terça-feira, 17 de novembro de 2015

SALÁRIOS EM ATRASO NA COIMBRA EDITORA




Cerca das 10h30 de hoje, embora sem quebrar o silêncio envolvente de uma manhã de Outono, a monotonia da paisagem pedonal da Rua Ferreira Borges foi invadida pelo volume visual de um grupo de cerca de uma dúzia de pessoas paradas, como que em sentido e a fazer formatura, em frente à porta da Coimbra Editora. Nas suas mãos vários cartazes mostravam a motivação que os levara junto da mais antiga livraria em actividade na cidade Coimbra. Encostado à parede e junto a uma bandeira do Fiequimetal, Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas – CGTP-IN, um cartaz plasmava a razão da concentração: “Coimbra Editora trabalhadores em greve pelos salários em atraso”.

UM POUCO DE HISTÓRIA (TRISTE) NUM FOLHETO

Um dos panfletos distribuídos aos transeuntes pelos manifestantes plasmava o seguinte: “A Coimbra Editora foi constituída em Agosto de 1920 e ganhou prestígio na publicação de obras jurídicas. São seus administradores José da Ponte e João Salgado, também responsáveis da distribuidora CE Sodilivros, falida em 2012, e da Livraria Jurídica, cujo PER foi recentemente negado.
Em Julho de 2009, a marca Coimbra Editora foi vendida à Wolters Kluwer Portugal (WKP), à qual foi readquirida três anos depois, em Julho de 2012, e uma outra má opção foi a estratégia de aumentar de 4 para 15 o número de livrarias que estiveram no início das dificuldades. Em 2014, vieram a saber há pouco os trabalhadores, a marca Coimbra Editora voltou a ser vendida à Quimera Editores, do Grupo Escolar. Mas do negócio, que terá sido realizado por mais de um milhão de euros, nada reverteu para pagar a dívida aos trabalhadores, que continua a aumentar de dia para dia, estando já em valores médios de 10,000.00 euros por trabalhador.”

O DESESPERO DE VITOR SILVA

Nas mãos de um dos grevistas um dos cartazes chamava a atenção: “João Salgado! Estou desesperado, o meu filho entrou para a Universidade e o mês de Setembro ainda está por pagar.”
Dá pelo nome de Vitor Silva e, por palavras vivas, corrobora o que está no placard. “Estou a viver uma situação deveras aflitiva. Tenho dois filhos a estudar, um deles entrou agora no ensino superior, e não sei como dar a volta à minha carência financeira. Infelizmente não é apenas uma condição só minha, somos 33 funcionários a viver o mesmo problema –já fomos cerca de 80. Ou seja, estamos sem receber subsídios de férias e de Natal desde 2012. Subsídio de alimentação desde Outubro de 2014 e 5 salários em atraso deste mesmo ano. E ainda os salários de Setembro e Outubro deste ano de 2015.
Não se percebe o que estão a fazer connosco. Há muito trabalho para fazer nas oficinas de Ponte de Eiras –atrás de Vitor Silva, um outro manifestante e colega emendou: “ainda, ainda há trabalho! Não há é dinheiro!”





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