sábado, 13 de janeiro de 2018

BAIXA: UMA TARDE DE SÁBADO DEPRESSIVA... OU SE CALHAR NÃO?!?

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)




São 16h00 no relógio da torre sineira da Igreja de São Bartolomeu. A temperatura oscila por volta dos 12 graus celsius; a precipitação, entre uma morrinha incomodativa, mais chata que certas pessoas que conheço, e períodos de sol aberto, baila nos 51 por cento; a humidade está nos 78 por cento; o vento nos 8 quilómetros por hora; a minha disposição percentual, gira nos 70 por cento -não é maior por que não gosto do inverno, detesto chuva, abomino o frio. Causa-me depressão este quadro temporal tão próprio para poetas e escritores -como não pertenço a nenhuma das classes, não me faz jeito algum.
Nas ruas estreitas, Eduardo Coelho, das Padeiras, da Louça, Adelino Veiga, da Moeda, 21 estabelecimentos comerciais, de portas abertas, remam contra a maré em busca de um porto seguro que lhes dê estabilidade financeira ou, no mínimo, que lhe garanta o pagamento das contas.
Nas ruas largas, Ferreira Borges e Visconde da Luz, o recentemente classificado monocomércio, da cortiça, mostra que não quer saber de cantilena maledicente da oposição. Como a dar lições aos puristas, está todo aberto. Aliás, na continuação até à Praça 8 de Maio, só cerca de cinco por cento foi regar a horta.
Na autarquia, embora as portas estejam aparentemente prontas a receber público, não se vê por lá nem uma única das funcionárias públicas a trabalhar para dar o exemplo aos conimbricenses, já que são sempre tão lestas a criticar os comerciantes mandriões.
Na Rua da Sofia três lojas estão prontas a receber excursões turísticas vinda do Sol prazenteiro ou de São Pedro negrateiro. De salientar que no centro comercial Sofia, com vários espaços dedicados ao comércio, apenas uma loja se mantêm de portas abertas. Mais ao lado, no centro comercial Arnado, somente duas resistem à vaga de ir à missa durante toda a tarde do penúltimo dia da semana.
Na zona da Rua Simões de Castro seis estabelecimentos mostram que não temem a chuva. 
A hotelaria, constituída por cafés e restaurantes, está pronta a servir entre a Praça do Comércio, Largo da Portagem e ruas largas.
Alguns transeuntes, em maior número na calçada e menos nos silenciosos becos e vielas, em passo destressado de passeio, parecem buscar alguém para conversar ou qualquer coisa para se entreterem.
Quem fez mesmo negócio neste Sábado a rimar entre o chuvoso e o prazeiroso, foi o chinês nosso vizinho, na Rua das Padeiras, que está em Liquidação Total e que tomara que chegue o fim-do-mês para rumar até ao Império do Meio, a China, que se encontra no centro da Terra. Pelos vistos, digo eu, para ele fica-te Portugal, que já foste bom para negócio! Quanto aos compradores na sua grande loja, com tudo a metade do preço, parecem cão a atirar-se ao bofe. Para esta nova classe de consumidores emergentes, perante um anúncio de “Liquidação Geral”, nada os detêm. Venham eles! Venham eles! Os lamentos, tristonhos e indigentes, carpidos em lágrimas de crocodilo de que está tudo a fechar na Baixa, são como os impostos sobre os rendimentos, só vêm um ano depois. Mas, que interessa isso? Tristezas não pagam dívidas. O que importa é que hoje é Sábado. E mais nada! Viva eu!

Sem comentários: