Conforme
a tradição, ontem realizou-se mais um Cortejo da Latada.
Alegadamente, por causa desta festa académica, tal como em anos passados, a Baixa da cidade acordou hoje com lixo até ao pescoço,
em tudo o que é esquina e contra-esquina.
Tal como em anos
anteriores, no dia a seguir aos cortejos académicos, os excedentes
não são recolhidos. Embora sem explicação oficial, está de ver
que pelas muitas toneladas de resíduos gerados pela comitiva, com o
mesmo pessoal camarário para uma anormal colheita, como é óbvio,
algumas zonas têm de ficar para trás.
Antes de
prosseguir, convém apurar
o significado de “tradição”. Segundo
“Conceitos e Significados”,
“tradição”
é uma palavra
com origem no termo em latim traditio,
que significa "entregar"
ou "passar
adiante".
A tradição é a transmissão
de costumes,
comportamentos,
memórias,
rumores,
crenças,
lendas,
para pessoas de uma comunidade, sendo que os elementos transmitidos
passam a fazer parte da cultura. Para que algo se estabeleça como
tradição, é necessário bastante tempo, para que o hábito seja
criado.”
Então,
vamos analisar a festa das
latas a dois tempos. Primeiro
É uma tradição? Ou
não é? Isto é, a realização
deste evento decorre desde os confins do tempo? Ou, pelo menos, tem
mais de um século? Por que já sou velho, pelo que sei, nos moldes
em que se faz, é recente. Passou a ser assim, a
cada ano que passa com maior tenolagem de detritos,
a partir de de 1979, com o aumento de alunos no ensino superior,
conforme se afirma aqui.
Segundo, não sendo
considerada tradição, a autarquia tem, ou não, obrigação de exigir à
Associação Académica de Coimbra os custos da remoção?
Tal como o Cortejo
da Queima das Fitas, que já vem do século XIX, se a Latada é
considerada uma tradição, então, neste caso, compreende-se a
envolvência da cidade. Isto é, Coimbra deve chamar a si o evento e,
através da edilidade, deve
assumir os seus custos e
proventos. A ser assim, assumindo os custos, não
faz sentido continuar-se a sacrificar uma parte alargada da cidade
para beneficiar um quinhão. Porque não se contrata mais pessoal
para a limpeza no dia da procissão estudantil?
E
já não falo do ruído que
estas festas, de modo inquisitorial, se impõem na cidade. Basta
seguir de perto os queixumes nas redes sociais. Mas, sendo um outro
assunto, prefiro incidir apenas na (não) recolha que se verifica
sempre nesta altura.
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