sexta-feira, 5 de agosto de 2016

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




MÁRCIO RAMOS deixou um novo comentário na sua mensagem "A BAIXA COMERCIAL EM BUSCA DE DIAS MELHORES": 


Na zona histórica há quem seja optimista e diga que vamos voltar à Baixa do tempo de 1980. E até superar esses anos de glória. Outros dizem que já deu o que tinha a dar e vai se afundar como o Titanic. No meu entendimento, morador na zona, nem oito nem oitenta. Exemplifico:

1 -A meu ver a Baixa estagnou no tempo. Não se modernizou não se adaptou aos tempos actuais.
Sim, também houve muitos culpados, mas já foi tantas vezes debatido neste blogue que não vou falar deles. Há vários aspectos que ninguém vislumbra com olhar atento. Vou mencionar alguns.
Na Baixa dos anos de 1980, e mesmo 1990, havia um factor que hoje é pouco expressivo, ou quase nulo: habitantes. Havia muitos moradores. Juntamente com os serviços que havia na época e que lentamente foram desaparecendo, faziam fervilhar esta zona comercial. A meu ver a retirada do trânsito das Rua Visconde da luz e Ferreira Borges foi uma tentativa de ligar a Alta, que já era um bairro de residentes, à Baixa, que foi sempre um centro comercial a céu aberto. Transformando estas vias largas em pedonais, logo seriam mais turísticas. Projecto semelhante, parece, querem fazer na Rua da Sofia. Será que irá acontecer na rua da sabedoria o mesmo? Não será mais uma facada mortal para a Baixa? Não havendo moradores nestas zonas não podemos esperar milagres.
2 -A situação económica dos anos 80 e 90, do século passado, era totalmente diferente de hoje. Na altura havia poder económico. Desde 2001, a partir do derrube das Torres Gémeas, nos Estados Unidos, que o país começou a afundar-se numa crise económica sem precedente, onde cada ano que passa o Orçamento Geral do Estado aplica mais impostos estrangulando as famílias. A maioria passou a poder comprar apenas bens de primeira necessidade e deixando para segunda escolha outras, como o vestir e calçar.
Mas, apesar do contexto depressivo, há uma luz para a Baixa: os jovens. Na minha rua (Visconde da Luz) vejo algumas lojas às moscas, sem negócio, mas curiosamente há outras que têm sempre clientes. Estes espaços cativam mais pois são direccionadas para o publico mais novo, desde roupa calçado, acessórios de moda. Os jovens adoram variar, de gastar dinheiro em novos artigos, gostam de estar na moda. Essencialmente, a Baixa terá que passar pelos jovens, ter lojas exclusivas para esta faixa etária. Sendo uma urbe universitária, é de lamentar ser uma cidade envelhecida na oferta.
3 -Durante a noite, principalmente no verão onde bom tempo convida a passeios, vejo na minha rua e pela zona envolvente as montras com os expositores sem luz. Compreendo que numa altura de contenção se deva poupar na electricidade, mas havendo hoje lâmpadas de alto brilho e que pouca energia gastam -falo das LED-, não entendo como há lojas apagadas. Como querem os comerciantes atrair potenciais clientes, com suas montras sem luz? Aqui os lojistas têm culpa.
Depois, para combater as grandes superfícies, porque é que não estão abertas, pelo menos no verão, até as 22h00? Há lojas na minha rua a fazê-lo. Não aceito que certos lojistas mesmo em cima das 19 horas já estejam a encerrar. Com tantas pessoas a dar o seu passeio até à meia-noite, é desolador ver a maioria dos espaços fechados, sem luz nas montras, já para não falar nos locais que não têm comércio.
4 -Coimbra sempre esteve de costas voltadas para o rio. Mas o Mondego gosta tanto da cidade que antigamente até nos beijava amiúde. Porque é que não há mais actividades, competições, e espectáculos no rio? Atraía mais pessoas à Baixa. Do pouco movimento que se nota nas águas, a maioria é feito pela Associação Académica de Coimbra, entre outras entidades, mas é pouco. Depois de o leito ser dragado será uma oportunidade de ouro para planear eventos. Espero que não se desperdice.
5 -Boa decisão teve a Câmara Municipal de realizar o Fim-de-Ano na Baixa. Mas deveria ter também colocado iluminação de Natal decente, e por toda esta área velha. Antigamente vinha-se à zona histórica ver os enfeites natalícios e na volta compravam algo. Com iniciativas assim se ajuda a erguer esta zona.
6 -Deveria haver uma maior sensibilidade por parte dos donos dos prédios para arrendar as lojas. 
Para terminar, recordo que a nossa bandeira tem duas cores, em proporção desigual, verde representa a esperança em menor área e vermelho numa maior área, o sangue dos guerreiros que defenderam a Pátria. Pelo seu sacrifício, os mártires desta nação. A esfera armilar, representando os descobrimentos, a descoberta do mundo desconhecido.
Na Baixa os comerciantes antigos representam a bandeira, mas nos novos comerciantes não vejo a parte vermelha. À mínima dificuldade fecham portas. A vida também e feita de sacrifícios. Depois da tempestade vem a bonança.
Acredito que a Baixa está a sair do vendaval. Virá aí uma acalmia de radiosa esperança brilhante. Só temos que saber aproveitar. E não desanimar.

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