MÁRCIO RAMOS
deixou um novo comentário na sua mensagem "A BAIXA COMERCIAL EM BUSCA DE DIAS MELHORES":
Na
zona histórica há quem seja optimista e diga que vamos voltar à
Baixa do tempo de 1980. E até superar esses anos de glória. Outros dizem
que já deu o que tinha a dar e vai se afundar como o Titanic. No meu
entendimento, morador na zona, nem oito nem oitenta. Exemplifico:
1
-A meu ver a Baixa estagnou no tempo. Não se modernizou não se
adaptou aos tempos actuais.
Sim, também houve muitos
culpados, mas já foi tantas vezes debatido neste blogue que não vou
falar deles. Há vários aspectos que ninguém vislumbra com olhar atento.
Vou mencionar alguns.
Na Baixa dos anos de
1980, e mesmo 1990, havia um factor que hoje é pouco expressivo, ou
quase nulo: habitantes. Havia muitos moradores. Juntamente com os
serviços que havia na época e que lentamente foram desaparecendo,
faziam fervilhar esta zona comercial. A meu ver a retirada do
trânsito das Rua Visconde da luz e Ferreira Borges foi uma tentativa
de ligar a Alta, que já era um bairro de residentes, à Baixa, que
foi sempre um centro comercial a céu aberto. Transformando estas
vias largas em pedonais, logo seriam mais turísticas. Projecto
semelhante, parece, querem fazer na Rua da Sofia. Será que irá acontecer na
rua da sabedoria o mesmo? Não será mais uma facada mortal para a
Baixa? Não havendo moradores nestas zonas não podemos esperar
milagres.
2
-A situação económica dos anos 80 e 90, do século
passado, era totalmente diferente de hoje. Na altura havia poder
económico. Desde 2001, a partir do derrube das Torres Gémeas, nos
Estados Unidos, que o país começou a afundar-se numa crise
económica sem precedente, onde cada ano que passa o Orçamento Geral do Estado aplica mais impostos estrangulando as famílias. A maioria
passou a poder comprar apenas bens de primeira necessidade e deixando
para segunda escolha outras, como o vestir e calçar.
Mas, apesar do contexto
depressivo, há uma luz para a Baixa: os jovens. Na minha rua
(Visconde da Luz) vejo algumas lojas às moscas, sem negócio, mas
curiosamente há outras que têm sempre clientes. Estes espaços
cativam mais pois são direccionadas para o publico mais novo, desde
roupa calçado, acessórios de moda. Os jovens adoram variar, de
gastar dinheiro em novos artigos, gostam de estar na moda.
Essencialmente, a Baixa terá que passar pelos jovens, ter lojas exclusivas para esta faixa etária. Sendo uma urbe universitária,
é de lamentar ser uma cidade envelhecida na oferta.
3
-Durante a noite, principalmente no verão onde bom tempo convida a
passeios, vejo na minha rua e pela zona envolvente as montras com os
expositores sem luz. Compreendo que numa altura de contenção se
deva poupar na electricidade, mas havendo hoje lâmpadas de alto
brilho e que pouca energia gastam -falo das LED-, não entendo
como há lojas apagadas. Como querem os comerciantes atrair
potenciais clientes, com suas montras sem luz? Aqui os lojistas têm
culpa.
Depois, para combater as
grandes superfícies, porque é que não estão abertas, pelo menos
no verão, até as 22h00? Há lojas na minha rua a fazê-lo. Não
aceito que certos lojistas mesmo em cima das 19 horas já estejam a
encerrar. Com tantas pessoas a dar o seu passeio até à
meia-noite, é desolador ver a maioria dos espaços fechados, sem luz
nas montras, já para não falar nos locais que não têm comércio.
4
-Coimbra sempre esteve de costas voltadas para o rio. Mas o Mondego
gosta tanto da cidade que antigamente até nos beijava amiúde.
Porque é que não há mais actividades, competições, e espectáculos
no rio? Atraía mais pessoas à Baixa. Do pouco movimento que se nota nas
águas, a maioria é feito pela Associação Académica de Coimbra,
entre outras entidades, mas é pouco. Depois de o leito ser dragado
será uma oportunidade de ouro para planear eventos. Espero que não
se desperdice.
5
-Boa decisão teve a Câmara Municipal de realizar o Fim-de-Ano na
Baixa. Mas deveria ter também colocado iluminação de Natal decente, e
por toda esta área velha. Antigamente vinha-se à zona histórica ver os
enfeites natalícios e na volta compravam algo. Com iniciativas assim
se ajuda a erguer esta zona.
6
-Deveria haver uma maior sensibilidade por parte dos donos dos
prédios para arrendar as lojas.
Para terminar, recordo que a nossa bandeira tem duas cores, em proporção desigual, verde representa a esperança em menor área e vermelho numa maior área, o sangue dos guerreiros que defenderam a Pátria. Pelo seu sacrifício, os mártires desta nação. A esfera armilar, representando os descobrimentos, a descoberta do mundo desconhecido.
Para terminar, recordo que a nossa bandeira tem duas cores, em proporção desigual, verde representa a esperança em menor área e vermelho numa maior área, o sangue dos guerreiros que defenderam a Pátria. Pelo seu sacrifício, os mártires desta nação. A esfera armilar, representando os descobrimentos, a descoberta do mundo desconhecido.
Na Baixa os comerciantes
antigos representam a bandeira, mas nos novos comerciantes não vejo
a parte vermelha. À mínima dificuldade fecham portas. A vida também
e feita de sacrifícios. Depois da tempestade vem a bonança.
Acredito que a Baixa está
a sair do vendaval. Virá aí uma acalmia de radiosa esperança
brilhante. Só temos que saber aproveitar. E não desanimar.
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