sexta-feira, 2 de junho de 2017

METRO: UMA NOVA QUESTÃO COIMBRÃ? (1)





Perante um repleto Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra, foi apresentado hoje a 2.ª fase do Sistema de Mobilidade do Mondego.
Com cerca de quarenta minutos de atraso em relação ao calendarizado, Pedro Marques, Ministro do Planeamento e Infraestruturas, rodeado com um poderoso séquito, em passo militar irrompeu na grande sala dos actos e tomou o lugar central na mesa de painel. À sua esquerda estavam sentados Ana Abrunhosa, Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, e Luís Marinho, Presidente da Assembleia Municipal de Coimbra. À sua direita estavam acomodados Manuel Machado, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), e João Ataíde das Neves, presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz e ex-aequo presidente da CIM, Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.
Como é protocolar, abriu a sessão Manuel Machado. O edil de Coimbra, começando por cumprimentar os representantes das várias entidades presentes, incluindo o governante, vereadores, deputados, jornalistas e público em geral, em pose professoral e tentando uma humildade difícil de obter, numa mensagem clara e apelativa, iniciou o seu discurso com a frase “neste dia esperançoso para Coimbra e sua região...”. Prosseguiu com “...se a solução for concretizada até 2021, Pedro Marques será uma figura determinante em Coimbra”. Disse ainda o edil conimbricense: “Ao pragmatismo de Pedro Marques em desatar este nó, a CMC quer corresponder com igual pragmatismo”. “(…) A CMC não faz finca-pé nos carris. O que é fundamental é que o projecto seja realizado para o transporte de pessoas...”. “(...) O projecto não pode perder mais tempo. Tem de ser exequível. Não se pode perder mais tempo...”. “(...) A Estação Velha tem de ser reabilitada...”. “Dito isto, há que meter mãos-à-obra!”. “(…) Esperemos que não surjam empecilhos do costume!”. “(...) Conto convosco para apoiar este projecto”. “Vamos virar a página, senhor Pedro Marques?

E FALOU O PRESIDENTE DO LNEC

Em seguida tomou da palavra o presidente do LNEC, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Carlos Pina, que depois de cumprimentar todos passou a palavra a outra técnica. Esta e outros funcionários, suportando-se em painéis projectados, exaustivamente defenderam este novo sistema Metro-bus. Tendo em conta a orografia do terreno, o anterior projecto não era compatível, justificaram. Remataram com a longa experiência da entidade ao serviço dos governos e do Estado Português.

E FALOU ABRUNHOSA

Depois da longa explanação técnica dos representantes do LNEC, subiu ao pódio Ana Abrunhosa. A presidente da CCDRC começou por declarar a independência e isenção do LNEC neste logo processo. Disse depois que “a solução do metro ligeiro de superfície (LRT) esteve prevista durante a fase de negociação do Portugal 2020 no Plano Operacional Regional do Centro em 2014”. Num inquérito à mobilidade de 2008, prosseguiu com números de afluência entre todo o percurso desde Serpins até Coimbra.
Continuou a rainha do palacete dos Loios com a mostra de enquadramento da fase I, agora com conclusões. “Em 2015 o LNEC elaborou a fase 1 do presente estudo:
-concluiu-se que o canal SMM pode ser usado por uma solução de transporte colectivo de alto desempenho em sítio próprio.
-Foi evidenciada a importância de (entre outras) diminuir a incerteza nos valores da procura estimada; menor investimento inicial; custos de manutenção e operação mais baixos dos que já conhecidos.”
Continuou a musa da CCDRC -nomeada para a função no governo de Passos Coelho-, agora no enquadramento da fase II: “A CCDR Centro contratou ao consórcio LNEC/IPE a fase II do estudo “Análise Comparada de Soluções Tecnológicas de Transportes para um SMM custo-eficiente”. “A fase II teve como objectivo analisar a viabilidade de uma opção de alta prestação como solução para o SMM, que garanta o reforço das condições de mobilidade nos concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã”.
Concluiu a líder da comissão de coordenação centro que, perante todos os pressupostos apresentados, a questão era tão só que a Comissão Europeia não aprovava um projecto assente sobre carris que custa à volta de 280 milhões. Aliás, exigiu que fosse apresentado em Bruxelas um outro plano, mais eficiente, adaptável a todas as variantes imponderáveis, e menos oneroso. Foi assim que se chegou a este projecto agora mostrado. Os autocarros não estão contemplados mas facilmente serão elencados no Plano Operacional SEUR, afirmou Ana Abrunhosa.

E FORAM PROJECTADOS VÍDEOS

Foram mostrados vídeos do BRT em alguns países do mundo, um deles, no Japão, com perspectivas muito idênticas aos terrenos suburbano e urbano de Coimbra e adaptáveis ao sistema do tipo Metrobus em canal de via única e de guiamento automático (mas assessorado por um motorista nos primeiros tempos). Este investimento, “moderno, confortável, rápido e fiável, prático, seguro”, rondará entre os 75 e os 90 milhões de euros e, para além da ligação ao alto de São João tendo por meta Serpins, percorrerá todo o trajecto de trecho urbano anterior via superfície apresentado na fase I, que vai desde a Estação Velha, passando pela Loja do Cidadão em direcção a Celas até aos Hospitais da Universidade. Cada carruagem no serviço suburbano terá uma lotação de 55 lugares sentados. No serviço dentro da cidade, urbano, a lotação será de 130 lugares sentados e em pé.

E FALOU O SENHOR MINISTRO

Finalizou a cerimónia Pedro Marques, o ministro socialista da Boa-nova. Começou por cumprimentar todos os presentes, individualmente e em representação protocular. Como simples detalhe, certamente por lapso, não referiu o presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, Luís Marinho.
De rosto fechado e sem se rir, continuou Pedro Marques a declarar que este projecto “multimobilidade, configurado para outros transportes”, é para levar para a frente e já estão pessoas a trabalhar no terreno. “Já adjudicámos os trabalhos preliminares. Acredito neste projecto. Os três anos e meio, a finalizar em 2021, já começaram a contar", disse.

E O MILAGRE DOS PASTORINHOS ACONTECEU

Com o alto patrocínio de Nossa Senhora das Eleições e conjuntamente com o poder intemporal dos Pastorinhos, agora santos, o ministro em exercício que Manuel Machado gostaria de ter sido, com voz bem timbrada e melhor colocada, sem tremer no timbre, nem vacilar no corpo, como que a querer provocar a força milagrosa da nossa padroeira Rainha Santa, anunciou a todos os presentes, que já acreditam em prodígios e naqueles que hão-de ganhar fé no PS e, colocando a cruzinha, vão ajoelhar e rezar perante a urna do sufrágio no próximo Outubro, Pedro Marques revelou: “HOJE MESMO LANÇÁMOS O CONCURSO  PÚBLICO PARA COIMBRA B”.

(PODE LER AQUI (CLIQUE EM CIMA) A SEGUNDA CRÓNICA SOBRE ESTE MESMO ASSUNTO)

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