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das 14h30 de hoje, das mãos de Elsa Rajado, uma senhora leitora que
respondeu a um apelo lançado no blogue, o Luís Cortez estava a
receber um pequeno órgão. Segundo as palavras da benemérita, “este
órgão foi usado pelo meu filho. Estava arrumado. Penso que agora,
com uma nova utilidade, cumpre muito bem a função que lhe
destinei”.
Repetindo
outras ocasiões em que aconteceu o mesmo, a partir daquele momento,
o Luís Cortez pode continuar a exercer o seu trabalho artístico
junto à Igreja de Santa Cruz e assim contar com um complemento
financeiro que lhe permita fazer face às suas despesas -e também
beber uns copos, porque a vida, sendo composta de variáveis
opcionais, é feita de tudo isso. Aos olhos de uns, chamemos-lhe
puristas, quem vive em função da caridade alheia deveria ter um
comportamento moral e ético de acordo com a proporcionalidade
angelical ou santificada. Para outros, mais tolerantes com o pecado e
o desvio, aceitam que estas pessoas, diferentes entre diferentes, com
virtudes e defeitos, são feitas da mesma massa que qualquer um de
nós.
Como
já escrevi anteriormente, as duas formas de avaliação estão
correctas. São opiniões e valem o que valem. Consoante a
argumentação contra ou a favor, com a mesma equidade será relevado o
ponto de vista de um e de outro sem que qualquer deles, em
superioridade moral, prevaleça. Porém, há uma
obrigação nesta dialética: respeitar quem discorda da nossa forma
de pensar. Acho que arrogar-se no direito de insultar, fazendo uso de
achincalhar, recorrendo a infâmia familiar, como foi o caso de
alguns comentários recebidos, não está certo e deveria fazer-nos
pensar.
Não
somos todos iguais porque temos o diferente para nos mostrar isso
mesmo. Quero dizer que é a diversidade na Natureza que nos enriquece
e não o contrário. O mundo não é perfeito, bem sabemos, mas se
fosse estaríamos melhor? Já se imaginou gostarmos todos do amarelo
-recorrendo a um conhecido anúncio publicitário televisivo? A
última experiência sobre a possibilidade de se melhorar a espécie
humana, eliminando os impuros, cegos e outros deficientes motores e
de conhecimento, redundou numa enormíssima tragédia histórica,
entre 1939 até 1945, na matança de cerca de treze milhões de mortos
no Campo de Concentração de Auschwitz, no chamado processo Eugenia,
levado a cabo por Hitler durante o período da Segunda Guerra
Mundial.
Há
ainda um acrescento, ao escrever isto, não quer dizer que sejamos
obrigados a gostar de todos: brancos, pretos, amarelos e vermelhos.
Nada disso! Enquanto filhos da Natureza, estamos é todos obrigados a
respeitar a existência de cada um desde que cada qual não infrinja
as leis reguladoras da sociedade, costume e lei escrita, e no seu
direito a coexistir não interfira com o nosso. Seguindo o chamado
Humanismo Cristão, devemos ser tolerantes com o próximo, perdoando
para sermos perdoados, e aceitar as suas diferenças.
É
uma conversa chata, não é? Admito. Por isso mesmo, neste
respeitante ao humanismo, fico-me por aqui.
Voltando
ao Luís Cortez, à senhora Elsa Rajado e a outros leitores que se disponibilizaram para ajudar, em nome de todos aqueles que
acreditam que o bem-fazer sem olhar a quem ilumina a alma, muito
obrigado.
1 comentário:
Conhece essa senhora e é despojada desses laivos de moralista representante da sociedade. Grande mulher e cada um faz o que quer e o que pode. Muito obrigada por ter lançado o repto.
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