POR
MÁRCIO RAMOS
Li
com atenção a queixa apresentada à policia sobre o miúdo-maravilha
que toca violino.
Acho
que não incomoda, dá outro ânimo à Baixa da cidade. É melhor
ouvir sua música que a de outros artistas que circulam por esta zona
histórica, mais parecendo ruído. Acho que deve continuar, até
porque numa altura que Coimbra é invadida por turistas estes levam
uma boa imagem da cidade para mais tarde recordar. Mas, a meu ver,
porque não fazer mais por estes artistas que dão mais beleza a
cidade?
Ainda
em exposição, está patente no Museu temporário da Memória, na
Rua Velha, na Baixa, a mostra “Rostos Nossos (Des)conhecidos”.
Amiúde passamos por eles na rua e os olhamos tantas vezes como
mobília da cidade sem querer saber da sua história.
Com
os artistas desta urbe agimos de igual modo, incluindo a Câmara
Municipal, que obriga a que o artista pague sua legalização.
Resumindo, tem que pagar à edilidade para mostrar sua arte que vai
animando a Baixa tantas vezes triste. Não concordo.
Todos
os anos há as Noites de Verão. Como se sabe, consistem em mostrar
aos turistas o fado de Coimbra -geralmente à quinta-feira- e folclore
regional -à sexta-feira.
Uma
boa iniciativa, mas que deveria ser alargada a outras artes como
teatro. Deveria também trazer outros conceitos. Não só o fado e os
típicos ranchos são importantes. Nomeadamente o fado de Coimbra tão
único dentro deste estilo musical.
Ao
ler o texto sobre a queixa de comerciantes acerca do miúdo maravilha
pensei num conceito que poderia funcionar.
Num
Sábado de Verão, porque não montar aparelhagem sonora e luzes a
condizer e fazer um espectáculo mas onde os intervenientes fossem
estes artistas de rua? A autarquia tem os meios e podia convidar
estes intérpretes a participar nesse espetáculo. Assim estes
criadores tinham mais visibilidade, eram mais aceites pela
comunidade, e, além de mais, expunham sua arte performativa.
A
meu ver estes obreiros dão uma lufada de ar fresco a esta zona
comercial da cidade, tantas vezes ensimesmada, triste, e envolvida do
manto do silêncio avassalador. Não deveria a Câmara Municipal e a
Baixa agradecer-lhes, criando esta apresentação?
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