O
Diário de Notícias (DN) deste
último Sábado publicou um longo trabalho, assinado pela jornalista
Filomena Naves, em quatro páginas, sobre Sintra.
Pelas
políticas seguidas, na similitude turística -Coimbra, cidade, e Sintra, vila, são classificadas pela UNESCO como Património Mundial- e decisões
contrárias, pelo que li, gostava de partilhar alguns excertos da
reportagem, que entendi mais curiosos, e que nos fizessem pensar
sobre a recuperação da Baixa.
Começa
com um parágrafo lindo: “São
três da tarde e o dia já escurece, cinzento. Lá em cima, a muralha
do castelo tornou-se uma silhueta vaga, coberta por um nevoeiro
irrequieto, o toque de magia deste sítio, que inspirou gerações de
poetas. De vez em quando, o céu desfaz-se num chuvisco frio -estamos
em Sintra-, mas nada demove os turistas, que estão sempre a chegar.”
E
prossegue a jornalista, “(...) Depois
há os casais -são muitos, e de todas as idades- em busca de um dia
romântico nesta terra de mil e uma noites. Deambulam pelas ruas
estreitas do centro histórico, espreitam as montras, sentam-se nas
esplanadas a beber uma taça de vinho; aventuram-se na serra pelos
caminhos pedestres até ao Castelo dos Mouros, ou percorrem,
sorridentes, a curva larga da volta do Duche, a pé, em carruagem
puxada por cavalos, ou num tuk-tuk barulhento, isso sim, pouco
romântico.”
E
continua, “Numa
das lojas do centro histórico, ali mesmo encostada à movimentada
rua que o atravessa de uma ponta à outra, Carla segue diariamente
aquele movimento contínuo de veículos: autocarros, automóveis,
tuk-tuks, jipes, carrinhas, motos... e gente, muita gente em vaivém
constante. Trabalha ali há 8 anos e tem observado como a afluência
dos visitantes e o trânsito se intensificaram nos últimos dois,
três anos. Mas, diz, isso não “se reflectiu” no negócio. Pelo
menos naquele em que trabalha -acredita que para cafés, restaurantes
e hotéis seja muito diferente. “Dantes vendíamos toalhas da
Madeira, e (tapetes) de Arraiolos, mas agora há as imitações que
vêm da China, os turistas já não compram”, diz. Por outro, “
as pessoas vêm por três ou quatro dias, não andam com muita
bagagem e não levam artigos volumosos ou de maior peso”. Talvez
por isso, o que tem estado a sair mais na loja “são mesmo os galos
de Barcelos”.
E se “vêm de carro, então não param, porque não há onde
estacionar: passam e não compram nada”.
“VISITANTES
AUMENTAM 20% AO ANO”
“Portugal
tornou-se numa espécie de íman para turistas, e Sintra, com a sua
aura de magia e de romantismo, é um dos destinos preferenciais no
país. Mas, mesmo assim, os números impressionam: os cálculos
apontam para que cerca de cinco milhões de pessoas visitaram Sintra
em 2016. E, como nos últimos anos, os visitantes têm aumentado
sempre à razão de 20% ao ano, esse número deverá ter rondado os
seis milhões em 2017.
(…)
Ao todo, em 2016, a Parques de Sintra vendeu mais de 2,6 milhões de
entradas para o conjunto dos seus parques e monumentos. Em 2017, as
visitas cresceram uma vez mais e atingiram 3,2 milhões.”
“PARQUES
DE SINTRA INVESTE 52 MILHÕES”
“Dos
3,2 milhões de pessoas que visitaram os nossos parques e monumentos
(em 2017), cerca de um milhão e meio foram à Pena” -afirma o
presidente do conselho de administração da Parques de Sintra,
Manuel Baptista.
Para
o responsável, isso fica a dever-se também ao trabalho de
recuperação dos parques e palácios. “Acreditamos
que património recuperado é património visitado, e essa
recuperação inclui não apenas a do próprio monumento, mas também
a abertura de cafetarias, a disponibilização de casas de banho, de
lojas, de internet, etc.” Dá um exemplo: “Há dez anos, não
havia visitas ao Palácio de Monserrate nem ao chalé da Condessa.”
O primeiro estava fechado, o segundo em ruínas. Agora, os dois são
responsáveis, respectivamente, por 121 mil e mais de 18 mil visitas
anuais. É nesta filosofia com provas dadas, da
recuperação dos monumentos e dos seus espaços envolventes, que a
Parques de Sintra aposta... (…) Veja-se 2017, “fechámos o ano
com cerca de 30 milhões de receita anual e investimos mais de dez
milhões (…). “Vamos investir mais de 52 milhões de euros até
2020, contando exclusivamente com as nossas receitas.”
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