(Imagem da Web)
Meu
caro Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, começo
por me apresentar: Luís Fernandes, um pequeníssimo comerciante da
Baixa de Coimbra a tempo inteiro e nas horas vagas um modesto escriba
que plasma no blogue Questões Nacionais as suas aflições e a de
outros colegas. Neste caso, ampliando os seus queixumes, concedendo-lhes um atendimento personalizado e um melhor entendimento público, e, como
mensageiro, levando os seus anseios a quem de direito, como quem diz, a quem detém
capacidade decisória para, se for o caso, poder alterar as
injustiças latentes.
Não
é a primeira vez que me dirijo aos serviços que V. Ex.ª
superintende para lhe falar de turismo. Oficialmente nunca recebi uma
resposta, mas não é por isso que desisti de conversar consigo. Talvez na esperança que lesse o que pensa quem vem de fora e aporta à cidade.Tenho de
confessar que o que me fez avançar hoje com esta esta carta foi ter
tomado conhecimento da divulgação do evento “Sons da Cidade” e
a tertúlia que vai ocorrer na próxima quarta-feira, 21 de Junho,
pelas 18h00, no Café Santa Cruz, sob o mote “COIMBRA,
PATRIMÓNIO DA UNESCO. QUATRO ANOS DEPOIS”.
Conforme
o anunciado, em princípio, V. Ex.ª vai estar presente para
dissertar e, digo eu, responder a questões relacionadas com o turismo na cidade de Coimbra e sua região em balanço de
quatro anos.
A ser verdade, que vai
estar pessoalmente neste reputado estabelecimento, embora pouco
importante esta informação que toca a minha pessoa, gostaria de lhe
revelar de que estarei lá também. Mas não é só: olhos-nos-olhos,
vou questioná-lo acerca de pequenos detalhes que se verificam no
posto de turismo do Largo da Portagem. Ora, pretendendo jogar limpo,
para que o senhor não seja apanhado de surpresa, vou deixar-lhe aqui
algumas questões que considero relevantes para a Baixa comercial da
cidade. Sendo V. Ex.ª filho de comerciantes que passaram a sua vida activa a labutar na zona histórica, estou certo, vai entender melhor
o que ambiciono com as minhas perguntas. Assim sendo, com a minha
humildade possível, sugiro-lhe que tome informação sobre o que
está acontecer e que, já consubstanciado, de aqui a dois dias me
responda claro sobre as premissas que abaixo enumero:
1
– Sabia que em cima do balcão do Turismo do Largo da Portagem
apenas são permitidos cartões publicitários a monumentos, a guias
turísticos, a eventos municipais a realizar e a sessões de fado
pagas?
Vou ajuda-lo a perceber
melhor: se um qualquer gerente de estabelecimento comercial, de "interesse
municipal" ou não, ali quiser depositar cartões para sugerir
o seu espaço para turista pegar não pode. O argumento apresentado
é que o posto de turismo tem de se manter independente em relação
a todo o comércio existente na Baixa. Antes de avançar, adianto que
até teria alguma lógica se esta prossecução da imparcialidade
conduzisse a um processo que redundasse em algo de bom para todos.
Acontece que, salvo melhor opinião, esta obsessão pela neutralidade
remete para uma gritante indiferença perante um sector que agoniza
todos os dias e, obrigatoriamente, deveria merecer mais consideração
pela entidade Turismo do Centro -”um país dentro do País”,
conforme reza a publicidade à sua instituição.
2
– Como entender que ali se aceite fazer publicidade a fado com
sessões pagas em restaurante e a outros em que não se onera a
entrada não seja possível?
3
– Sabia que a carta denominada de “Mapa da cidade de Coimbra”,
em medidas de 45x33, distribuída aos visitantes que demandam o
Turismo é incompleta e enviesada? Na página principal, com letra
perceptível ao olhar comum, podem ler-se apenas os nomes de alguns
largos e ruas principais como, por exemplo, a Rua Visconde da Luz, a
Praça do Comércio, o Largo da Portagem, o Largo da Sé Velha, a Sé
Nova e, naturalmente, a Universidade e o Jardim Botânico, estes em
grande plano. As ruas estreitas, becos e ruelas da Baixa nem uma é
identificada.
Mas ainda mais: no
verso, num espaço de 15x16 centímetros, com uma letra miudinha e
apenas legível com lupa de aumento, é mostrada a área da chamada
baixinha. Sabia que neste pequeno quadro não constam algumas
ruas e largos desta zona de protecção classificada como Património
Mundial? Quer exemplos? Entre outros, a Rua da Fornalhinha e Largo da
Freiria não constam.
4
– Terá V. Ex.ª noção de que com esta informação deficiente
está a discriminar e a contribuir para o afundamento de uma
importante parte comercial de Coimbra?
Ou, como me foi dito hoje
no Turismo, para quem visita a cidade o importante não é o seu
comércio mas antes os seus monumentos e o fado. Concorda? Se
convictamente respeita esta tese maniqueísta, a preto e branco, se
permite, faça um favor aos seus progenitores: não lhes diga nada.
Na próxima quarta-feira
lá estamos no Café Santa Cruz. Espero que não falte!
1 comentário:
Bem, eu já visitei outras cidades no estrangeiro e outros postos de turismo e juro que nunca vi nesses postos de turismo folhetos de anúncios de todas as casas comerciais, mesmo só as dos centros históricos. O que lá vi foram informações e folhetos daquilo que distingue a cidade. No caso de Coimbra, foi aquilo que levou à sua classificação como património mundial: o fado, os monumentos, museus, etc. Mas a sua ideia não deixa de ser muito original. Mas, já agora, para que servem as associações comerciais e industriais?
Em relação aos mapas, parece-me que tem razão.
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