Depois
de muitas décadas na Praça 8 de Maio a vender castanhas, amendoins,
pistáchios, pinhoadas e tremoços, depois de duas intervenções
cirúrgicas e uns meses no estaleiro de uma unidade de acompanhamento
e prestes a comemorar o 94º aniversário -será no próximo 12 de
Março-, a mulher mais querida do Centro Histórico está para as
curvas. Embora um pouco surda e a ver mal, Maria Adelaide, que
baptizei como a última tremoceira, agora a repousar na sua casa, “a
minha casinha” segundo as suas palavras, na Rua Corpo de Deus, está
muito feliz. Acompanhada de perto pela filha e genro, está a ser
muito bem tratada, “nada me falta”, confidencia.Tem
muita saudade de vender na rua: “ai se eu pudesse! Se as minhas
pernas me deixassem... Outro galo cantaria!”, enfatiza com
aquele rosto fino e de olhos brilhantes e argutos.
Sentada
por baixo de um quadro oferecido por nós em homenagem por fazer
parte da galeria de "Rostos Nossos (des)Conhecidos", uma iniciativa nossa
para que a memória não se pague e relembre a passagem de imensas
figuras típicas que, durante invernos friorentos e verões
acalentados, nos fizeram companhia na Baixa e, com a sua presença e
à sua maneira, contribuíram para tornar os nossos dias menos
cinzentos e sempre iguais.
Na
despedida da nossa visita, atirou: “em meu nome, mande lá um
beijinho para todos e diga que estou muito bem!”
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