sábado, 17 de junho de 2017

EDITORIAL: A CARA DE PAU DOS POLÍTICOS DA NOSSA TERRA






Ontem, sexta-feira, alegadamente, Manuel Machado, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, acompanhado com séquito, e naturalmente em pré-campanha eleitoral, andou a percorrer as ruas estreitas do Centro Histórico.
Um reconhecido comerciante destas ruas esquecidas da Baixa da cidade escreveu a seguinte mensagem no Facebook: “A ver se eu entendi:
As autárquicas são de 4 em 4 anos, não é? E serão este ano, certo?
O que se passa é que há 4 anos o nosso presidente da câmara e também da Associação Nacional de Municípios passava aqui na Baixa dia sim dia sim, sempre muito sorridente e cumprimentoso. Depois desapareceu e durante os últimos 4 anos não foi visto nestas paragens. De repente...
Milagre! Voltou hoje! Sorridente e cumprimentoso como convém.
Adivinhem porquê?...”
Concordo completamente com a mensagem do meu colega de ofício. Durante os últimos quatro anos contam-se pelos dedos das mãos as vezes que o actual ocupante da cadeira do poder da Praça 8 de Maio andou pelos becos e ruelas. Para quem não sabe, a Câmara Municipal de Coimbra está implantada no casco velho desta zona protegida e parte dela classificada como Património Mundial da Humanidade . O que, no mínimo, torna a situação caricata. Mas não se pense que a oposição é melhor. Nada disso, seguindo o exemplo do presidente do executivo, aqueles que deveriam primar pela diferença, pelo contacto de porta-a-porta com os eleitores, fizeram a mesma coisa. Raramente neste quadriénio alguém viu por aqui, apresentando-se como tal, os deputados da Assembleia Municipal de Coimbra. Já para não falar nos eleitos que agora compõem a União de Freguesias de Coimbra. Quem são eles? Aposto que poucos saberão. A política local está transformada numa sensaboria, numa coisa insípida, sem sabor, sem utilidade prática, pelo menos, visto sob o olhar da comunidade.
O resultado de tudo isto, sabe-se, é a cada vez maior abstenção e desligamento da colectividade em participar na vida pública. Eles, políticos, importam-se alguma coisa com este divórcio? Claro que não, digo eu, até agradecem. Se é certo que, por um lado, quantos menos cidadãos participarem no acto eleitoral o partido que representam receberá menos, mas, por outro, os cabeças-de-lista e mais dois ou três que lhe seguem serão sempre eleitos, e como prémio: a possibilidade acrescida de arranjarem empregos para familiares e amigos.
A política autárquica, pela irresponsabilidade em gerir a coisa pública, sobretudo fazendo investimentos sem retorno, nomeadamente esbanjando dinheiro a esmo em período eleitoral, está transformada numa actividade criminosa. A coberto da lei, feita à medida por um Parlamento tendencioso, ninguém põe cobro a este escândalo que tão de perto toca uma comunidade cheia de dificuldades. É uma vergonha para todos não haver um tribunal superior ou outra instituição de fiscalização capaz de colocar termo a esta bandalheira.
Em Coimbra, os exemplos estão aí à mão de semear: a mais que discutível construção de uma rotunda e repavimentação das zonas adjacentes que custarão mais de 600 mil euros. Para trazer Ney Matogrosso ao Convento de São Francisco a edilidade, alegadamente, pagou 52,890.00 €. Sabendo-se que, embora esgotado uma semana antes, deu enorme prejuízo aos cofres camarários. A ser discutido em reunião próxima do executivo várias decisões, na mesma linha perdulária vão ser tomadas: nomeadamente a oferta do relvado a três clubes de futebol da periferia que vai orçar em 554 mil euros e o financiamento de 70 mil euros a um festival elitista que só o nome dará aval e justificação. Pergunta-se: o que faz a oposição no executivo? Faz de moldura? Que falta de vergonha, meus senhores!
Sem pretender manipular seja quem for, cada um responde por si, confesso que, perante o situacionismo que fere, este actual executivo gastador jamais levará o meu voto. Mas digo mais: perante o quadro que se apresenta sinto-me completamente perdido. Não sei ainda em quem depositar a minha confiança política. Tenho para mim, que, chegados a 2017, sem tirar de uns para pôr noutros, os candidatos que em alternativa se apresentam ao sufrágio são do mais fraco que se viu até hoje.
O que me resta? Provavelmente, pela primeira vez na minha história de vida, é não ir votar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sr. Luis Fernandes, o que entende por "enorme prejuízo"? Afinal, o concerto não foi de graça. Não terá recuperado todo o investimento, mas daí até ao "enorme prejuizo" vai um enorme passo, não é? Eu sei que isso mesmo vai ser dito pela oposição (parece ser o papel deles), mas espera-se de um cidadão descomprometido com a politica mais objetividade. Não, não tenho nenhum cargo, nem sou candidato, nem filiado em nada, nem sequer numa associação recreativa.