade pacata como Coimbra. É ou não é? Uma coisa destas, um abandono destes, em qualquer país do mundo, é sempre uma escandaleira das grandes. E, pelo magote de gente que parou para ver, foi mesmo o que aconteceu hoje na Baixa da cidade. Até vieram as televisões, e tudo! Anda por aí tanto defensor desta área velha a apregoar aos sete ventos de andarilho que a zona histórica está desertificada, sem pessoas, e que não se passa nada! Quê? Assim, com estes defensores das partes baixas da urbe, não vamos longe. É o que é! Então não está à vista de todos que para trazer gente basta abandonar uma virgem e inocente malinha em qualquer beco ou esquina?
Mas, vamos tratar deste caso com a seriedade necessária, que não se brinca com coisas sérias. Porque estamos cá para isso, vamos contar tudo como foi. É assim mesmo! Vamos lá!
Encontrámos a primeira pessoa que, vendo a malinha, nobre e pura, desprotegidada, coitadinha, se indignou e denunciou o caso às autoridades. Segundo as palavras do meu interlocutor que preferiu não se identificar, “era uma vulgar mala média de cor amarelada, com rodas e pega-de-mão levantada e pronta a zarpar. Achei estranho estar ali sozinha, sem acompanhamento, e chamei a atenção de um agente da PSP. Pareceu-me que não me ligou muito. Foi apenas o que pareceu, mas não foi assim, passado um bocado veio logo um grupo deles e vedaram toda a zona em redor. Como vê são agora 17h00 -enfatizou, olhando o relógio- e veja o aparato que está aqui!”
Apesar de já termos informação suficiente para escrever uma crónica sobre a mala abandonada, mesmo assim, não nos deixámos descansar em cima dos louros. Aproveitando as várias centenas de mirones que só arrancavam pé dali depois da malinha rebentar, fomos entrevistar alguns conhecidos e outros que nem tanto.
Comecei e finalizei com o “Chico Pintelho”, um comentador fixo com assento permanente no resguardo de pedra do lago da Praça 8 de Maio. Depois dos cumprimentos e abraços que acompanham sempre estes encontros calorosos, atirei a primeira pergunta: Diz-me, Pintelho, não achas tudo isto muito estranho? O que te parece que seja?
-Ó pá, cá para mim, isto é marosca de algum comerciante que, vendo que Manuel Machado, o edil camarário, não acorda para os problemas da Baixa, tratou de abandonar a mala nas traseiras da Câmara Municipal e, com o rebentamento pela brigada anti-minas e armadilhas da PSP, criar alarido. Uma coisa é certa, interromperam a sua sesta e fizeram evacuar todo o edifício! Pelo menos hoje, somos notícia no país inteiro. Nem me admira que, mais logo, Marcelo, o nosso presidente-comentador, apelando à calma e à união social, vá debitar umas frases muito efusivas em torno disto!

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