MÁRCIO RAMOS deixou
um novo comentário na sua mensagem "BAIXA: A APBC E O DEJÁ VÙ” (2)
1
-Tenho
para mim que que os comerciantes devem participar nos eventos da
APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra. Como um
comerciante digno desta praça disse um dia, “os comerciantes
estão cansados de um dia de trabalho, tristes, e ainda vêm para
aqui a noite toda arriscando a não fazer uma venda?”.
Concordo. Mas a agência devia incentivar estes comerciantes a
participar. E como? A meu ver, deveria haver dois horários, o de
verão e o de inverno. O da época das chuvas seria praticado, como
agora está, das 9 as 19h00, com ou sem pausas para almoço. As
interrupções seriam da responsabilidade do comerciante. No horário
de verão, com bom tempo e com pessoas nas ruas durante a noite a dar
seu passeio, as lojas da Baixa deveriam estar abertas até mais tarde
22h00 ou 23h00. Os SMTUC, Serviços Municipalizados de Transportes
Urbanos de Coimbra, deveriam também agilizar um pouco o seu horário
para ir até mais tarde -ainda há pouco foi feito um estudo em que o
resultado apontava para esta solução. Só assim, com outra visão,
pode a Baixa combater as grandes superfícies.
Deveremos recordar caras
que muitos de nós vimos quando éramos mais novos, mas não deveria
ficar por aqui. As lojas que marcaram esta zona da cidade e já
desapareceram deveriam fazer parte do projecto; mostrar as
transformações que esta zona teve ao longo dos anos, para que
jovens como eu tomem noção de como era a Baixa e para aprendermos a
não realizar atentados arquitectónicos. A Torre de Santa Cruz, que
poucos tem memória dela, e tantos monumentos que desapareceram ou
foram transformados, como era a Praça 8 de Maio antes da
transformação, ou o “Bota Abaixo” antes de o ser.
E pergunto: porquê só a
Baixa? Por que não mostrar a evolução da cidade durante as últimas
quatro décadas? Ou como era a Alta antes de Salazar mandar demolir
para fazer a a área universitária? São tudo memorias que merecem
ser partilhadas e não ficarem armazenadas num sótão a apanhar pó.
Além das pessoas que
deram vida a esta Baixa, por que também não mostrar a história
universitária? Quando os estudantes, caloiros, tinham que se
refugiar ao toque da cabra ou eram punidos. Ou os apregoados amores
dos estudantes pelas tricanas; ou o trabalho das lavadeiras do
Mondego; o historial dos doces típicos e toda cozinha regional. Tudo
isto merece ser mostrado numa exposição.
3
-Mas o
local escolhido para esta exposição não lembra o diabo. Primeiro,
num beco, sem nenhuma indicação, num prédio antigo, abandonado e
não muito acolhedor, a exposição já relatada fica muito a
desejar. Embora no coração da Baixa, ficou num sítio fora dos
guias turísticos -e que vergonha tinha eu se um turista levasse como
memória de Coimbra aquela exposição.
Pergunto: havendo tanta
loja fechada por essa Baixa fora, não seria mais sensato arrendar um
desses espaços durante o período da mostra e fazer um evento mais
digno? Nem que fosse para respeitar as pessoas que nele estão
representadas. Em alternativa, por que não se fez a exposição no
Museu da Cidade, no Edifício Chiado? Tenho para mim que este
espectacular espaço, com uma situação privilegiada, é pouco
utilizado para o público em geral. Por que não transformar esta
mostra numa exposição permanente? Não deveremos esquecer o
passado. Alguém disse um dia que um povo sem memória é um povo
sem história.
4
-Para acabar, pois
texto já vai longo, a APBC tenta fazer o melhor. Lamento que quando
há reuniões desta agência sejam tão poucos os que aparecem, mas
quando esta entidade faz algo errado sejam muitos a criticá-la. Se
acham que conseguem fazer melhor candidatem-se, ou vão as reuniões.
dêem ideias. Sinceramente, às vezes fico pasmado que em Coimbra
hajam tantos “Velhos do Restelo”.
A Baixa não voltará a
ser o que era, por culpa de muitos, inclusive de comerciantes que não
souberam inovar, adaptar-se, unir-se e impor-se.
Na baixa há um
mostrengo, em jeito de cancro, de seu nome “via central”. Quantos
lojistas se uniram e já fizeram pressão junto da Câmara Municipal
para avançar com as obras? A única coisa que vi nestes meses desde
que anunciaram que a “via central” era para andar foi a colocação
de andaimes e lonas com desenho dos prédios, em frente à Caixa
Geral de Depósitos, estando acessíveis a qualquer marginal.
Na zona da Rua Direita há
problemas de segurança, ninguém quer saber, nem mesmo os
comerciantes, os que têm mais interesse. O mundo transformou-se
imenso durante estes últimos anos. Não podemos ficar no passado. O
futuro passa por agirmos e tentar resolver os problemas que destroem
a Baixa e seu potencial. Os comerciantes devem apresentar soluções,
falar a uma só voz. A APBC deve ser a sua representante, só assim,
a meu ver, a Baixa terá futuro.
TEXTO RELACIONADO
MÁRCIO RAMOS deixou um novo comentário
na sua mensagem: “BAIXA: A APBC E O DEJÁ VÙ" (1)
Sem comentários:
Enviar um comentário