POR ALEX RAMOS
"Há
uns meses, numa reportagem da “Página da Baixa”, ouvimos os
responsáveis da APAEME, Associação Para o Apoio ao Empreendedorismo da Margem
Esquerda, dizerem que havia um plano para a requalificação da Praça das Cortes,
um parque de estacionamento ao fundo da Ponte de Santa Clara. A agremiação
empresarial reclamava por a Câmara não os ouvir enquanto representante de
vários empresários. Por outro lado, acho mal que nesta cidade tudo que seja
público, como é o caso do estacionamento, tenha um custo associado. A meu ver a
edilidade só melhorou aquele espaço degradado porque sabe que vai obter lucro
dele, caso contrário adivinho que aquele espaço nunca seria revitalizado. A meu
ver, onerando a paragem de automóveis, creio que vai desertificar ainda mais a
Baixa. Encaro este encargo quase como uma portagem. É como se transmitisse:
quer vir à Baixa ver uma das igrejas mais antigas senão a mais
antiga do país? Quer tomar um cafézinho num estabelecimento
emblemático? Quer fazer compras em ruas históricas e em lojas
antigas e tradicionais? Venha, mas antes pague os direitos de passagem,
exactamente como há mais de um século se praticava para transpor o rio através
da ponte.
Entendo
que a autarquia tenha que obter meios de financiamento, mas será que tem que
afectar sempre os mesmos? Não pode captar receita através de poupança? Querem
exemplos? Um exemplo simples e eficaz: a iluminação pública na cidade. Houve um
projecto para Coimbra com luminárias led. O que aconteceu a esse projecto?
Tanto quanto sei, as luzes nocturnas de mercúrio gastam rios de
dinheiro e desperdiçam muita energia a alumiar Coimbra. Essa
poupança podia ser canalizada para obras que a urbe precisa como, por
exemplo, na Rua da Sofia, na Baixa e até à Alta, onde há prédios, muitos
camarários, a cair aos bocados.
Por outro lado, poderiam ser aliviadas as taxas e taxinhas que a Câmara
aplica aos comerciantes como, por exemplo, isentar a publicidade e
toldos nos estabelecimentos. Continuo a ver muitos prédios a precisar de
recuperação, alguns urgentes. Vejo um Centro histórico, Alta e Baixa,
esventrado, esquartejado na sua alma e com sinais de insegurança.
Repare-se no escândalo da futura Avenida Central –que deveria ser chamado de “Buraco
dos Pobres”- para passar o malfadado Metro Ligeiro de Superfície.
Em
relação à rotunda anunciada para servir o Continente na Auto Industrial, vamos
por partes:
Sempre achei uma confusão o trânsito naquela zona da Avenida Fernão
de Magalhães. Em hora de ponta geram-se filas enormes; depois há
ruas que a meu ver até podiam ser pedonais , como a Simões de
Castro pois esta rua, em parte, realiza o que outra já faz. Acho
que parte da zona do Largo do Arnado poderia ser pedonal e com zonas
ajardinadas e dava-se um outro aspecto a esta área.
A rotunda, a meu ver, vem escoar mais rapidamente o trânsito, vai
haver menos confusão no tráfego automóvel. Pergunto: o que vão instalar
no meio dessa rotunda? Por que não aproveitar e mostrar algo bonito? Por que
não uma estátua de alguém que lutou por esta cidade? Deveria ser algo grandioso
para essa rotunda para que o visitante que demanda a Lusa Atenas sinta que esta
a entrar numa cidade grandiosa, mítica, romântica.
Depois, na continuação, não entendo a razão dos lojistas estarem contra
a abertura do Continente. Acho que devem encarar a sua vinda como uma
concorrência saudável –entre médias áreas de consumo-, que vai trazer mais
pessoas à Baixa.
Depois, sinto que esta parte velha da cidade estagnou no tempo,
ficou parada nos anos de 1980. Não se desenvolveu. Ora o que não progride
morre. A meu ver, houve muitos motivos para este denominado centro comercial a
céu-aberto ter chegado ao ponto a que se chegou mas um dos principais foi
os comerciantes não se adaptarem a uma nova realidade e não terem
evoluído. Hoje, penso, muitos tomam noção desta realidade e começam a ver
novas possibilidades neste novo contexto de dinâmica.
A Baixa
tem que evoluir e acompanhar novas tendências, não pode ficar encalhada. É
certo, os comerciantes não têm culpa na sua totalidade, a câmara também tem
responsabilidade, porque não promove, através de incentivos fiscais
e outros, a habitação. Porque, está de ver, não se atingem objectivos oferecendo
baldes de tinta e para os obter é preciso assinar 200 papéis e estar meses à
espera da ordem.
Se a
edilidade não se pode fazer substituir aos proprietários e comerciantes, pelo
menos, tem obrigação de constituir um parceiro no desenvolvimento e não (mais
um) cobrador de impostos."
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