segunda-feira, 19 de junho de 2017

CARTA ABERTA A PEDRO MACHADO, PRESIDENTE DO TCP

(Imagem da Web)




Meu caro Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, começo por me apresentar: Luís Fernandes, um pequeníssimo comerciante da Baixa de Coimbra a tempo inteiro e nas horas vagas um modesto escriba que plasma no blogue Questões Nacionais as suas aflições e a de outros colegas. Neste caso, ampliando os seus queixumes, concedendo-lhes um atendimento personalizado e um melhor entendimento público, e, como mensageiro, levando os seus anseios a quem de direito, como quem diz, a quem detém capacidade decisória para, se for o caso, poder alterar as injustiças latentes.
Não é a primeira vez que me dirijo aos serviços que V. Ex.ª superintende para lhe falar de turismo. Oficialmente nunca recebi uma resposta, mas não é por isso que desisti de conversar consigo. Talvez na esperança que lesse o que pensa quem vem de fora e aporta à cidade.Tenho de confessar que o que me fez avançar hoje com esta esta carta foi ter tomado conhecimento da divulgação do evento “Sons da Cidade” e a tertúlia que vai ocorrer na próxima quarta-feira, 21 de Junho, pelas 18h00, no Café Santa Cruz, sob o mote “COIMBRA, PATRIMÓNIO DA UNESCO. QUATRO ANOS DEPOIS”.
Conforme o anunciado, em princípio, V. Ex.ª vai estar presente para dissertar e, digo eu, responder a questões relacionadas com o turismo na cidade de Coimbra e sua região em balanço de quatro anos.
A ser verdade, que vai estar pessoalmente neste reputado estabelecimento, embora pouco importante esta informação que toca a minha pessoa, gostaria de lhe revelar de que estarei lá também. Mas não é só: olhos-nos-olhos, vou questioná-lo acerca de pequenos detalhes que se verificam no posto de turismo do Largo da Portagem. Ora, pretendendo jogar limpo, para que o senhor não seja apanhado de surpresa, vou deixar-lhe aqui algumas questões que considero relevantes para a Baixa comercial da cidade. Sendo V. Ex.ª filho de comerciantes que passaram a sua vida activa a labutar na zona histórica, estou certo, vai entender melhor o que ambiciono com as minhas perguntas. Assim sendo, com a minha humildade possível, sugiro-lhe que tome informação sobre o que está acontecer e que, já consubstanciado, de aqui a dois dias me responda claro sobre as premissas que abaixo enumero:

1 – Sabia que em cima do balcão do Turismo do Largo da Portagem apenas são permitidos cartões publicitários a monumentos, a guias turísticos, a eventos municipais a realizar e a sessões de fado pagas?
Vou ajuda-lo a perceber melhor: se um qualquer gerente de estabelecimento comercial, de "interesse municipal" ou não, ali quiser depositar cartões para sugerir o seu espaço para turista pegar não pode. O argumento apresentado é que o posto de turismo tem de se manter independente em relação a todo o comércio existente na Baixa. Antes de avançar, adianto que até teria alguma lógica se esta prossecução da imparcialidade conduzisse a um processo que redundasse em algo de bom para todos. Acontece que, salvo melhor opinião, esta obsessão pela neutralidade remete para uma gritante indiferença perante um sector que agoniza todos os dias e, obrigatoriamente, deveria merecer mais consideração pela entidade Turismo do Centro -”um país dentro do País”, conforme reza a publicidade à sua instituição.

2 – Como entender que ali se aceite fazer publicidade a fado com sessões pagas em restaurante e a outros em que não se onera a entrada não seja possível?

3 – Sabia que a carta denominada de “Mapa da cidade de Coimbra”, em medidas de 45x33, distribuída aos visitantes que demandam o Turismo é incompleta e enviesada? Na página principal, com letra perceptível ao olhar comum, podem ler-se apenas os nomes de alguns largos e ruas principais como, por exemplo, a Rua Visconde da Luz, a Praça do Comércio, o Largo da Portagem, o Largo da Sé Velha, a Sé Nova e, naturalmente, a Universidade e o Jardim Botânico, estes em grande plano. As ruas estreitas, becos e ruelas da Baixa nem uma é identificada.
Mas ainda mais: no verso, num espaço de 15x16 centímetros, com uma letra miudinha e apenas legível com lupa de aumento, é mostrada a área da chamada baixinha. Sabia que neste pequeno quadro não constam algumas ruas e largos desta zona de protecção classificada como Património Mundial? Quer exemplos? Entre outros, a Rua da Fornalhinha e Largo da Freiria não constam.

4 – Terá V. Ex.ª noção de que com esta informação deficiente está a discriminar e a contribuir para o afundamento de uma importante parte comercial de Coimbra?
Ou, como me foi dito hoje no Turismo, para quem visita a cidade o importante não é o seu comércio mas antes os seus monumentos e o fado. Concorda? Se convictamente respeita esta tese maniqueísta, a preto e branco, se permite, faça um favor aos seus progenitores: não lhes diga nada.
Na próxima quarta-feira lá estamos no Café Santa Cruz. Espero que não falte!

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem, eu já visitei outras cidades no estrangeiro e outros postos de turismo e juro que nunca vi nesses postos de turismo folhetos de anúncios de todas as casas comerciais, mesmo só as dos centros históricos. O que lá vi foram informações e folhetos daquilo que distingue a cidade. No caso de Coimbra, foi aquilo que levou à sua classificação como património mundial: o fado, os monumentos, museus, etc. Mas a sua ideia não deixa de ser muito original. Mas, já agora, para que servem as associações comerciais e industriais?
Em relação aos mapas, parece-me que tem razão.