Ontem, 17 do corrente, escrevi aqui uma Carta Aberta endereçada ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva. Nesta mensagem online, defendia a necessidade da edilidade cumprir com os comerciantes uma “dívida” de reconhecimento e gratidão pelo muito que fizeram pela prosperidade da cidade, sobretudo nos últimos setenta e cinco anos.
Acima de tudo, quis mostrar a injustiça que a sede do poder local aponta para esta classe de esforçados mercadores. Só para tomarmos noção, se morrer um qualquer lente universitário, um médico, um advogado, um qualquer político é certo e sabido que o Executivo Municipal na reunião subsequente vai guardar um momento para relembrar a sua narrativa de vida. Se morrer um operador comercial, grande ou pequeno, no maior ostracismo e insensibilidade, dificilmente será relembrado. Não fossem os jornais, blogues e Redes Sociais e o desaparecido partiria, como nunca tivesse existido, no maior silêncio sepulcral.
Aliás, como se faz em relação a apenas cidadãos de nomeada, a Câmara Municipal deveria alargar o leque e ter um funcionário adstrito ao cumprimento de apresentação de condolências aos familiares do falecido. A este gesto chama-se humanidade – não quero dizer que a obrigação deva ser geral e abstracta, nem quero transformar a homenagem numa luta de classes, mas pelo menos para alguns citadinos que, por obra feita, criaram e deram emprego e deixaram o seu nome para a posteridade, não sejam esquecidos.
Voltando à Carta Aberta, a determinado passo escrevi que, na qualidade de munícipe, tinha apresentado esta ideia numa reunião de Câmara, em Junho de 2019. Disse ainda, “era de adivinhar, à minha sugestão, entre uma tentativa de boicote, um bocejo e um sorriso de escárnio, não foi manifestado qualquer interesse”.
E prosseguia, “no fim dessa sessão fui contactado pela então, na altura, vereadora independente eleita nas listas do PSD, Paula Pêgo, para que, na sua companhia, agendasse uma visita a alguns comerciantes. Ficando entusiasmada com a ideia, propunha-se levar ao executivo a recomendação de ser feito um livro com a história destas pessoas e dos seus estabelecimentos. Cheguei a apresentar a eleita a vários comerciantes considerados elegíveis para o efeito. Entretanto, desvinculando-se do compromisso com o PSD e tornando-se vereadora não inscrita, Paula Pêgo nunca mais falou deste assunto.”
PAULA PÊGO APRESENTA UMA VERSÃO DESCONHECIDA
De Paula Pêgo, ex-vereadora na Câmara Municipal de Coimbra no mandato de 2017-2021, recebi este pedido de publicação:
“Boa noite Sr. Quintans. Acabei de ler a publicação sobre o assunto que ao tempo falámos sobre a publicação de uma reportagem fotográfica sobre os comerciantes mais antigos da Baixa (hoje, com grande pesar, lamentamos o falecimento de um deles). Gostaria de esclarecer que o projeto foi por mim apresentado ao então Presidente da Câmara Manuel Machado e à Senhora Vereadora Carina Gomes, que de imediato acolheram a proposta. Mais, o fotógrafo estava escolhido. No entanto, como bem sabe, em março de 2020 caiu uma pandemia sobre nós tendo de se suspender o projeto pela inexistência de condições sanitárias para o efeito. Esta é a verdade dos factos que gostaria que fosse reposta. Muito agradeço a reposição da verdade.”
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