(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
São
16h00 no relógio da torre sineira da Igreja de São Bartolomeu. A
temperatura oscila por volta dos 12 graus celsius; a precipitação,
entre uma morrinha incomodativa, mais chata que certas pessoas que
conheço, e períodos de sol aberto, baila nos 51 por cento; a
humidade está nos 78 por cento; o vento nos 8 quilómetros por hora;
a minha disposição percentual, gira nos 70 por cento -não é maior
por que não gosto do inverno, detesto chuva, abomino o frio.
Causa-me depressão este quadro temporal tão próprio para poetas e
escritores -como não pertenço a nenhuma das classes, não me faz
jeito algum.
Nas
ruas estreitas, Eduardo Coelho, das Padeiras, da Louça, Adelino
Veiga, da Moeda, 21 estabelecimentos comerciais, de portas abertas, remam contra a maré
em busca de um porto seguro que lhes dê estabilidade financeira ou,
no mínimo, que lhe garanta o pagamento das contas.
Nas
ruas largas, Ferreira Borges e Visconde da Luz, o recentemente
classificado monocomércio, da cortiça, mostra que não quer
saber de cantilena maledicente da oposição. Como a dar
lições aos puristas, está todo aberto. Aliás, na continuação
até à Praça 8 de Maio, só cerca de cinco por cento foi regar a
horta.
Na
autarquia, embora as portas estejam aparentemente prontas a receber
público, não se vê por lá nem uma única das funcionárias públicas a trabalhar para dar o exemplo aos conimbricenses, já que
são sempre tão lestas a criticar os comerciantes mandriões.
Na
Rua da Sofia três lojas estão prontas a receber excursões
turísticas vinda do Sol prazenteiro ou de São Pedro
negrateiro. De salientar que no centro comercial Sofia, com
vários espaços dedicados ao comércio, apenas uma loja se mantêm
de portas abertas. Mais ao lado, no centro comercial Arnado, somente
duas resistem à vaga de ir à missa durante toda a tarde do
penúltimo dia da semana.
Na
zona da Rua Simões de Castro seis estabelecimentos mostram que não
temem a chuva.
A hotelaria, constituída por cafés e restaurantes, está pronta a servir entre a Praça do Comércio, Largo da Portagem e ruas largas.
A hotelaria, constituída por cafés e restaurantes, está pronta a servir entre a Praça do Comércio, Largo da Portagem e ruas largas.
Alguns
transeuntes, em maior número na calçada e menos nos silenciosos
becos e vielas, em passo destressado de passeio, parecem
buscar alguém para conversar ou qualquer coisa para se entreterem.
Quem
fez mesmo negócio neste Sábado a rimar entre o chuvoso e o
prazeiroso, foi o chinês nosso vizinho, na Rua das Padeiras,
que está em Liquidação Total e que tomara que chegue o
fim-do-mês para rumar até ao Império do Meio, a China, que se
encontra no centro da Terra. Pelos vistos, digo eu, para ele fica-te
Portugal, que já foste bom para negócio! Quanto aos compradores
na sua grande loja, com tudo a metade do preço, parecem cão a
atirar-se ao bofe. Para esta nova classe de consumidores
emergentes, perante um anúncio de “Liquidação Geral”,
nada os detêm. Venham eles! Venham eles! Os lamentos, tristonhos e
indigentes, carpidos em lágrimas de crocodilo de que está tudo a
fechar na Baixa, são como os impostos sobre os rendimentos, só vêm um ano depois. Mas,
que interessa isso? Tristezas não pagam dívidas. O que importa é
que hoje é Sábado. E mais nada! Viva eu!
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