sexta-feira, 16 de junho de 2017

BAIXA: A PRAÇA 8 DE MAIO TREME...




Todos sabemos, no nosso bairro, na nossa rua, no nosso pátio, as cidades, as vilas, aldeias ou qualquer outro lugar habitado, na sua cultura, na sua forma de ser, como bandeira desfraldada ao vento, numa distinção baseada em escolha natural, consoante se tornem mais notados, serão pessoas mais individualizadas, todavia mais representativas dos que lá vivem. Nunca são notícia nos jornais, revistas ou televisão. A sua empresa resume-se a elas mesmas enquanto pessoas simples e encadeadas num tecido pouco observado à lupa. Não criam emprego, mas, pelo seu exemplo, dão força anímica e alimentam um exército. São heróis anónimos. Por isso mesmo, pelo seu redutivismo, não são homenageados com a Cruz de Santiago, pelo Presidente da República, ou com uma simples medalha da cidade onde labutam e projectam a sua luminosidade. Como embaixadores de boa vontade, ou o contrário, alguns habitantes mais peculiares, como se todos fossem iguais, acabam em representantes da colectividade. São o sustentáculo que, em amostra, identificam o meio. Sem darmos por isso, pela convivência diária, transformam-se em alicerces da nossa própria existência. São o oposto do cagão oportunista. Numa espécie de último reduto contra o individualismo feroz que conduz a humanidade desenvolvida à solidão, são estes pilares da comunidade que na massa heterogénea recebem quase em exclusivo os bons-dias, as boas-tardes e até, por vezes uma graçola de humor quando nos cruzamos com eles.
Enquanto elos de uma sociedade sempre dinâmica mas presa a princípios e valores, somos seres sociais e associais, tanto precisamos de estar sozinhos, por vezes, como acompanhados. Se quanto à primeira, estar só, não é problema, já no segundo, estar com alguém fisicamente, com quem falar e que nos ouça, é cada vez mais problemático. A justificação é sempre a falta de tempo. Acontece que o tempo é sempre igual, a sua gestão é que pode variar consoante as necessidades de cada um.
Esta semana a Praça 8 de Maio, na sua segurança psico-social, ficou mais afectada e vulnerável. Duas vigas de cerne, que nas últimas décadas, pela resistência ao atrito da vida, têm sido o apoio diário de todos nós, recolheram ao “estaleiro” para restauro e revitalização da estrutura óssea.
A primeira, a Lena, do Quiosque Espírito Santo, foi internada nos HUC, Hospitais da Universidade de Coimbra, onde se encontra em observação, por declarado excesso de trabalho que, segundo o marido Jorge, “se manifestava em tremores, tonturas e falta de alento para encarar o dia”.
A segunda, a Adelaide, a “última tremoceira” como a “baptizei”, de 93 anos de idade e que, até agora, se apresentou sempre, quer fizesse sol ou chuva, em frente ao Café Santa Cruz a vender pistáchios, amendoins e pinhoadas, fracturou o fémur em dois lados e também está internada nos HUC onde foi submetida a uma intervenção cirúrgica de urgência. Segundo o genro, Carlos Falcão, “na última terça-feira, por volta das 19h15, quando a minha sogra, apoiada nas duas bengalas, se dirigia a pé para casa, na Rua Corpo de Deus, quando passou junto de uns sacos de lixo depositados na via pública, talvez por areias ou viscosidade no chão, escorregou, desequilibrou-se e partiu a perna, junto à anca, em dois lados. Foi operada na quarta-feira e, felizmente, encontra-se bem em convalescença. Apesar deste percalço, continua com a força-toda. Ainda ontem me dizia para eu manter os produtos bem resguardados que, quando sair do hospital, quer voltar a vender.
A estas duas grandes lutadoras, exemplos de grande coragem na luta diária projectada num “serviço público” onde se pressente uma transcendência que foge à lógica comercial, em nome da Baixa se posso escrever assim, desejamos, todos, que recuperem rapidamente a saúde e voltem depressa por que, pelo lugar que ocupam na colectividade, fazem falta. Sem as suas presenças, a Praça 8 de Maio está mais sombria e silenciosa.

3 comentários:

Anónimo disse...

ESSA IDOSA É MUITO IDOSA PRA AINDA TA NESSA VIDA DE ADULTA PLENA DEVE SER OSTEOPOROSE

Anónimo disse...

Um Texto Muito Bonito de Facto....
.... Mas que carece de Veracidade!!!
Pois essas não Foram as Declarações do Sr. Jorge, o Marido da "Lena" !
Compreendo que para um "texto sensacionalista" fosse necessário Alterar "a declaração do Jorge" .... (Isto se ele a fizesse)

Escrevo como anónimo, pois se realmente quiser saber se tal "estória " é Verídica, aproveite Vá Comprar um Jornal, e pergunte ao Jorge se fez ou deseja alguma Declaração......

(Pedia apenas um Pouco mais de Cuidado, quando se escrevem Notícias, sem ter em sua Posse A Real Informação de Qual a Razão de a "Lena" Estar Hospitalizada, é que isto mexe com a Família, que de Momento está a Passar uma Fase difícil, não Brinque aos "Jornalista" pois está a desinformar e a incomodar)

Em Relação á Dona Adelaide, desejo as Melhoras no seu estado de Saúde.

Rui Mota disse...

Ok. Muito Engraçado, o Comentário ter que ser aprovado pelo Suposto "Jornalista" do Blog.
É realmente uma Boa Forma de "censura" , às Opiniões Divergentes das Noticiadas, verdadeiras ou Não.
Então Desta Vez, Assino o Comentário á "Notícia" .

Rui Mota.
Genro da Madalena e do Jorge.
Esteja à Vontade Para me Pedir Esclarecimentos por E-MAIL.
Atenciosamente.
Alguém que Não Gosta que "Brinque" com a Família!!