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Anónimo
deixou um novo comentário na sua mensagem "CARTA
ABERTA A PEDRO MACHADO, PRESIDENTE DO TCP":
Bem, eu já visitei outras cidades no estrangeiro e outros postos de turismo e juro que nunca vi nesses postos de turismo folhetos de anúncios de todas as casas comerciais, mesmo só as dos centros históricos. O que lá vi foram informações e folhetos daquilo que distingue a cidade. No caso de Coimbra, foi aquilo que levou à sua classificação como património mundial: o fado, os monumentos, museus, etc. Mas a sua ideia não deixa de ser muito original. Mas, já agora, para que servem as associações comerciais e industriais?
Em relação aos mapas, parece-me que tem razão.
Bem, eu já visitei outras cidades no estrangeiro e outros postos de turismo e juro que nunca vi nesses postos de turismo folhetos de anúncios de todas as casas comerciais, mesmo só as dos centros históricos. O que lá vi foram informações e folhetos daquilo que distingue a cidade. No caso de Coimbra, foi aquilo que levou à sua classificação como património mundial: o fado, os monumentos, museus, etc. Mas a sua ideia não deixa de ser muito original. Mas, já agora, para que servem as associações comerciais e industriais?
Em relação aos mapas, parece-me que tem razão.
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RESPOSTA
DO EDITOR
Começo
por lhe agradecer o ter comentado e ter respondido a estas questões, caro anónimo conhecido.
Vou então, ponto por
ponto, responder:
“Bem, eu já
visitei outras cidades no estrangeiro e outros postos de turismo e
juro que nunca vi nesses postos de turismo folhetos de anúncios de
todas as casas comerciais, mesmo só as dos centros históricos.”
RESPOSTA:
Lendo por
inteiro e retirando as devidas ilacções ao que escreveu, quando
afirma “juro que nunca vi nessses postos de turismo folhetos
de anúncios de todas as casas comerciais...”, deve
depreender-se que não viu de todas mas viu de algumas.
Meu caro senhor a ideia de que todos os operadores comerciais
colocarão cartões no posto de Turismo é uma falácia. Aliás, este
mesmo argumento foi-me ontem apresentado pela responsável. Embora a
permissão deva ser aberta a todos quantos o requeiram, restaurantes,
cafés e lojas comerciais, estou em crer que só alguns se vão dar a
esse trabalho. Penso que só os mais interessados optarão por esta
via, nomeadamente as galerias de arte da cidade (que se contam pelos
dedos de uma mão) as casas de velharias e antiguidades da cidade
(que se contam pelos dedos das duas mãos), as lojas de artesanato da
cidade (que, contrariamente ao que se pensa, são pouco mais do que
os dedos de duas mãos), os estabelecimentos antigos e de relevância
municipal (que neste momento nem me lembro de nenhum, por já terem
encerrado todos) e alguns cafés e restaurantes de renome.
Embora eu
já o referisse na carta aberta, não deixa de ser interessante a
obsessão pela neutralidade. Ou seja, há uma preocupação intensiva
em não aconselhar alguém para não ser acusado de favorecimento, mas
depois, no oposto, enveredando pela indiferença, desconhece-se
completamente sobre o que faz parte do comércio, o que existe e o
estado em que se encontra. Tem-se uma ideia algo baseada em dogmas e
mitos. Assim numa espécie de balanço entre culpados e inocentes
-que, aliás, segue o mesmo pensamento igual ao cidadão comum.
Naturalmente que os inocentes são os monumentos, muitos deles
encerrados, e o fado local que, pelos vistos, só agora se abriu ao mundo e
merece respeito e consideração. Não entendem que perseguindo um
escrupuloso dever de isenção, têm (deveriam ter) outro de maior
amplitude: o cumprimento de um dever de lastro social. O facto de
encerrarem casas históricas na Baixa de Coimbra isso não diz respeito ao
Turismo de Portugal? O encerramento de um estabelecimento numa aldeia que servia de motor de revitalização ao lugar não diz nada ao Turismo de Portugal? No fundo e contrário ao que deveriam
desenvolver no país, com este alheamento e, especulando, secreto
prazer ante a desgraça alheia do desmoronamento comercial, procedem
como as multidões humanas perante os espectáculos de miséria e
tragédia: nada fazem para o evitar e quando acontecem, ou correm a
doar um euro para uma conta especial de ajuda ou carpem lágrimas de
crocodilo.
É lamentável que certas instituições, que são pagas para
dinamizar, se tornem ortodoxas, fechadas hermeticamente na sua
concha de impunidade, e não percebam que um lugar habitado está todo
encadeado entre coisas e pessoas. Olhando o Céu e com a fé em Deus,
fecham-se na sua capelinha e, dormindo descansados na paz dos anjos,
seguem os mandamentos da sua cartilha doutrinal. Parafraseando
Anatole France, para certas instituições “a justiça é a
administração da força”, apenas isto e nada mais, e ponto
final e parágrafo. Para além da lei escrita não há mais mundo.
Não existe interpretação, reflexão, consoante as variáveis. Num
novo positivismo jurídico, tudo é seguido com a mesma régua e
esquadro, tomando tudo e todos por igual.
“ O que lá vi
foram informações e folhetos daquilo que distingue a cidade.”
Uma cidade,
ou qualquer outro lugar habitado, do ponto de vista turístico, é
(deve ser) apresentada (ou vendida) ao visitante sempre sobre duas
premissas: história e cultura. História: mostrando o
passado, através da sua universalidade de séculos, falando de todos
quantos contribuíram para a sua construção e o seu enriquecimento,
da monumentalidade, da arquitectura, das vias de comunicação (ruas,
becos e ruelas), do paisagismo natural e construido. Cultura:
mostrando os hábitos e costumes das gentes, a sua música
autóctone, no caso fado e folclore, o seu comércio local, sem
esquecer os estabelecimentos antigos, as profissões e artes
desaparecidas, falando de uma outra cidade comercial que antecedeu a
actual, pequenas indústrias de tradição, a agricultura, não
esquecendo que o Mondego continua a ser um celeiro agriculturado.
De forma
ligeira e sintética, meu caro, a cidade, enquanto pólo de pessoas a
interagir, é muito mais do que defende. Ou por outra ainda, a urbe
deve e pode ser muito mais do que se pensa através de ideias
pré-concebidas e feitas. Se (todos) queremos salvar a Baixa
socialmente, habitacional, comercial e industrial, temos todos de
criar um contrato social com urgência, e, deixando cair as ideias
sem contestação, experienciar novas valências, rumo a um
ordenamento que urge fazer.
“No caso de
Coimbra, foi aquilo que levou à sua classificação como património
mundial: o fado, os monumentos, museus, etc.”
Sem
ser especialista na matéria, permita-me discordar completamente. O
que escreveu é um completo absurdo. Os critérios de classificação
da UNESCO assentam sobre várias alçadas, sobretudo o factor humano,
na sua heterogeneidade, que envolve os edifícios distinguidos. O que
está por detrás desta escolha é a preocupação em preservar para
o futuro, mas sem perder de vista a humanidade.
Os
museus não precisam de ser classificados porque contêm já uma
mística, uma apologia de conservação a servir de ponte entre o
passado e o presente e a projecção no futuro. Embora, em Coimbra, os museus também se abatem.
O
fado, a canção de Coimbra, enquanto espécime regional e local, não
foi personalizado como Património Imaterial da Humanidade. O que foi
classificado foi o Fado Nacional. Isto é, creio, considerou-se que o
fado de Lisboa é, em amostragem, representativo de Portugal. Embora
diferente, esta diferença não chega para o singularizar. É muito
parecido com o de Coimbra e Porto.
Não
posso deixar de dizer que essa sua forma maniqueísta de ver não é
exclusivo da sua pessoa. Há cerca de dois meses, em Abril, o Diário
de Notícias, na rubrica “país positivo”, acerca
da efeméride de 727 anos de existência da nossa universidade, como
uma das mais antigas do mundo, entrevistou Luís Menezes, vice-reitor
para o turismo da Universidade de Coimbra. Foram duas páginas de
reportagem sobre os últimos quatro anos de turismo em Coimbra.
Adivinhe quantas vezes este vice-reitor referiu a cidade na
entrevista? Quantas é que disse? Engano seu: zero. Este senhor, num
descarado umbiguismo e auto-elogiamento apenas falou na
Universidade de Coimbra, no aumento de visitantes, e todos os seus
monumentos. A transversalidade da riqueza turística para a cidade,
no seu todo, não interessa nada. Aliás, já o tinha feito num debate sobre turismo em Coimbra e em que estive presente.
“Mas, já agora,
para que servem as associações comerciais e industriais?”
Meu
caro arguente, vejo que desconhece completamente o que se passa na
cidade. Mas, como não é único, perdoo-lhe. Com passado na defesa
das suas aspirações, os comerciantes não têm nenhuma associação
representativa de defesa dos seus interesses. A única que existiu na
cidade foi a ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra,
que, a simbolizar o respeito pela nossa história, com cerca de 170
anos, entrou em insolvência e desapareceu.
Embora, refira-se, nos
últimos anos surgiu o NERC, Associação Empresarial da Região de
Coimbra, com Horácio Pina Prata, ex-presidente da ACIC, como líder.
Que representatividade terá entre o universo de comerciantes? Isso
não sei. Porque não consegue entrar no ramo? Estou em querer que
haverá várias razões, entre elas a crise financeira que os
operadores comerciais atravessam.
“Em relação aos mapas,
parece-me que tem razão.”
Como
raramente tenho razão, já me dou por satisfeito estar apenas certo
aqui, na questão identificativa dos mapas. Se está mal, quanto
antes, a bem da Baixa, a bem da cidade, altere-se!
2 comentários:
Sr. Luís, não é preciso tanto. Sabe que os postos de turismo não servem para fazer publicidade das casas comerciais, não sabe? Pronto, é só isso. Quanto às associações, os comerciantes que se organizem. Ninguém o faz por eles. E sei o que se passa na cidade, sei, talvez há mais anos que o senhor Luis, por acaso, nasci na Rua da Moeda. E estou bem ciente da incapacidade de os comerciantes se organizarem, se unirem e chamarem clientes. Pensa que isso começou com a crise? Quem é que não conhece a cidade?
Meu Caro Luís Quintãs
O tema que abordou tem pano para mangas e não me vou pronunciar aqui.
Estranhei, isso sim, o seu comentário relativamente à ACIC, ao NERC e ao seu presidente.
Não o reconheci nessa análise.
Será que também já virou "político" '
Um abraço.
António Martins
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