segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

CMC: A VOZ DO POVO DE COIMBRA PARA O MUNDO

 

(Imagem da Web)



No passado dia 22 de Novembro, com transmissão directa via Internet, realizou-se a terceira reunião de Câmara Municipal de Coimbra depois da instalação do novo executivo.

Com início às 15h00, como nos encontros últimos e posteriores, entre o gesticular de mãos, o sorriso sarcástico e a recorrência permanente a um passado recente, decorria a sessão num ambiente faz de conta, como numa batalha de “paintbal” com a mancha psicológica e pouco efeito pragmático, onde a teatralização dos presentes, por efeitos da visualização fílmica mundial, passou a marcar o compasso do tempo político e partidário.

De entre acusações de lado a lado, como quem diz, entre a oposição que agora é governo e a presidência que já foi e agora é oposição, cada parte tentava mostrar através da argumentação ser melhor que a outra. E depressa o relógio marcou 17h00 em ponto, período destinado à intervenção do público – para quem se lembrar, conquistar o cumprimento desta norma em 2019 ao antigo regime foi difícil e levou muita teimosia e transpiração.

Apresentou-se em cena um novo actor até agora desconhecido do grande público, um munícipe de nome Manuel Bragança para apresentar a sua tese sobre cidadania. O presidente da mesa, José Manuel Silva, melífluo, doce, harmonioso e suave, bem sentado no cadeirão-mor ainda em fase de adaptação ao lugar de mestre, procurando mostrar ser cumpridor e não ser acusado de ter tiques autoritários como na anterior vigência, apresentando as boas-vindas, mandou dar início ao desempenho teatral do cidadão.

O citadino, engatando a primeira mudança de arranque, começando por elogiar e dar os parabéns ao novo mestre-de-cerimónias, afirmou que “anteriormente não se sentia bem naquela sala por haver tanta arrogância e tanta prepotência que era levada por todas as pessoas que estavam aqui presentes (...)”. Pressentiu-se na sala um questionar silencioso e todos os ouvidos ficaram em sentido. Mais que certo o presidente, em solilóquio, perguntava-se onde conduziria aquela performance do homem com a destemperada acusação no cravo e outra na ferradura. Mau, mau! Afinal, José Manuel Silva também fazia parte do anterior elenco.

E prosseguia o acutilante, “não podemos ver as mordomias existentes aqui na Câmara. Isto é chocante! Ainda agora vi ali fora três carros, ainda falta o outro. Que eu mandasse, se eu tivesse plenos poderes, aquele carro, se calhar, seria afundado ali no rio Mondego. Olhe, é execrável!

E continuou o candidato a munícipe do ano, “Eu vou dar um exemplo, num outro dia vi umas pessoas a comentarem, aqui no café, que fulano (e citou o nome) que tem um carro com motorista, e, veja bem, que nunca fez nada na vida (...)”.

Os vereadores socialistas, revolvendo-se nas cadeiras, pareciam deitar fumo pelas orelhas. E o nosso amigo Bragança, sentindo-se o maior da cantareira e agora já em quarta velocidade, com uma longa lista na mão, continuava a malhar em tudo o que mexia, sobretudo se cheirasse a socialistas. Por falar em cheiro, disse o denunciante, a estufa do jardim Botânico é uma vergonha. Aquilo parece uma pocilga. E o culpado é o Reitor da Universidade, que “eu tenho impressão que o senhor Reitor também deve ser mais ou menos o tipo da área em que está habituado a ser educado”.

E voltou a virar a seta apontadora para os vereadores socialistas ali ao lado, “eram uns indivíduos, coitados, não se conhece o passado destes senhores em nenhuma empresa privada e nada fizeram de positivo na cidade”.

E para terminar a conferência, virando-se para Carlos Cidade, vereador da oposição, rematou: “eu fiquei extremamente feliz quando o vi a chorar por ter sido derrotado nas eleições. Boa tarde, e passe bem!”


SAI UMA CERTIDÃO PARA A ESQUERDA


Começo por escrever que, a meu ver, o morador Conimbricense se excedeu e, de facto, como afirmou Carlos cidade – que na última reunião camarária pediu que se extraísse uma certidão de teor para promover uma acção por denúncia caluniosa -, o munícipe colocou pessoas e entidades em causa – e pode ainda levar, como bónus, uma acusação pelo Ministério Público de incentivo à destruição de bens do Estado.

Mesmo assim, esta intervenção pouco dignificante deve ser resolvida entre os interessados sem chegar a tribunal - nada que um pedido de desculpas particular ou público por parte de Manuel Bragança não possa resolver.

Tendo em conta o contexto, isto é, desta manifestação do citadino ter sido feita em cima da mudança de poder, num certo “ambiente revolucionário”, levando em nota o que se passou no mandato anterior com os urbanos que pretendiam intervir no hemiciclo, e a circunstância, ou seja, o facto de Carlos Cidade abdicar de vir a ser deputado nestas próximas eleições para ser o candidato à Câmara Municipal, pelo PS, em 2025, este assunto não deve ir além do que já foi. O que se deve fazer é, fazendo cumprir o Regimento, evitar que se repita para o futuro. Dar uma certa margem de encaixe, conforme retorquiu José Manuel Silva, o presidente, acaba por engrandecer toda a vereação.

Carlos Cidade se teimar em levar o pleito à barra, seja qual for o resultado final, fica sempre a perder e marcado pelo anátema de, alegadamente, ter intentado contra a livre expressão de um habitante da cidade.

Vale a pena pensar nisto?

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